Quem viveu se lembra. Ações com direito a voto para todos, tag along de 100%, adesão a uma câmara de arbitragem que ninguém nunca viu atuar? Parecia que o mercado de capitais brasileiro tinha resolvido brincar de ser gente grande e nada ia passar de pura ficção. Mas o tempo mostrou que o comportamento empresarial tinha uma lógica própria e que todas aquelas maravilhas, à primeira vista incompatíveis com a índole do acionista controlador brasileiro, não passariam de meros apetrechos societários se a contrapartida fosse muito, mas muito dinheiro. Para os poucos visionários da época, estava claro que o pulo do gato seria — e foi — convencer os empresários de que boas práticas de governança se converteriam em mais confiança para o investidor e, por sua vez, em uma bolada no caixa da companhia, ou diretamente no seu bolso.
Passados cinco anos e 47 listagens da inauguração deste projeto que mudou o curso do mercado de capitais no Brasil, nós, da Capital Aberto, avaliamos que essa era uma história boa demais para não ser contada. E que era esta a hora de aproveitar a memória ainda fresquinha de seus protagonistas para registrar as pessoas, as idéias e o enorme trabalho que estiveram por trás desta empreitada tão bem sucedida.
Não foi fácil chegar até aqui, muito menos superar aqueles dois longos anos de pasmaceira que sucederam a listagem da primeira companhia, em fevereiro de 2002. Mas é compensador assistir às declarações orgulhosas daqueles poucos que sempre acreditaram e, hoje, enchem o peito para dizer que não há espaço para nenhuma nova listagem em bolsa de valores que esteja fora do Novo Mercado (ou, no mínimo, de sua versão “light”, o Nível 2).
Diante da certeza do sucesso, há quem veja toda a bolsa brasileira daqui a alguns anos como um “grande Novo Mercado”, em que as melhores práticas de governança estarão no pacote básico de qualquer companhia que busque um mercado secundário forte para suas ações. Ousada demais esta idéia? Talvez, mas, certamente, não mais atrevida que a visão de um lugar em que o voto seria um direito de qualquer acionista, bem numa época em que o mercado de capitais experimentava sua mais profunda crise de auto-estima. Problemas, claro, sempre vão aparecer, como mostra a experiência recente. Mas todos sabemos que nada será mais como antes.
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