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Gestoras ultrapassam fronteiras de olho na segurança e rentabilidade em dólar
Embora o aumento à exposição no exterior ainda seja gradativo por parte dos brasileiros, o mercado se abriu completamente nos últimos anos, permitindo também a participação da pessoa física
Antonio Costa, managing partner da B.Side Investimentos e CEO da vertical de Wealth Management
Antonio Costa, CEO da vertical de Wealth Management da B.Side Investimentos

A mudança da regulação e um mercado local pequeno, para não dizer limitado, está fazendo com o que os gestores expandam os portfólios além das fronteiras, com o objetivo de buscar mais segurança e uma rentabilidade em dólar, a moeda mais segura do mundo.

Além disso, o fato de o mercado americano, por exemplo, ser muito mais desenvolvido que o brasileiro, ter muito mais liquidez, mais quantidade de ativos e não ser tão especulativo, o torna ainda mais atrativo para as gestoras.

Isso porque, de uns anos para cá, embora o aumento à exposição no exterior ainda seja gradativo, o mercado se abriu completamente, permitindo não somente a participação de investidor profissional em fundos, mas também de pessoa física, que passou a olhar para essa nova vertente.

Com isso, as gestoras brasileiras, que tinham um viés mais local, passaram a ter mais exposição no exterior, mais precisamente nos Estados Unidos, olhando para o mercado americano como um todo, desde renda fixa, fundos multimercados e ações.


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“Isso está cada vez mais fácil. Se a gente parar para ver também as negociações hoje, elas estão muito mais avançadas, interligadas. Então, você consegue negociar basicamente qualquer ativo em qualquer lugar do mundo de maneira muito fácil”, conta o gestor e analista da Buena Vista Capital, Renato Nobile.

Além do avanço da regulação e da diversificação do portfólio, a questão do câmbio é um fator importante a ser considerado, já que o dólar é a principal moeda do mundo, avalia o gestor. Nobile ressalta que, nos últimos anos, inclusive, a moeda americana tem tido uma volatilidade maior quando comparada aos pares desenvolvidos.

“O Brasil, então, nem se fala (volatilidade), principalmente com essa piora fiscal que a gente está vendo desde o último ano. Na questão cambial, há uma sensibilidade muito grande em concentrar seus investimentos aqui do que ter boa parte numa ponta dolarizada”, comenta o gestor da Buena Vista.

Diferentemente do Brasil, onde o investimento é puramente especulativo, principalmente olhando sob a ótica do investidor estrangeiro, os EUA, para Nobile, tem um mercado financeiro mais estrutural, que pode até ter pequenas turbulências, como foi na pandemia e no aperto monetário, mas se o capital é de longo prazo, a tendência é de ganho. “Nos EUA não têm essa sensibilidade macroeconômica, é um país com a democracia muito desenvolvida, com muita segurança e estabilidade”.

Outra questão importante a se olhar na hora de investir, de acordo com um gestor que falou com a Capital Aberto sob a condição de anonimato, é a estrutura tributária que é absolutamente complicada por aqui. “Você continua com uma quantidade minúscula de investidores em ações, e a maioria fica comprando título isento de imposto de renda. Assim, o mercado brasileiro não comporta a quantidade de investidores potenciais que tem por que a regulamentação é extremamente retrógrada, atrasada, protecionista”.

Em relação ao dólar, o gestor que pediu anonimato explica que não tem livre conversão da moeda para mandar o recurso para fora, por exemplo, já que é necessário fazer um registro prévio no Banco Central (BC). Para ele, isso é extremamente prejudicial para a economia. “A economia deveria ser muito mais aberta para você poder diversificar seus investimentos, não só em classes de ativos, mas em países também”, analisa.

Do ponto de vista do investidor

Se para o gestor alocar lá fora é uma questão a mais de segurança, para o investidor não é diferente. Além da proteção do portfólio, o investidor, seja ele institucional ou pessoa física, acaba não ficando à mercê de questões de polarização ou situação fiscal, explica o gestor da Buena Vista.

No entanto, Nobile alerta que o brasileiro ainda tem um viés local muito grande, achando que o Brasil é o centro do mundo em termos de investimentos. “Tanto é que você fala com o investidor pessoa física, ele vê ainda o exterior de forma intangível e muitas vezes até mais arriscado, o que acaba sendo uma barbaridade. Se a gente parar para ver, a renda fixa americana ou as empresas são muito mais conservadoras do que ter exposição aqui”.

Além do investimento por si só, o CEO da vertical de Wealth Management da B.Side Investimentos, Antonio Costa, acredita que esse movimento por parte dos investidores tem a ver também com a diversificação geográfica, já que muitas vezes são clientes com patrimônios extremamente relevantes, que querem de fato ter uma distribuição mais equânime do seu patrimônio.

“Há um movimento para aproveitar as taxas de juros que estão em patamares elevados e devem começar a cair muito em breve. Também há uma questão do patamar do câmbio. Agora, o câmbio está mais controlado, com o dólar beirando R$ 5,50 depois de ultrapassar o nível de R$ 5,70 há alguns dias. Num cenário como esse, vimos um movimento maior de remessas pelos nossos clientes”, diz Costa.

Na avaliação do gestor que falou sob a condição de anonimato, como o Brasil é um país dificílimo de investir, o investidor cada vez mais busca alternativas para o seu dinheiro. “Se o investidor brasileiro continuar entendendo o enorme risco que existe no Brasil hoje, ele vai continuar colocando cada vez mais dinheiro fora do país. Se o Brasil não virar um país que atraia o capital, todo o dinheiro que o brasileiro produzir ele vai colocar lá fora”.

O gestor afirma também que o mercado lá fora é muito mais empolgante e mais importante que a indústria local. “No Brasil, o melhor tipo de investimento que existe é investir em juros. Porém, quanto mais livre o mercado, menor a taxa de juros e, por consequência, mais riqueza”.

Sobre o potencial de fundos offshore para o investidor brasileiro, o head de business transformation e Ops e fundos da Vórtx, Marcelo Cherri, diz que é significativo, com estimativas indicando que a indústria global de Exchange Traded Fund (ETF) e fundos crescendo em ritmo acelerado.

“Com o aumento do interesse por diversificação internacional e proteção cambial, é provável que o volume de recursos alocados em fundos offshsore cresçam substancialmente nos próximos anos”, ressalta Cherri, acrescentando que como a economia brasileira vem enfrentando incertezas, muitos investidores veem neste tipo de investimento uma maneira de proteger seu capital e buscar melhores retornos.

Em busca de um lugar ao sol

Pensando exatamente no mercado offshore, que tende a ter uma demanda exponencial daqui para frente, a B.Side, uma boutique de investimento plugada ao BTG Pactual e com R$ 10 bilhões sob gestão, adquiriu recentemente a Galloway Capital, focada em investimentos offshore.

Na visão de Costa, essa iniciativa tem o objetivo de acompanhar a crescente demanda dos investidores por estruturas offshore, não apenas mais simples, mas também as sofisticadas. “Dado esse aumento da demanda e o tamanho que a empresa se encontra, entendemos que ter uma estrutura própria nos ajudará a gerir melhor os recursos offshore dos clientes nas diversas localidades que ele preferir”.

O CEO da vertical de Wealth Management da B.Side ressalta que a aquisição vai possibilitar fazer do Brasil uma gestão profissional de diversos veículos que investem no exterior, que podem ser em dólares ou “swapados” para o real, a depender da estratégia do cliente.

“A Galloway traz para nós um ponto muito importante que é um elemento de diversificação não só nos Estados Unidos, já que eles também olham para bonds em mercados emergentes, especialmente para a América Latina, Europa. Então, eles olham de perto para os UCITs listados em Luxemburgo. Isso traz uma senioridade importante”.


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