A atual conjuntura econômica tem incentivado o interesse de empresas latino-americanas, entre elas, as brasileiras, pelas oportunidades de negócios em mercados vizinhos. O relatório “Como se Tornar uma Multilatina – Principais Fatores para uma Atuação Regional na América Latina”, elaborado pela Deloitte, detalha as experiências de companhias que avançaram além das fronteiras nacionais, mas ainda dentro da própria região.
O trabalho ficou concentrado em quatro países — Brasil, México, Chile e Peru —, mas também incluiu Argentina e Colômbia. Foram estudadas 16 empresas, amostra representativa das 40 multilatinas sediadas nesses países, considerando itens como desenvolvimento de mercado, redes de relacionamento, finanças, pessoas, operações e organização.
As empresas foram divididas em latinas locais (operações restritas a um país da região e poucas exportações), multilatinas (atuação em vários países latino-americanos, mas sem operação importante fora da região) e latinas globais ( distribuídas pelo mundo e com receitas significativas fora da América Latina). Os setores de petróleo e gás, alimentação e informação são os que mais abrigam as latinas globais.
O trabalho verificou que as multilatinas normalmente ficam entre os principais competidores dos mercados internos de origem, enquanto as latinas globais tendem a ser líderes. Além disso, são diferentes os fatores que impulsionam o sucesso das empresas — estratégias que ajudam as empresas globalmente nem sempre funcionam regionalmente. Também são distintos os segmentos de atuação (multilatinas operam com serviços, em especial,varejo e transportes, o que dificulta a expansão global) e as estratégias de crescimento (latinas globais expandem-se com aquisições, enquanto as multilatinas tendem a escolher o crescimento orgânico por já conhecerem bem o mercado em que atuam).
Os dois grupos de empresas têm grande necessidade de recursos, mas as multilatinas têm acesso mais limitado ao mercado e capitais. As multilatinas ainda contam com níveis menos altos de governança e maior controle familiar, diferentemente das latinas globais.
À parte as características dos grupos de empresas, fatores específicos de cada país podem influenciar o crescimento corporativo. Segundo Anselmo Bonservizzi, sócio da área de Consultoria Empresarial da Deloitte e que lidera a prática de soluções de Estratégia e Operações no Brasil, enquanto Brasil e México apresentam vantagens estruturais que impulsionam desenvolvimento de latinas globais, o Chile reúne condições para o fortalecimento de empresas regionais. “Fatores como situação econômica, estabilidade política e acesso a capital são vantagens, por exemplo, das empresas chilenas”, afirma.
“Há mais de um caminho para que as empresas latino-americanas cresçam internacionalmente. Tornar-se uma multilatina é um deles, e os líderes empresariais devem reconhecer isso em vez de considerar a expansão global a única meta a ser seguida”, destaca Omar Aguilar, líder de Consultoria em Estratégia e Operações da Deloitte para a Região das Américas, e um dos autores do estudo.
O relatório confirma que os países da América Latina oferecem grandes oportunidades para as empresas brasileiras. Em meio a uma forte retração de demanda interna, dólar alto e arrefecimento do mercado chinês, as companhias do Brasil que nos últimos anos concentraram a expansão internacional nos mercados globais precisam ampliar o peso da América Latina nos seus planos. O Brasil deve ampliar seus horizontes e entender que olhar para fora também significa olhar para o lado — ou seja, para os vizinhos.
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