Ilustração: Rodrigo Auada

Larry Fink, CEO da gestora BlackRock, enviou recentemente sua carta anual aos presidentes de empresas que integram o índice S&P 500 e a grandes companhias europeias — e o comunicado está dando o que falar. O executivo afirmou que a gestora tem visão de longo prazo — afinal, investe significativamente em fundos de índices (ETFs), o que significa que precisa manter em carteira determinadas ações enquanto elas fizerem parte de índices —, mas nem por isso tem paciência infinita. Se for o caso, afirma Fink, a BlackRock está disposta a enfrentar batalhas em assembleias, principalmente se perceber distorções na remuneração de executivos.

Além disso, o executivo chamou a atenção para o fato de, entre os terceiros trimestres de 2015 e 2016, o dinheiro usado pelas companhias do S&P 500 para distribuir dividendos e recomprar ações ter excedido o lucro operacional. De acordo com Fink, embora a BlackRock aprecie o esforço das empresas para aumentar o preço dos seus papéis em circulação e distribuir lucros, é preocupante que não estejam reinvestindo seus recursos.

Também tiveram repercussão as opiniões do CEO da BlackRock sobre o cenário macroeconômico global. Em sua carta, Fink observa que a eleição de Trump, a decisão dos britânicos de sair da União Europeia e os conflitos no Oriente Médio transformaram a situação econômica, e vão obrigar as empresas a repensar estratégias e proteções. O CEO se mostra preocupado, ainda, com a situação de trabalhadores de baixa qualificação, que foram negativamente afetados pela globalização. Segundo ele, é preciso pensar em soluções para esse problema, como o incentivo governamental a obras de infraestrutura.