Nem tudo são flores…

O clube de investimento é uma sociedade. E, como tal, está sujeito a imprevistos como brigas entre os sócios, crises financeiras, desentendimentos com a corretora, desinteresse dos participantes, etc. Abaixo listamos algumas dicas que podem evitar dor de cabeça no futuro:

1. A hora de deixar o clube

, Nem tudo são flores…, Capital AbertoQualquer pessoa pode perfeitamente desistir de fazer parte do clube. Isso acontece mediante a venda das cotas no mercado ou mesmo a transferência da participação na carteira para um outro membro ou novo sócio que se disponha a fazer o mesmo aporte de capital. Em ambos os casos, o estatuto do clube deve prever os termos e as condições para que isso aconteça. O ideal é evitar a burocracia. Permitir que o participante saia do clube no momento em que desejar, bastando apenas comunicar ao administrador, é recomendável. Lembre-se sempre de que o valor a ser pago, referente às cotas mantidas até aquela data, será o da cotação atingida no dia seguinte (D 1) ao pedido de desligamento. Esse montante geralmente é repassado em quatro dias, ou de acordo com a carência estipulada no estatuto do clube.

2. E se todos desistirem?

Também não há problemas. Todos os membros podem solicitar ao administrador o fechamento do clube e requerer ao gestor a venda das cotas no mercado. Se o clube permanecer com o patrimônio líquido zerado durante 180 dias seguidos, a Bovespa cancelará automaticamente seu registro sem nenhum custo. E quando somente uma parte dos cotistas decide abandonar o barco? Nesse caso, o gestor precisará agir com cautela para a retirada de um grande volume do patrimônio da carteira. Afinal, uma fuga em massa de capital pode mexer com os percentuais aplicados em ações que, até então, garantiam o benefício fiscal (67%) e o cumprimento da regulação da Bovespa (51%). Por isso, evite deixar o portfólio do clube próximo a esses limites. Caso esses percentuais sejam desrespeitados, o clube terá 120 dias para se ajustar aos limites exigidos pela regulação.

3. Problemas na administradora

, Nem tudo são flores…, Capital AbertoÉ sempre bom lembrar que o dinheiro aplicado em ações ou qualquer outro valor mobiliário não pertence à administradora do clube. Essa instituição só existe para intermediar a negociação entre os investidores e os emissores de títulos. Portanto, se a corretora contratada sofrer algum problema financeiro, os ativos dos cotistas poderão passar para a guarda de uma outra instituição, que assumirá o papel de nova administradora do clube. O próprio regulamento da Bovespa prevê a substituição do administrador caso ele sofra um processo de intervenção ou liquidação extrajudicial.

4. Desentendimento entre sócios

Por mais que os integrantes do clube se desentendam com um dos sócios, os membros não podem expulsá-lo alegando apenas uma razão pessoal. Se o participante cumpre com suas obrigações no clube e seu comportamento não fere nenhum ponto do estatuto, esse integrante só deverá deixar o grupo por vontade própria. Para contornar esse tipo de situação, tente chegar a um acordo, procurando, por exemplo, a ajuda da Bovespa ou de uma pessoa externa, imparcial, que possa fazer uma espécie de arbitragem nesses casos.

5. Fatores de risco

A aplicação em renda variável (ações) é sempre um investimento de alto risco. Lembre-se sempre de que as cotas do clube podem tanto subir quanto se desvalorizar durante a vigência do investimento. O administrador ou gestor jamais poderá prometer ao clube um ganho fixo mensal. Tampouco deverá fazer previsões de ganhos com base no desempenho histórico da carteira daquele ou de outros clubes, ou mesmo de qualquer outro indicador, seja ele um índice do mercado (Ibovespa) ou não.

6. Sanções da Bovespa e da CVM

Os clubes que infringirem seu regulamento — seja na ausência de tratamento eqüitativo entre os sócios, seja na ocorrência de quaisquer tipos de fraude ou manipulação do mercado por parte de representante, administrador ou gestor — estarão sujeitos a penalidades estabelecidas pela Bovespa. Isso pode ocorrer em forma de multa, advertência, suspensão e, em casos extremos, mediante o cancelamento do registro do clube. As multas aplicadas serão cobradas da administradora e os respectivos valores, revertidos para os sócios.

Sócios ausentes

Engana-se quem pensa que a maior dificuldade para administrar um clube seja a tomada de decisões corretas, que garantam boa rentabilidade. O mercado pode não estar favorável às estratégias dos sócios, mas, se houver união entre eles, o grupo entenderá que aquela é apenas uma fase e tudo pode melhorar após a turbulência. O grande desafio de um clube é, portanto, manter as pessoas unidas. Quem experimentou essa realidade na prática é Gilson Ferreira do Lago Júnior, gestor do InvestBras, um dos clubes que reúnem funcionários da Petrobras. “Nossa intenção sempre foi a de fazer com que os membros aplicassem regularmente, acompanhassem as notícias do mercado, participassem das decisões. Mas isso não é tão fácil”, lamenta. Fundado há quase dois anos, o InvestBras conta hoje com 40 integrantes, donos de um patrimônio líquido de cerca de R$ 60 mil.

Pelos cálculos de Júnior, dos 40 sócios, apenas meia dúzia costuma ir aos encontros e trazer sugestões de investimentos. “Desses seis, um trabalha no nosso departamento e quatro são os fundadores, que também fazem a gestão do clube.” Antes de deduzir que a rentabilidade do clube poderia ser o motivo do descaso dos integrantes, Júnior alerta que a valorização da carteira, entre janeiro e julho deste ano, foi de 45%. “Tentamos fazer a melhor gestão possível. Afinal, nosso dinheiro também está aplicado lá.” Mas, se o problema não é a insatisfação com os resultados, o que leva as pessoas a não se esforçarem mais para participar do InvestBras? “Acho que as pessoas precisam ter mais cultura de investimento.”

Os funcionários participantes do clube reconhecem o trabalho dos gestores. Chegam até a mandar e-mails parabenizando-os pela performance da carteira. Mas, na hora da reunião, não aparecem. Ainda assim, Júnior continua enviando mensagens para explicar o quanto a união de todos é importante. “Mais cedo ou mais tarde, vão entender que, se cada um estivesse fazendo sua parte, seja estudando a companhia ou lendo os relatórios da corretora, nós estaríamos ganhando muito mais”, acredita.


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