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ETFs de renda fixa internacional atraem investidores e patrimônio dispara no ano
Dados da B3 indicam alta aproximada de 500% em dois fundos alocados em títulos públicos de outros países e em empresas com grau de investimento
Cauê Mançanares, CEO da Investo
Cauê Mançanares, CEO da Investo

Negociados em bolsa e movimentando, nos Estados Unidos, uma cifra próxima de US$ 8,49 trilhões, segundo dados da Bolsa de Nova York (Nyse) de 2023, os fundos de índices (ETFs) são produtos que ainda engatinham no mercado brasileiro. A tendência, porém, é de alta no número de ETFs e na diversificação dos tipos de fundos disponíveis ao investidor. Até agosto deste ano, segundo dados mais recentes da B3, o patrimônio dos ETFs chegou a R$ 49 bilhões, superando os R$ 47 bilhões registrados em 2023 como um todo. Até então, o melhor ano havia sido 2021, com um patrimônio de R$ 50 bilhões. O destaque do relatório da B3 são os ETFs atrelados a índices de ações ou renda fixa internacionais, ganhando espaço.

Os fundos de renda fixa internacional ainda são pequenos até mesmo para o universo discreto de ETFs da B3. São dois fundos – BNDX 11 e USDB 11 –, lançados em julho de 2022 pela Investo – cujo patrimônio saltou quase 500% em 12 meses, de R$ 8,8 milhões, em setembro de 2023, para os atuais R$ 52,3 milhões (agosto/24). Mais que os movimentos das economias globais, Cauê Mançanares, CEO da Investo, diz que a alta dos ETFs resulta de um processo que envolve o interesse dos próprios investidores da bolsa brasileira em diversificação. Ao todo, a companhia reúne 18 ETFs listados na B3.  

“O ETF é um veículo de acesso aos mercados internacionais. O brasileiro que, hoje, já tem uma visão muito mais globalizada entende que precisa diversificar: ter um pouco de investimento em renda variável, um pouco de renda fixa dolarizada”, resume Mançanares. “Fora ETFs, as opções normalmente são muito caras.” Os produtos da Investo são uma composição de títulos públicos e de empresas, todos com grau de investimento.


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O USDB11 tem 70% alocado em títulos públicos do tesouro americano e o restante em grandes companhias, a exemplo de debêntures da Coca Cola e Unilever, para citar algumas gigantes que compõem a carteira. Já o BNDX 11 aloca em títulos públicos e empresas de outras economias, sendo que 57% em países da União Europeia.

Como os ETFs são listados em bolsa de valores, e seguem índices de referência, têm liquidez e são mais acessíveis. Por conta do custo mais baixo, eles têm se tornado atraentes às pessoas físicas que buscam diversificar seus investimentos. É mais barato porque, no caso de investimentos internacionais, o investidor não paga IOF, por exemplo, entre outros tributos. Ademais, se é listado e segue índices, não há o custo de uma equipe de estratégia para decidir alocações.

Apesar do interesse pelos ETFs internacionais de renda fixa, os dados da B3 mostram que os alocados em renda variável internacional ainda são a maior fatia. O patrimônio desses fundos dobrou em um ano, ao sair de R$ 6,6 bilhões em setembro de 2023 para R$ 13,4 bilhões em agosto deste ano, de acordo com os dados da B3. Já o patrimônio em ETFs locais comportou-se de forma contrária: no Brasil houve alta de R$ 6,7 bilhões em renda fixa, mas renda variável viu recuo de aproximados 8%, para R$ 27,4 bilhões no mês passado. 

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O mercado desses fundos saiu de 19 ETFs ao todo negociados na B3 para perto de uma centena nos últimos anos. Embora o interesse da pessoa física venha crescendo (basta ter um celular e acessar a bolsa de valores, lembra Mançanares), fatia de 70% dos investidores do mercado brasileiro são institucionais. Uma amostra do interesse crescente da pessoa física pelo produto é o case da própria Investo, que só atende a esse universo, e hoje reúne 60 mil investidores.

“O aumento da demanda vai estar intimamente atrelado ao que o investidor considera, digamos, o investimento do momento”, comenta Filipe Vilegas, estrategista de ações da Genial Investimentos. Ou seja, envolve um processo em que esses investimentos “entrem na moda” junto não só aos investidores, mas às gestoras. Isso envolve a própria educação financeira.

Para Thiago Guedes, diretor de desenvolvimento de negócios da Bridgewise no Brasil, há um outro fator relevante no contexto para contribuir com o crescimento desse tipo de fundo nos próximos anos: o aumento de assessores e consultores de valores mobiliários que trabalham de forma fiduciária. “Eles cobram o serviço deles por um percentual do valor da carteira ou um valor fixo por um serviço de planejamento financeiro, por exemplo”, diz.

“Como o ganho de agentes do mercado não está ligado a comissões, eles não vão se preocupar muito com ETFs”, disse Guedes. Ele rememora que a taxa de administração é muito baixa e a corretagem também, exemplifica, então acaba que por isso o investidor pessoa física vem descobrindo o produto aos poucos.

Linha do tempo

O primeiro ETF chegou à B3 em 2004, pelas mãos da Itaú Asset (PIBB11) e desde então novos produtos, principalmente atrelados à renda variável foram sendo lançados pelas asset. Hoje, há produtos de criptoativos, commodities, de fundos imobiliários e a novidade deste ano, os ETFs que pagam dividendos. Todos são fundos de índices de gestão passiva, de baixo custo e que seguem um índice de referência. No mercado americano, contudo, há produtos de gestão ganhando peso, algo distante ainda do mercado brasileiro.

Neste ano, apenas a título de exemplo, foram lançados produtos pela Nu Asset, gestora de fundos do Nubank, como o Nu Ibov Smart Low Volatility B3 (LVOL11), de empresas mais estáveis, e o Nu Ibov Smart High Beta B3 (HIGH11), que seleciona as empresas mais sensíveis às variações do mercado.  A casa já possuía dois ETFs de dividendos, o Dividendos Total Return e o Dividendos Price Return.   

Outra novidade chegou ao mercado pelas mãos da Buena Vista, gestora de fundos abertos, o ETF QQQI11, que replicará a carteira do Nasdaq-100, que engloba as 100 maiores empresas não-financeiras listadas em uma das principais bolsas do mundo. O fundo é focado  no pagamento de um dividendo. O fundo tem exposição a uma moeda forte, que é o dólar, permitindo ao investidor brasileiro criar um portfólio com uma carteira de renda variável bem diversificada.


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