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Mudança de patamar
Com ações listadas em bolsa, Porto Seguro ganha fôlego financeiro, cria valor para o negócio e é aprovada pelo mercado

, Mudança de patamar, Capital AbertoO empresário e executivo Jaime Garfynkel, presidente e principal acionista da seguradora Porto Seguro, cometeu um erro em abril de 2007. Nada muito grave. Ele tomou a corriqueira decisão gerencial de elevar em 25% os preços das apólices de uma de suas controladas, a seguradora Azul — denominação das operações brasileiras da seguradora francesa Axa, adquiridas pela Porto Seguro no fim de 2003.

Como os executivos já esperavam, o ritmo de renovação de apólices despencou, devido à elevação acima da média do mercado. Eles acreditavam que o aumento das margens compensaria a queda no volume. Algo inesperado ocorreu, porém: os investidores não concordaram, ficaram incomodados e venderam as ações. “Nós já esperávamos uma queda na renovação das apólices, mas o mercado ficou agitado e isso chamou nossa atenção”, diz Garfynkel. “Fomos alertados pelos analistas de que o aumento fora excessivo e poderia afetar os resultados, por isso tivemos de rever essa decisão três semanas depois.”

Se a Porto Seguro fosse uma empresa fechada, diz seu presidente, levaria mais tempo — alguns meses, talvez — para que a correção fosse feita. Portanto, sem a participação de acionistas e analistas de fora, o impacto negativo sobre os resultados teria sido maior. Moral da história: ter mais gente interessada nos resultados da empresa é um bom negócio para a administração. “Não é possível gerir uma companhia de olho apenas no preço das ações, mas o mercado é um indicador importante”, diz Garfynkel. “Ele passa a funcionar como uma luz vermelha no painel do carro, que avisa quando alguma coisa está errada.”

Ouvir os avisos do mercado tem feito bem à Porto Seguro. A companhia ficou em primeiro lugar no grupo de Melhores Companhias para os Acionistas na categoria com valor de mercado entre R$ 5 bilhões e R$ 15 bilhões. Não é a primeira participação da Porto nessa premiação. No ano passado, na primeira edição do ranking, ela havia ficado em terceiro lugar na categoria até R$ 5 bilhões. O crescimento das operações fez com que a Porto Seguro mudasse de patamar no ranking da Capital Aberto, mantendo, porém, a qualidade no relacionamento com os acionistas.

O maior destaque na premiação deste ano foram os resultados financeiros. A geração de valor da companhia em 2006, medida pelo indicador Economic Value Added (EVA) calculado pela consultoria Stern Stewart, evoluiu 13,3% e recebeu nota dez na categoria, a pontuação máxima. O quesito Total Shareholder Return, de 92,3%, também foi destaque na categoria e proporcionou nota 9,5. Segundo a Economática, empresa especializada em informações sobre companhias abertas, em 2006 as ações ON da Porto Seguro apresentaram uma valorização de 175%, ante uma alta de 32,9% do Índice Bovespa. O indicador de governança corporativa ficou em 7,9 na pontuação geral.

A abertura de capital permitiu à companhia enfrentar a concorrência em um mercado cada vez mais competitivo

Resultados como esses são muito bons para a Porto Seguro, que conseguiu abrir seu capital no Novo Mercado mesmo sendo uma “empresa de dono”: Garfynkel, principal executivo e presidente do conselho de administração da Porto, é também seu maior acionista. Essa acumulação de cargos e capital, aliás, é uma das críticas do mercado à gestão da Porto, excessivamente concentrada na figura de seu principal executivo. Antes da abertura de capital, a seguradora atravessou uma fase conturbada, com conflitos familiares dividindo os acionistas. A abertura de capital foi uma forma de dar liquidez aos minoritários, que deixaram a companhia.

Não foi o único benefício. Além de apaziguar as disputas, ter ações em bolsa garantiu à Porto a possibilidade de equilibrar-se com a concorrência em um mercado que se torna mais competitivo e com menores margens de lucro a cada dia. Por seu perfil, ela teria tudo para ser alvo de uma aquisição por uma das gigantes do mercado. É a maior seguradora independente brasileira por prêmios retidos considerando empresas não consolidadas, segundo dados de agosto de 2007 da Superintendência de Seguros Privados (Susep), autarquia federal que regulamenta o setor. Independente quer dizer que ela não pertence a um banco de varejo e, por isso, não dispõe de uma enorme rede de agências para distribuir seus produtos. Sua distribuição tem de se apoiar em corretores e nas parcerias com revendedores de veículos, numa atividade em que os produtos são muito semelhantes e a musculatura no atendimento ao cliente faz toda a diferença.

Portanto, a companhia depende de bons contatos e de uma relação azeitada com milhares de corretores e clientes, itens que tornam fundamental a boa comunicação. “Abrir o capital nos obrigou a sistematizar processos que já adotávamos e tornou os resultados mais transparentes e previsíveis”, diz Garfynkel. Além disso, melhorou o ânimo interno. “Ter ações em bolsa mudou o gabarito da empresa e motivou os funcionários”, diz o presidente. “As pessoas ficaram orgulhosas de trabalhar em uma companhia listada na bolsa.”


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