Pesquisar
Close this search box.
Muito dinheiro no bolso
Conhecido por sua tradicional — e atraente — política de distribuição de dividendos, Bradesco é destaque em governança

, Muito dinheiro no bolso, Capital AbertoNão importa o ângulo pelo qual se olhe, o banco Bradesco é grande. É o terceiro maior banco privado brasileiro por ativos (considerando- se a compra do ABN Amro pelo Santander) e líder incluindo as áreas de seguros, leasing e previdência. Como não poderia deixar de ser, também é um participante de grande visibilidade no mercado de capitais. A princípio, uma instituição financeira que tem quase 9 mil pontos de venda — incluindo agências, postos de atendimento e os 3 mil guichês do Banco Postal — possui um manancial inesgotável de recursos à disposição e sequer precisaria cogitar a captação de recursos no mercado. Mesmo assim, cada um dos 1,373 milhão de acionistas do Bradesco, 1,173 milhão deles pessoas físicas, é considerado uma fonte em potencial de recursos.

A captação total do Bradesco chega a R$ 173 bilhões. As fontes bancárias tradicionais de recursos como depósitos à vista, Certificados de Depósito Bancário e cadernetas de poupança respondem por R$ 87 bilhões. Há também cerca de R$ 50 bilhões em reservas técnicas das seguradoras e empresas de previdência do grupo e outros R$ 37 bilhões em títulos de renda fixa emitidos no mercado — isso sem contar os quase R$ 100 bilhões de ações em circulação, a maioria delas nas mãos de minoritários. “Cerca de 96% das nossas ações preferenciais e 23% das ordinárias pertencem a acionistas fora do grupo de controle do banco”, diz Milton Vargas, vice-presidente executivo e diretor de Relações com Investidores do Bradesco. “Eles são uma importante fonte de recursos e de estabilidade para os preços de nossas ações.”

Dada a importância estratégica dos acionistas, o Bradesco procura tratá-los bem. O banco ficou em segundo lugar no ranking das Melhores Companhias para os Acionistas na categoria das grandes empresas, com valor de mercado acima de R$ 15 bilhões. O resultado ficou abaixo da premiação de 2006, quando o banco obteve o primeiro lugar.

O Bradesco montou uma área de 20 profissionais apenas para atender os investidores — parte dela dedicada exclusivamente às pessoas físicas — e dedicou-se a uma maciça participação em eventos do mercado de capitais para vender a idéia de que investir no Bradesco é bom. Boa parte desse esforço de marketing não foi feito em português, mas junto aos investidores estrangeiros. Segundo Vargas, os resultados compensaram. “Em 2001, cerca de 18% dos negócios com nossas ações eram fechados em Nova York, percentual que subiu para 58% em 2007.” O volume de negócios, no Brasil e no exterior, também cresceu, avançando de R$ 32 milhões por dia, em média, em 2001, para R$ 293 milhões em 2007.

Esse esforço compensou uma postura relativamente conservadora na extensão de benefícios formais de governança aos minoritários. As ações do Bradesco estão no Nível 1 de governança corporativa da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) — e, no que depender dos executivos do Bradesco, isso não vai mudar tão já. A rigor, o banco poderia ascender para o Nível 2, pois já cumpre algumas de suas exigências, como a existência de cinco membros independentes no conselho de administração e a divulgação de resultados segundo os padrões contábeis norte-americanos, o chamado US Gaap. Mesmo assim, a mudança de nível é altamente improvável. “Ainda vemos alguns problemas em migrar para níveis de governança mais elevados”, diz Vargas.

O principal deles é a exigência, por parte da Bovespa, de abrir mão do direito de resolver todas as querelas na Justiça comum e aceitar as decisões de câmaras de arbitragem, mais ágeis e com menos espaço para recursos e protelações. “A arbitragem ainda não está totalmente estabelecida, e achamos arriscado obrigar o banco a se submeter a decisões fora do Judiciário”, diz Vargas. O executivo afirma que a permanência no Nível 1 é compensada pela extensão dos direitos de tag along a todos os acionistas, na proporção de 100% para as ações ordinárias e 80% para as preferenciais. Esse é o percentual a que todos os acionistas terão direito no caso de venda do Bradesco para outra instituição financeira.

O banco também se destacou no quesito Total Shareholder Return, que mede a remuneração para os acionistas incluindo os proventos pagos e a valorização das ações. Os números das ações são menos pujantes do que os de outras empresas premiadas, pois as ações preferenciais e ordinárias do banco avançaram pouco mais de 33% em 2006, em linha com os números da Bovespa. A diferença em favor do banco veio de sua agressiva política de dividendos. O Bradesco estabeleceu uma política de pagar dividendos ou juros sobre capital próprio mensais no fim dos anos 70, e a mantém até hoje. “Procuramos superar o dividendo mínimo obrigatório de 25% dos lucros”, diz Vargas. Nos últimos anos, o Bradesco distribuiu a seus acionistas um percentual dos lucros que variou entre 61% (2003) e 36% (2006). “Em última análise, esse dinheiro não pertence ao banco, mas sim aos acionistas”, diz Vargas.


Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.


Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.


Você está lendo {{count_online}} de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês

Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.

Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais


Ja é assinante? Clique aqui

mais
conteúdos

APROVEITE!

Adquira a Assinatura Superior por apenas R$ 0,90 no primeiro mês e tenha acesso ilimitado aos conteúdos no portal e no App.

Use o cupom 90centavos no carrinho.

A partir do 2º mês a parcela será de R$ 48,00.
Você pode cancelar a sua assinatura a qualquer momento.