Elas tiveram o desgosto de ver suas ações listadas em bolsa perderem o brilho aos poucos, discretamente, conforme os anos se passaram. Ambas já fizeram algum sucesso entre investidores individuais que apreciavam se deparar com suas marcas no dia-a-dia, acompanhar o andamento dos negócios e conferir suas cotações em pregão. Chamavam a atenção, principalmente, de investidores de origem alemã, que identificavam nelas afinidades culturais e relegavam a segundo plano uma análise mais criteriosa de seus balanços.

Cremer e Hering aprenderam a se reinventar. Donas de marcas alavancadas por produtos fortes — a fralda e a camiseta — elas tinham tudo que um negócio precisa para ser bem-sucedido, menos aquele toquinho de uma gestão antenada e capaz de responder com agilidade às armadilhas da concorrência. Mas as duas acordaram a tempo, pediram a ajuda de gente especializada, encararam o problema sem medo e meteram a mão na massa para consertar o que fosse preciso.

Com custos elevados, a Cremer encontrou um jeito moderno e inteligente de substituir seus milhares de representantes comerciais e ganhar eficiência. Traída por uma estratégia de preços equivocada, a Hering reposicionou os produtos na prateleira e deu nova cara à rede de lojas. Enquanto encorpava, a Cremer, àquela altura pilotada por um fundo de investimento, chegou a recomprar as ações em bolsa e sair de cena. A Hering manteve os papéis em pregão, ainda que pouco movimentados. Ambas voltaram em grande estilo, mostrando disposição para se reencontrar com a bolsa de valores da mesma forma que haviam reencontrado suas próprias vocações. E lá estão, novinhas em folha.