Preparativos para o IPO
Sem intenção de deixar a empresa, fundadores da Cerradinho profissionalizam a gestão para captar recursos em bolsa — e não serem alvos de uma consolidação

, Preparativos para o IPO, Capital AbertoSer o consolidador, não o consolidado”. Foi esse o desejo que levou a pequena unidade de produção de açúcar, comprada por José Fernandes em 1970, a transformar-se em um complexo industrial de açúcar, álcool e cogeração de energia elétrica que projeta faturar quase R$ 1 bilhão no próximo ano fiscal. É também essa ambição que move o presidente da Cerradinho, Luciano Sanches Fernandes, filho do fundador, a planejar o passo seguinte. Agora ele quer abrir o capital, para crescer ainda mais.

Não por acaso a empresa vem passando por uma série de transformações. Foram criados um conselho de família e um conselho de administração, contratados diretores e conselheiros externos — tudo para sustentar o crescimento de quase 30% registrado em 2009. No ano passado, o faturamento líquido projetado alcançou R$ 730 milhões (o valor efetivo ainda não foi contabilizado, porque o ano fiscal da companhia, baseado na safra da cana, vai de maio a abril). Para o mesmo período entre 2010 e 2011, o faturamento é estimado em R$ 930 milhões.

, Preparativos para o IPO, Capital AbertoA profissionalização da Cerradinho começou em 2004, quando a família Fernandes, detentora de 100% do negócio, decidiu construir uma nova unidade de produção. O projeto de ampliação levou à contratação de uma consultoria para desenhar as mudanças na estrutura empresarial. Naquele ano, foi instituída uma diretoria profissionalizada. O conselho de família foi formado há pouco mais de seis meses, para segregar os interesses familiares dos empresariais. A holding Cerradinho abriga a Usina Cerradinho, a unidade Catanduva e a unidade Potirendaba, ambas em São Paulo, além da Usina Porto das Águas, em Chapado do Céu, no Estado de Goiás.

Luciano começou a trabalhar na empresa em 1986, aos 18 anos, quando assumiu a presidência, ainda no primeiro ano da faculdade de Agronomia da USP. Havia sofrido a morte precoce do irmão, que entrara no lugar do pai, o fundador da companhia, já falecido. Hoje, aos 42 anos, Luciano não planeja sair da companhia, nem pensa em alguém para ocupar a presidência em seu lugar. Mas o conselho de família começou a tratar o tema da sucessão, cuidando da formação acadêmica dos mais jovens. “Temos regras definidas para a entrada de novos familiares na empresa”, conta.

No processo de profissionalização, foi criado o conselho de administração, composto de três membros da família — os irmãos Luciano, Andréa e Silmara Sanches Fernandes — e um conselheiro independente, o ex-presidente da Suzano Petroquímica, João Nogueira Batista. Embora o grupo dê por encerradas as principais reformas de governança, pretende ainda contratar um quinto conselheiro, também de fora da família controladora.

Em setembro passado, Denise Francisco foi contratada como diretora administrativa e financeira. “Meu papel é fazer com que o grupo se perpetue, independente da família”, afirma. Ela conta que a implementação de práticas de governança na Cerradinho surgiu com a necessidade de acessar novas fontes de captação, para sustentar o crescimento. Foi aí que eles começaram a se estruturar para um dia ofertar ações na bolsa de valores. Hoje, o objetivo dos sócios é abrir cerca de 30% do capital para investidores. “Esse é o caminho natural. Estamos nos estruturando para isso, porque nunca sabemos quando o mercado estará propício”, diz Luciano. No seu horizonte, o lançamento pode acontecer dentro de um a três anos.

O grupo processa 10 milhões de toneladas de cana por safra atualmente.
O objetivo é chegar a 12,5 milhões, atingindo a plenitude da capacidade industrial. A companhia detém apenas 7% das terras utilizadas para o cultivo da cana necessária para moagem e é dona de cerca de 70% da cana cultivada em terras arrendadas por terceiros, em parcerias de longo prazo. Seguindo esse modelo, a captação de recursos não tem como objetivo aumentar a quantidade de terras próprias, mas sim a compra de cana. “Mas para isso precisamos de uma governança evidente”, ressalta Denise.


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