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Sem amarras
Em sua principal mudança societária desde a privatização, a Embraer ganha liberdade para se capitalizar a qualquer momento, aqui e lá fora

, Sem amarras, Capital AbertoEla nasceu por meio de um decreto lei no finzinho da década de 60, no duro governo militar do presidente Costa e Silva — o mesmo que criou o AI 5. Emergiu como um sonho que se materializaria com a produção em série da aeronave Bandeirante. Alçou vôo alto, mas na década de 90 quase se espatifou no chão. Foi privatizada em 1994, quando o Bozano, Simonsen e os fundos de pensão Previ e Sistel deram um lance de R$ 154 milhões num leilão que tinha sido adiado seis vezes. Hoje, a Embraer é empresa robusta e de muitos, muitos donos. Desde 2006, 99,7% das suas exatas 740.465.044 ações estão nas bolsas paulistana e nova-iorquina, fato que tornou a fabricante de aviões um dos maiores “cases” de companhia nacional com capital pulverizado.

O movimento feito pela Embraer — comum na cultura corporativa norte-americana — ainda é algo embrionário entre as companhias brasileiras. A primeira pulverização de ações ocorreu em 2005, quando a varejista gaúcha Renner teve 98% de suas ações vendidas em bolsa, numa iniciativa da sua antiga controladora, a norte-americana J.C.Penney, que queria deixar o Brasil. Atualmente, a Eternit e a OdontoPrev são algumas das que se somam a esse grupo de empresas com centenas, milhares de donos.

Para se tornar pulverizada, a Embraer aprovou, em 2006, uma reestruturação societária em que transformou as PNs em ONs. No ano seguinte, fez uma oferta de ações e dispersou ainda mais o capital. E qual a vantagem disso? “Tirar a figura de um único dono permite acessar o mercado com rapidez e, desta forma, se capitalizar a qualquer momento”, responde Antônio Luis Pizarro Manso, vice-presidente financeiro da Embraer. Sem a preocupação de diluir o controlador, inerente a todas as companhias que possuem a figura desse acionista, a Embraer ganhou muito mais liberdade para emitir ações e captar recursos. Manso está na fabricante de aviões desde os idos de 1995, quando o homem forte do Bozano, Simonsen, Maurício Botelho, foi incumbido de revitalizar a Embraer.

Em sua longeva carreira na companhia, esta foi, segundo ele, a mudança societária mais importante desde a privatização. “Permitiu livre acesso ao mercado de capitais mundial, ampliando a sua capacidade de obtenção de recursos para suportar o desenvolvimento de programas de expansão”, reforça. Além da capacidade de atrair dinheiro rápido, uma companhia com capital pulverizado tem de ter transparência máxima e o conselho, neste caso, exercer um papel fundamental”, diz.

Diferentemente de uma empresa convencional sob o comando de um controlador solitário, na gestão de uma companhia de muitos donos o presidente é fiscalizado com lentes de aumento poderosas por um conselho de administração comprometido em acompanhar o dia-a-dia dos negócios. O da Embraer tem 11 membros, dos quais sete são independentes.

Com a oferta 100% secundária que marcou a saída da Dassault Aviation e da Eads France, em 2007, a Embraer movimentou R$ 1,79 bilhão. Hoje, os maiores acionistas são Previ (13,92%), Cia Bozano (8,2%), Janus Capital Management (10,5%), Oppernheimer Funds (6,7%) e Thorbung Investments (5,5%). A União, por sua vez, ficou com uma ação especial (golden share), 0,3% do capital e o direito de veto em questões especificas.

Para Manso, a Embraer saiu fortalecida do processo de pulverização do seu capital. Encerrou 2007 com lucro líquido de R$ 656,9 milhões, 5,7% maior que o de 2006. Já a receita líquida mostrou alta de 20%, para R$ 9,98 bilhões. Sua carteira de pedidos firmes bateu recorde de US$ 18,8 bilhões.

Mas não é de hoje que a Embraer utiliza o mercado de capitais. Em 2000, captou US$ 388,5 milhões, sendo US$ 244 milhões numa oferta primária. Naquele tempo, a empresa de São José dos Campos já era a quarta maior fabricante de jatos comerciais do mundo e a maior exportadora brasileira. O sucesso se devia, basicamente, aos jatos regionais da família ERJ 145 (com 50 lugares) e, claro, aos efeitos da desvalorização do real frente ao dólar.  “Tivemos ganhos, mas sofremos com os ventos dos atentados de 11 de setembro”, diz Manso, lembrando que, no ano em que os aviões pilotados por terroristas se chocaram contra as torres gêmeas, em Nova York, as ações despencaram.

Em 2001, mesmo com o cenário adverso atingindo as companhias aéreas mundo afora, a Embraer foi novamente a mercado, com uma oferta 100% secundária, liderada por BNDES, Bozano, Previ e Sistel. A oferta total somou US$ 900,1 milhões e o “free float” passou de 37,5% para 58,5% do capital, sendo 13,1% relativos às ações negociadas Bovespa e 45,4%  aos papéis em Nova York.  Nos anos seguintes, a Embraer reforçou a estratégia focada nos jatos comerciais, cutucando concorrentes de peso como sua eterna rival Bombardier e também a Gulfstream, líder mundial em jatos executivos.


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