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Sobrevivente do amianto
Com o capital pulverizado e bom desempenho em bolsa, Eternit vence as seqüelas deixadas pelo material cancerígeno e busca novos caminhos

, Sobrevivente do amianto, Capital AbertoImagine uma empresa que tem de enfrentar dois problemas sérios ao mesmo tempo. O primeiro é que seu principal produto provoca câncer nos funcionários e exige uma grande segurança na manipulação, além de gerar passivos legais e trabalhistas. O segundo é que, devido a essa questão um tanto grave, o principal acionista simplesmente resolve vender suas ações e abandonar o negócio. Parece a receita certa para uma falência. Mesmo assim, quatro anos depois, a Eternit, empresa que ficou em primeiro lugar no grupo das Melhores Companhias para os Acionistas, na faixa de valor de mercado até R$ 5 bilhões, continua saudável em termos financeiros e societários. Em 2006, obteve um faturamento de R$ 355 milhões e um lucro líquido de R$ 38 milhões.

Uma das maiores produtoras brasileiras de telhas, a Eternit teve de lidar com o fato — confirmado pela Organização Mundial de Saúde — de que o amianto em pó é um agente cancerígeno quando inalado, algo especialmente danoso para os operários se eles trabalharem sem proteção. E, para piorar, seu principal acionista resolveu vender a participação no negócio. O grupo francês Saint Gobain abandonou todas as atividades ligadas ao amianto em 2003, seguindo a linha dos países da União Européia que proíbem o uso do produto.

“Nossa saída foi adotar uma política de transparência”, diz Elio Martins, presidente e diretor de Relações com Investidores da Eternit. “Para nós, foi estratégico buscar novos acionistas e manter um bom relacionamento com eles”, conta. Após a saída da Saint Gobain, a solução encontrada foi pulverizar o capital da empresa, que já tinha ações negociadas em bolsa. “Antes da saída deles, tínhamos 600 acionistas”, diz Martins. “Hoje temos 6 mil.”

A companhia não tem um controlador definido. Os maiores acionistas individuais são pessoas físicas como o empresário Lírio Parisotto, presidente e principal sócio da Videolar, que possui 7% das ações. O fundo de pensão dos funcionários do BNDES possui outros 6%. O fato de ter um capital tão pulverizado obrigou a Eternit a manter bons canais de comunicação e a aprimorar sua governança corporativa. Nesse quesito, a empresa obteve nota 7,8 na pontuação geral.

“A necessidade de investimento é baixa, o que permite sermos agressivos no pagamento de dividendos.”

Outro ponto de destaque foi o quesito Total Shareholder Return, que mede o retorno total para o acionista, incluindo proventos pagos e a valorização dos papéis. A Eternit obteve um TSR de 120,7%, que lhe conferiu nota 8,81 na classificação da categoria, fruto tanto da alta registrada pelas ações em 2006 quanto do bom pagamento de proventos. “Nossa política é pagar dividendos elevados”, diz Martins. Ele explica que a companhia retém apenas a fatia do lucro necessária para custear os investimentos e honrar as reservas legais. O restante é dividido entre os acionistas. “A necessidade de investimento é relativamente baixa, o que permite sermos agressivos no pagamento de dividendos”, diz Martins.

O movimento mais recente da Eternit foi destinar R$ 15 milhões, a serem investidos até 2008, para elevar a capacidade de produção em cerca de 15%. A justificativa são as boas perspectivas para o segmento de construção civil, especialmente no caso das construções de baixa renda. Esse nicho de mercado usa telhas de fibrocimento, mais baratas do que as coberturas tradicionais, e vem sendo beneficiado com a expansão de renda nas classes C e D. “Acreditamos que o mercado deverá crescer de 8% a 10% ao ano daqui em diante e pretendemos nos preparar para essa elevação de demanda”, diz Martins. “Já estamos operando a 90% da nossa capacidade instalada.”

Os problemas ligados ao amianto também fizeram a Eternit mudar seu foco. “Em vez de uma empresa que fabrica apenas telhas de fibrocimento, passamos a pensar como uma companhia que fornece soluções para o setor de construção civil”, diz Martins. Ele afirma que o objetivo da companhia é criar outras linhas de produtos, como revestimentos, metais e tintas, aproveitando pontos fortes da empresa — como a marca estabelecida no setor de construção civil e a eficaz estrutura logística, que permite atender a quase todo o território nacional. Martins não comenta o fato, mas os produtos de amianto já foram proibidos em mais de 40 países, principalmente na Europa. Nesse aspecto, uma diversificação é saudável, pois os prognósticos são de um endurecimento gradativo na legislação que trata do uso do amianto, com um recrudescimento nas contestações judiciais.


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