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Fiagros se recuperam diante da melhora dos preços agrícolas e desvalorização do real
Levantamento da Grana Capital, a pedido da Capital Aberto, mostra que, dos 21 fundos mais negociados na B3, mais da metade apresentam resultados positivos nos últimos 12 meses até o dia 16 de agosto
 Alexandre Marco, gerente sênior de agro da Kinea
Alexandre Marco, gerente sênior de agro da Kinea

Ao que parece, a turbulência recente vivada no mercado agro passou. Antes, muito impactado pela quebra de safra, aumento da demanda internacional, alta de preços de insumos e das commodities, os Fiagros, como são chamados os fundos de investimentos nas cadeias produtivas agroindustriais, começam a apresentar certa recuperação ou estabilidade.

Levantamento elaborado pela empresa de tecnologia para investimentos Grana Capital, a pedido da Capital Aberto, mostra que, dos 21 fundos mais negociados na B3, mais da metade apresentam resultados positivos no período de 12 meses até o dia 16 de agosto. O estudo considerou os Fiagros com liquidez e histórico superior ao período de um ano para determinar o dividend yield, ou seja, o lucro proporcional ao valor da cota.

c“Além do investidor pessoa física conhecer os riscos e os fundamentos de cada ativo que está investindo, cruzar a variação das cotas com rendimento dos proventos pela métrica de dividend yield também é uma das maneiras para avaliar se a aplicação financeira está entregando resultados positivos ou não”, explica o CEO da Grana Capital, André Kelmanson.


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No período, o Fiagro mais rentável foi o Inter Amerra (IAAG11), da parceria entre o Inter e a gestora americana Amerra, que entregou 16,11% de retorno, enquanto a segunda colocação é do fundo Sparta (CRAA11), que teve ganho de 15,95% e, na terceira posição, o Suno Agro (SNAG11), com 12,45%.

Na visão do gerente sênior de agro da Kinea, Alexandre Marco, que possui três Fiagros, sendo um com hedge cambial, o mercado realmente tem visto essa melhora já que a quebra de safra da soja não foi tão expressiva como se indicava no começo do ano.

“O Fiagro vem crescendo desde 2021, em 2024 deve ser um pouco abaixo, mas um mercado que está crescendo. Naturalmente tem a curva de aprendizagem. Mas pelo tamanho do agro na economia, deve continuar crescendo nos próximos anos. Além disso, o crescimento populacional está contratado e vai demandar alimentos, no qual o Brasil tem papel fundamental”, comenta Marco.  

Atualmente, a Kinea possui três Fiagros no mercado – KNCA11 e KOPA11. Juntos, os fundos possuem patrimônio líquido de R$ 2,6 bilhões e, no começo de agosto, a gestora colocou na rua o Agro Income USD Fiagro (KDOL), que foi postergado devido ao momento ruim do mercado. A principal característica do fundo, que está sendo negociado com o ticker KDOL11, é ser o primeiro Fiagro do mercado brasileiro com hedge cambial.

“O KDOL vai comprar CPRs em dólar, um fundo com prazo determinado de sete anos, high grade, com perfil de risco muito baixo, justamente porque queremos proporcionar um fundo com prêmio do agro”, afirma o gerente sênior de agro da Kinea.

Um dos riscos que vinha pressionando os Fiagros era o baixo preço dos produtos agrícolas, que poderiam gerar inadimplência nas operações de crédito, assim como a taxa de juros e a apreciação do real, que, neste momento, estão com sinais mais claros, segundo o head de Research da Guide Investimentos, Fernando Siqueira. Para ele, os Fiagros passaram a subir em junho, justamente quando o Comitê de Política Monetária (Copom) confirmou que tinha finalizado o ciclo de corte de juros.

“O real vem depreciando desde o início do ano, mas teve a maior depreciação em junho. O nível mais baixo é positivo para os produtores agrícolas visto que a maioria são exportadores”, ressalta Siqueira, em relatório recente.

Apesar de os preços da soja e do açúcar ainda estarem baixos em dólar, ao redor de US$ 100, o valor em reais aumentou em 2024, o que ajuda na recuperação, já que a soja e o açúcar estão entre as principais culturas que servem de lastro para os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) nos quais os Fiagros investem.

Entre os fundos, de acordo com o head de Research da Guide, uma boa opção de investimento é o Ecoagro (EGAF11). Siqueira ressalta que, além de ter uma diversificação regional e por culturas, a taxa atual da carteira do fundo é elevada, de 15% ao ano, e está sendo negociado abaixo do valor patrimonial (pouco mais de R$ 300 milhões).

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Mas o que as gestoras têm feito

A Capitânia Investimentos, que possui dois Fiagros, como o CPTR11 e o CPAC11, é uma gestora que acompanha 100% a carteira efetiva dos fundos que são negociados na bolsa. Na avaliação do sócio fundador da empresa, Arturo Profili, o objetivo desse acompanhamento é identificar novas oportunidades.

“As captações diminuíram muito, pelo menos as de mercado. As correções de preço das cotas de fundos tinham sido muito fortes, o que proporciona ao gestor avaliar melhor alguns ativos”, analisa Profili.

O sócio explica também que a Capitânia tem garimpado novas captações para preencher o caixa dos fundos, que atualmente estão em R$ 30 milhões mês. “O valor total da nossa carteira é de aproximadamente R$ 900 milhões, ficamos o dia inteiro garimpando para preencher a formação do caixa. Num mundo ideal, teríamos R$ 2 bilhões e não R$ 900 milhões. Ou seja, tem espaço para expandir e alocar recursos”.

Diferentemente da maioria das gestoras, a Capitânia olha mais do lado das corporações do que dos produtores, uma vez que o produtor representa 9% do Produto Interno Bruto (PIB) e o restante da cadeia agro, 15%. “O sistema de Fiagros não é amplo, especialmente quando comparado ao fundo imobiliário. Ele é cíclico, sempre tem alguma surpresa estrutural”.

Diante disso, Profili acredita que o Fiagro ainda tem muito o que evoluir, já que ainda falta a maturidade do produto e de ser bem-quisto pelos cotistas, enquanto no mercado imobiliário, a título de comparação, há um histórico longo.


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