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Sempre em frente
Governança corporativa é o tipo do assunto que não acaba nunca. Mesmo para as companhias que já azeitaram de modo significativo as suas estrutura de gestão e de propriedade, sempre há um desafio novo ou alguma prática que ainda pode ser aprimorada. Cientes disso, conversamos com as três primeiras colocadas na classificação por governança corporativa do ranking CAPITAL ABERTO para saber qual o seu projeto atual para se tornarem ainda melhores. Confira a seguir:

3º Lugar: Embraer

Com capital pulverizado, Embraer ganha acesso ao mercado global

Quem analisa a estrutura de capital da Embraer se depara com uma situação bastante nova no mercado de capitais brasileiro: mais da metade das ações da empresa — 55,2% — está pulverizada na bolsa de valores norte-americana, a Nyse Euronext. Na Bovespa, estão 16,9% do capital. O governo brasileiro, que tomou a iniciativa de criar a empresa, em 1969, detém hoje a ação especial (“golden share”), que lhe dá poder de veto em algumas matérias, como mudança do nome da companhia, alteração ou criação de programas militares ou ainda transferência do controle acionário.

Na Energias do Brasil, portal de governança permite aos conselheiros de administração acompanhar as decisões mais importantes da diretoria

“Com a pulverização do controle, a companhia passou a ter livre acesso ao mercado de capitais mundial, garantindo o seu desenvolvimento sustentado”, afirma Antônio Luiz Pizarro Manso, vice-presidente executivo corporativo e de Relações com Investidores da Embraer, que arrematou a terceira colocação na classificação por governança do ranking Melhores Companhias para os Acionistas. Segundo ele, o novo modelo de governança corporativa, que começou a valer em março de 2006, foi um marco tão importante para a história da empresa quanto a sua privatização, que ocorreu em 1994. Ao mesmo tempo, ressalta o executivo, a Embraer passou a integrar o Novo Mercado da Bovespa, adaptando-se ao nível mais alto de práticas de governança corporativa.

, Sempre em frente, Capital AbertoO conselho de administração da companhia é formado por 11 membros, sendo sete deles independentes. São os conselheiros que elegem os 13 diretores, cada um com mandato de três anos. Há também o conselho fiscal, que atua de maneira independente da administração e da auditoria externa da empresa. Sua função é rever as atividades gerenciais e as demonstrações financeiras, informando os acionistas.

2º Lugar: CCR
De olho no varejo, CCR se prepara para dividir lucro com a clientela

Tem muita gente que, quando pega uma estrada, a lazer ou a trabalho, e desembolsa alguns reais ao passar pelo pedágio, fica pensando para onde vai aquele dinheiro. Alguns percebem as melhorias nas rodovias, outros têm dúvidas a respeito da eficácia da cobrança, e há até quem acredite mesmo que ela seja indevida. O fato é que, em 2006, 96% da receita operacional bruta de R$ 2,3 bilhões da Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) veio da cobrança de pedágio, correspondente ao tráfego de 520 milhões de veículos no ano. A empresa, que opera 1.452 quilômetros de rodovias nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, está disposta a provar não só que este dinheiro tem sido muito bem empregado, como também que os próprios usuários podem lucrar, literalmente, com o bom desempenho financeiro da companhia.

Entre os projetos na pauta para aprimorar a governança da companhia, está o aumento da pulverização do seu capital, com a conquista de um maior contingente de investidores pessoa física. Hoje, dos 6 mil investidores, cerca de 5,5 mil são pessoas físicas, que detêm, no entanto, apenas 10% do “free float”.

Para incrementar esse percentual, informa o diretor financeiro e de Relações com Investidores da CCR, Ricardo Froes, a companhia inicia um programa de divulgação intensiva nas estradas a respeito da impor tância do mercado de capitais. “Além de distribuirmos folhetos explicativos nos pedágios, vamos organizar visitas às rodovias, mostrando todo o nosso aparato de segurança, primeiros socorros e as obras de melhorias nos trechos de concessão”, diz o executivo, ressaltando que não se trata simplesmente de incentivar as pessoas a comprar ações da CCR. “Nosso principal objetivo é mostrar que o mercado de capitais é uma ferramenta poderosa para gerar recursos e benefícios a toda a sociedade”, afirma Froes.

A CCR, que obteve a segunda maior nota em governança corporativa do ranking Melhores Companhias para os Acionistas 2007 — depois de figurar entre as nove empresas eleitas pelo mesmo ranking em 2006 — já começou a desenvolver ações este ano, em parceria com a Bovespa, para aproximar o público do seu dia-a-dia operacional. Nas cidades ao longo das rodovias, como Campinas (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Curitiba (PR), realiza, em conjunto com universidades, palestras sobre o mercado de capitais. Também já promoveu quatro eventos envolvendo clientes de corretoras este ano.

“Nós administramos ativos que não são nossos e, por isso, é fundamental que o negócio seja o mais transparente possível”, diz. “Queremos desmistificar a idéia de que concessão é apenas pagamento de pedágio”.

Natura prepara-se para neutralizar as emissões de carbono oriundas de todas as suas operações, desde a produção até o combustível gasto pelas consultoras

2º LUGAR: Energias do Brasil
Energias do Brasil investe na comunicação com o conselho e em comitês

O conselho de administração está no foco da companhia que levou o segundo lugar, junto com a CCR, na classificação por governança corporativa do ranking Melhores Companhias para os Acionistas. Em seus projetos para incrementar ainda mais as boas práticas, a Energias do Brasil inclui uma comunicação mais ativa e freqüente com os seus membros.

“Com o portal de governança, de uso exclusivo dos conselheiros, os membros poderão acessar decisões importantes tomadas pela diretoria e saber de diversos processos em andamento que ainda não se tornaram públicos, uma vez que, para isso, é preciso seguir as determinações estabelecidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM)”, diz Antonio José Sellare, diretor vice-presidente de finanças e de Relações com Investidores da Energias do Brasil e também membro do conselho. Segundo Sellare, o portal estará em funcionamento até o início de 2008.

O conselho de administração da companhia é formado por nove pessoas, eleitas para o mandato de um ano, com possibilidade de reeleição. Dois dos conselheiros são independentes. Em 2007, a empresa criou o Comitê de Sustentabilidade e Governança Corporativa, cuja missão é “zelar pela perenidade da organização, com uma visão de longo prazo e sustentabilidade”. Entre as suas tarefas está propor um regime de avaliação do conselho de administração e dos seus membros, além de acompanhar todos os negócios entre as partes relacionadas. Assim como os demais comitês — de supervisão, de remuneração e de auditoria —, três membros compõem o Comitê de Sustentabilidade e Governança Corporativa, que é presidido por um conselheiro independente.

A Energias do Brasil já superou o percentual mínimo de 25% do capital social em circulação, exigido para as empresas listadas no Novo Mercado. Atualmente exibe 37,6% das ações em “free float”. Apesar de não estar listada em Nova York, a Energias do Brasil procura se adequar às determinações da Lei Sarbanes-Oxley, que regula o mercado de valores mobiliários norte-americano, segundo Sellare. Sua controladora, a Energias de Portugal (EDP), tem ações negociadas em Nova York. Entre as determinações atendidas, está a criação, este ano, do Canal de Comunicação e Denúncia, que estará vinculado ao comitê de auditoria.

1º LUGAR: Natura
Natura foca em sustentabilidade e neutraliza carbono

Os executivos-chave da Natura já disseram algumas vezes que a política de governança corporativa na companhia começou a ser construída muito antes da sua estréia no mercado de capitais, em 2004. Em 1999, por exemplo, a companhia criou o seu comitê de auditoria e administração de riscos. Em 2003, às vésperas da oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), a Natura ganhou o prêmio de melhor relatório anual para companhias fechadas, conferido pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca). Hoje, os papéis da fabricante de cosméticos participam de alguns dos principais índices de ações do mercado brasileiro: Ibovespa, IBrX 50 e IBrX 100 (que selecionam as ações mais negociadas em número de operações e em volume financeiro); ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), ITAG (Índice de Ações com Tag Along Diferenciado) e IGC (Índice de Ações com Governança Corporativa), além do MSCI (Morgan Stanley Capital International), que acompanha o desempenho das bolsas de valores ao redor do mundo.

Criada em 1969, a empresa procurou vincular, desde o início, sua imagem ao conceito de desenvolvimento sustentável. E o fez bem antes de o assunto virar moda no Brasil. Foi uma das primeiras a lançar cosméticos em refil, diminuindo o impacto ambiental das suas operações, assim como o descarte das embalagens. Promoveu a integração dos seus negócios com comunidades extrativistas da Amazônia, o que levantou até suspeitas de biopirataria, que acabaram se dissipando. Agora, em 2008, prepara-se para se tornar “carbono free”, ou seja, neutralizar as emissões de carbono oriundas de todas as suas operações, desde as linhas de produção até o combustível gasto por suas 560 mil revendedoras no País.

No ranking CAPITAL ABERTO de governança corporativa, a companhia não tirou nota 10, mas chegou perto. Perdeu pontos por não ter uma política detalhada que regule os contratos com partes relacionadas e por não deixar explícito, em seu estatuto social, que a documentação de identificação do acionista na assembléia pode ser apresentada na entrada do evento. De resto, foi bem o suficiente para garantir o primeiríssimo lugar, com nota 9,11.


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