Mundo afora
Exemplo de multinacional brasileira, Weg foca expansão no exterior e monta unidades industriais em países emergentes

, Mundo afora, Capital AbertoA Weg sempre andou de mãos dadas com o mercado de capitais. Dez anos depois de sua fundação na pequenina Jaraguá do Sul (SC), em 1961, a fabricante de motores elétricos passou a ser listada na bolsa de valores e, por um bom tempo, atuou timidamente. Quase sem brilho. Em 2004, quando percebeu que tinha poucos investidores, achou que era momento de turbinar a liquidez de seus papéis. Fez uma oferta secundária e hoje, quem diria, reúne aproximadamente 16 mil investidores, sendo mil deles institucionais (300 estrangeiros).

“O que atrai o investidor é garantir o crescimento com consistência”, ensina Alidor Lueders, diretor de Relações com Investidores (RI). “Temos que saber gerar valor para o acionista.” E isso a Weg tem conseguido nos últimos anos, o que lhe garantiu o primeiro lugar no ranking Melhores Companhias para os Acionistas, da CAPITAL ABERTO, na categoria de empresas com valor de mercado entre R$ 5 bilhões e R$ 15 bilhões.

A Weg brigou pelo ouro com outras 33 companhias listadas em bolsa, mas se manteve disparado na dianteira. A catarinense que teve seu nome derivado do “empréstimo” das três primeiras letras dos nomes de seus fundadores — Werner, Eggon e Geraldo — soube, como poucas, dar um belo retorno para o dinheiro dos seus acionistas. Na avaliação pelo Economic Value Added (EVA), ganhou nota 5,49 na escala de zero a dez, bem distante da variação média da categoria, de apenas 0,38. No Total Shareholder Return (TSR), que mede o retorno global das ações para o acionista, incluindo proventos pagos e valorização dos papéis, alcançou 1,72, enquanto a média da categoria foi zero.

Sua estratégia para jogar num mercado que só reúne feras foi diversificar os negócios (a Weg produz mais de 2,5 mil tipos de motores industriais) e partir para o mundo, igualzinho ao que fazem suas concorrentes, gigantes internacionais do quilate da ABB (sueco-suíça), da Toshiba (japonesa) ou da General Electric (norte-americana). Nascida no Brasil, presente na China, Argentina e México, a Weg acaba de anunciar a construção de uma fábrica na Índia, a ser erguida em terreno de 170 mil metros quadrados, na cidade de Hosur. A empreitada demandará investimentos totais de US$ 50 milhões, e a produção de motores elétricos deverá começar no fim de 2009.

Ao todo, são 11 plantas, no Brasil e no exterior. Mas as futuras expansões estão focadas nos países emergentes, de custos saborosamente competitivos. “Temos que garantir custos baixos se quisermos continuar crescendo ao ritmo de 20% ao ano”, diz Lueders. “Mesmo com aumento dos custos de matérias-primas, a nossa exportação (equivalente a 35% da receita) está rentável.” O plano da companhia é investir R$ 520 milhões este ano, um salto considerável, quando feita a comparação com o desembolso de R$ 270 milhões no ano passado. Parte dos investimentos será bancada com recursos próprios; e outra parcela, com financiamentos do BNDES.

Segundo o executivo, a ampliação ajudará a empresa a cumprir a meta de crescer 20% este ano. No segundo trimestre do ano, o lucro líquido foi de R$ 169,9 milhões, 12,5% superior ao registrado em igual período do ano passado e 35% maior do que o embolsado nos três primeiros meses de 2008. A receita operacional bruta subiu 19%, para R$ 1,3 bilhão.

Manter-se ligada ao mercado internacional sempre foi uma das táticas usadas pela Weg, que começou suas exportações na década de 70. Antes de comprar ou construir fábricas no exterior, a companhia apostou na abertura de escritórios comerciais, que fortaleceram a distribuição em outras praças. Recentemente, inaugurou uma filial na Rússia e outra em Dubai. São 15 mil funcionários ao redor do mundo. “Estamos em mais de cem países, portanto não dependemos de um só”, afirma o diretor.

Além de espalhar seus tentáculos mundo afora, a Weg vem pavimentando o caminho para ter uma governança bem conceituada. Em 2007, aderiu ao Novo Mercado da Bovespa, mesmo sem ter planos para captar recursos. Controlada por três famílias, vem profissionalizando a gestão e, desde o ano passado, tem novo presidente. Décio da Silva, filho de Eggon, subiu para o conselho de administração e, para seu lugar na cadeira de CEO, foi escolhido Harry Schmelzer Júnior. Na empresa desde 1980, Schmelzer já ocupou os cargos de chefe de vendas, gerente de vendas e diretor-superintendente na Weg Acionamentos. Em 2006, assumiu o leme da superintendência da Weg Motores, em que ficou até 2007, quando se tornou diretor internacional, baseado em Portugal.

A Weg pretende investir R$ 520 milhões este ano, quase o dobro do valor desembolsado no ano passado

 A fabricante ganhou boas pontuações no quesito governança, mas deixou a desejar em algumas questões como não abrir separadamente a remuneração dos seus executivos e do conselho de administração e ter um site ainda magro para uma empresa de seu porte. Afinal, é a maior fabricante de motores elétricos da América Latina e está entre as cinco maiores do mundo. Luis Fernando Moran de Oliveira, gerente de RI, reconhece as deficiências e diz que a empresa está trabalhando para melhorar seu website. Quanto à remuneração dos executivos, ele não concorda com a idéia de divulgar os valores separadamente, devido aos problemas de segurança.


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