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Investidores saem das exchanges mirando alta do Bitcoin e retornos maiores em custódia própria
Para especialista do MB, esse é um movimento do perfil institucionalizado que iniciou em 2020 e tem se intensificado agora
André Franco, chefe de Research do MB
André Franco, chefe de Research do MB

As reservas de Bitcoin, quantidade total da moeda armazenada, nas corretoras de criptomoedas atingiram o menor nível em anos. Dados da CryptoQuant apontam que o volume chegou a uma média de 2,58 milhões de unidades em setembro deste ano. O menor nível, nos últimos quase dois anos, havia sido de 3 milhões, em novembro de 2022. O movimento demonstra que o mercado está prevendo uma alta da cripto, além de haver uma preferência pela auto custódia dos ativos, que sinaliza uma mudança significativa no comportamento dos investidores. 

O movimento indica que tem menos vendedores no curto prazo, porque, para vender, é preciso mandar o ativo para a corretora e colocar uma oferta. “Quanto menos ativo tem em corretoras, indica que o supply está caindo. Há um tempo tem ocorrido o movimento. Agora estamos próximos do ‘all time low’ mesmo de estoque em corretoras”, comenta Axel Blikstad, CEO da B2V Crypto. “E o segundo efeito também é que as pessoas hoje em dia estão tomando muito mais cuidado com suas custódias. Depois do evento da FTX, estão mais cautelosas em como custodiar os seus criptoativos, aprendendo a fazer auto custódia e tirar das exchanges.”

Para o CEO, esse também é um movimento saudável, visto que o sistema é feito para o investidor ser seu próprio custodiante. Manter a própria custódia permite flexibilidade e fuga de taxas de negociação, mantendo seus criptoativos em carteiras digitais, por exemplo. 


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Mas a queda das reservas não parece ser verdade para todas. A Binance, uma gigante do mercado cripto, afirmou que o volume mantido por ela aumentou em 2024, especialmente após a aprovação de ETFs à vista de Bitcoin e Ether nos Estados Unidos e em outros países, embora tenha observado essa diminuição no mercado. “O movimento recente de Bitcoin para fora de algumas exchanges centralizadas sugere que os participantes do mercado estão adotando uma estratégia de ‘HODL’ (investimento) a longo prazo, transferindo seus ativos para armazenamento a frio (em carteiras não conectadas à internet, o que significa que suas chaves privadas são armazenadas em um dispositivo offline).”, comentou a equipe de Research da Binance, em resposta à Capital Aberto. 

Para a Binance, essa tendência pode ser impulsionada pela postura mais moderada do Federal Reserve (Fed), com o primeiro corte de taxa de juro, que ocorreu nesta quarta-feira (18). O cenário é visto como favorável para ativos de risco à medida que avançamos para o quarto trimestre e para 2025.

Ainda que tenha se intensificado agora, esse deslocamento não é recente. Segundo André Franco, chefe de Research do MB (Mercado Bitcoin), o movimento tem acontecido desde a pandemia. “De 2020 para cá, começamos a ver uma saída mais contínua de bitcoins das principais exchanges do mundo e isso, vez ou outra, se intensifica. “Geralmente, a leitura que fazemos é que esse fluxo de saída é fruto do investidor que acredita numa alta e do investidor mais institucionalizado, que não quer deixar dentro da corretora, que não faz a custódia de fato, mas tem um braço de custódia, o cara vai transferir da corretora para a custodiante.”

Bitcoin, Investidores saem das exchanges mirando alta do Bitcoin e retornos maiores em custódia própria, Capital Aberto

Desde 2020, houve uma fase de institucionalização do Bitcoin e agora, com os ETFs uma outra fase dessa institucionalização. Ou seja, cada vez mais o investidor que está alocando não valores maiores e, consequentemente, tem se preocupado com essa questão da custódia. Franco, do MB, comenta que esse movimento de retirada é mais característico do investidor mais profissional e, se ele não deixar dentro da exchange, obviamente, a intenção é que ele segure esse ativo por um prazo mais alto. “É sempre um sinal de confiança numa alta que pode se estabelecer à frente.”

Embora o colapso da exchange FTX em 2022, que já foi uma das maiores e mais respeitadas corretoras de criptomoedas do mundo, tenha intensificado esse deslocamento dos investidores, a julgar pelo começo do movimento, que em 2020, o que aconteceu foi uma continuação dessa tendência, que foi natural. “Talvez o caso FTX tenha trazido um pouco mais de receio para o investidor. De qualquer jeito, quem já ia investir dez milhões e fazer a custódia por conta própria, na verdade, a FTX meio que reforçou isso. Mas a grande verdade é que, mesmo com esse caso, não vemos investidores de varejo sacando dinheiro dos exchanges. É muito mais uma postura de um cara institucionalizado que já faz isso no mercado tradicional”, diz Franco, do MB.

Segundo o especialista, esses investidores estão indo para as carteiras digitais, mas nessa saída de investidores, os principais são os maiores, que investem milhões de dólares e, provavelmente, utilizam um custodiante terceirizado, alguém especializado em fazer custódia com toda a segurança necessária.

Armazenamento e busca por maiores rendimentos

Para a Binance, outra razão para o movimento para além das exchanges pode ser a busca por rendimentos mais altos. “Empresas CeDeFi (de finanças descentralizadas centralizadas, que combinam serviços financeiros tradicionais centralizados com aplicativos descentralizados) estão atualmente oferecendo taxas de empréstimo atraentes sobre depósitos de Bitcoin, variando de 3% a 7% de APR, tornando essas plataformas uma alternativa atraente para investidores em busca de melhores retornos”, comenta a equipe de Research. 

Franco, do MB, acredita que esse movimento de fuga das exchanges e preferência pela auto custódia deve continuar, porque cada vez mais há profissionalização nesse mercado, uma institucionalização. “A gente está muito de olho nesses investidores grandes e esses caras vão fazer esse movimento. Quanto à nossa operação em si, na verdade, não muda muita coisa, porque do nosso ponto de vista, sendo um facilitador de compra e venda de criptoativos, se o investidor quiser comprar e deixar a custódia, ok, isso não muda muito para nós. Se ele quiser sacar também não, porque a gente faz segregação patrimonial, então não ajuda em nada essa custódia aqui.”

Segundo a Classificação de Consenso da Binance, que mede as perspectivas de preço alvo do Bitcoin, a maior parte dos investidores, 36,17%, está muito otimista em relação à cotação da cripto, prevendo que o ativo chegue a US$ 85 mil até 2030, enquanto outros 30,54% estão apenas “otimistas”.

Blikstad, da B2V, acredita que podemos ver o BTC acima de US$ 100 mil até o final de 2024, com um rally possivelmente forte no 4º trimestre. “O resultado das eleições americanas pode ser relevantes para o mercado, acho que Trump seria melhor para o mercado de criptoativos.”

Para Franco, do MB, além do incentivo do corte das taxas de juros nos EUA, que tende a beneficiar ativos de risco, as eleições devem movimentar esse mercado. “A nossa visão está bem construtiva até o final do ano, mas acreditamos que, mesmo com o corte de juros agora, o que, de fato, vai conseguir liberar o mercado para voltar a subir de maneira mais forte seria as eleições americanas”, diz. “E, obviamente, com continuação de aumento de liquidez global, corte de juros pelo FED, corte de juros dos bancos centrais ao redor do mundo, esperamos ver 2025 ainda mais forte do que 2024. Trabalhamos com o Bitcoin no final do ciclo, acima de US$ 150 mil.”


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