O mea-culpa dos investidores

“Não vejo essa como uma crise de governança corporativa, mas de governança dos investidores.” Foi assim, sem papas na língua, que Colin Melvin, executivo do alto escalão de um dos investidores institucionais mais prestigiados do mundo, o britânico Hermes, conduziu o seu discurso na conferência da International Corporate Governance Network (ICGN), realizada entre os dias 13 e 15 de julho, em Sydney, na Austrália. Pela primeira vez, a CAPITAL ABERTO foi acompanhar in loco o evento, que este ano reuniu mais de 400 membros da ICGN, provenientes de 35 países.

A frase de Melvin traduziu bem o espírito da conferência. Em vez de dar bronca nas empresas, a rede que reúne investidores institucionais com cerca de US$ 9,5 trilhões sob gestão resolveu apontar o dedo para o próprio nariz. “Constatei um ambiente mais propício à reflexão sobre as ações e responsabilidades dos investidores, e isso é uma ótima notícia”, afirma a brasileira Sandra Guerra, consultora da Better Governance e membro da ICGN. Ela acompanhou as dez últimas edições do evento.

O foco nos investidores é um sinal dos novos tempos. Códigos sofisticados de governança foram lançados, companhias implementaram estruturas de controles internos, conselhos de administração contrataram membros independentes. Mas a crise financeira de setembro deixou claro que tudo isso pode simplesmente não funcionar se os investidores não vigiarem de perto o comportamento dos gestores das companhias em que aplicam os recursos de seus clientes.

Outra diferença da conferência este ano, segundo Sandra, é uma preocupação em abordar temas específicos de nações com concentração acionária. Um indício de que os mercados em desenvolvimento ocuparão um papel cada vez mais relevante na agenda internacional de governança. “Fiquei muito satisfeito em ver o Brasil reconhecido entre os países que se preocupam em criar um ambiente favorável ao investidor”, diz Gilberto Mifano, ex-presidente do conselho de administração da BM&FBovespa e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), também presente no evento.

O respeito pelo mercado brasileiro chamou mesmo a atenção. Dentre os países que compõem o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil foi o único representado na mesa dos painelistas. Questionado sobre a ausência dos outros três mercados, Peter Montagnon, presidente da ICGN, foi pragmático. “Uma das razões que dá sentido a discussões mais aprofundadas sobre governança em um país, ao meu ver, é o desenvolvimento de um mercado de investidores institucionais. Na China, na Índia e na Rússia, por vários motivos, isso ainda não aconteceu.”


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