Não é de hoje que os profissionais de RI sabem que seu ofício pende mais para a Comunicação do que para Finanças. Ter um discurso alinhado, usar uma linguagem dirigida ao público-alvo, transmitir a mensagem com clareza e objetividade e saber vender bem o seu peixe são atributos tão relevantes quanto conhecer o significado da sigla Ebitda. E se ainda houver alguma dúvida disso, ela logo vai se dissipar no momento em que a companhia enfrentar uma crise. É quando as coisas não vão nada bem que uma estratégia de comunicação competente torna-se ainda mais essencial.

Quem entrar numa livraria em busca de literatura sobre como gerenciar crises encontrará uma ou outra obra em português dirigida às áreas de comunicação e de assessoria de imprensa. Mas há pouco ou nenhum material sobre o tema aplicado aos departamentos de RI. Neste capítulo, procuramos transportar algumas idéias de gestão de crise para a área de Relações com Investidores por meio de um caso real, que marcou uma das maiores tragédias da história da aviação brasileira. Companhia aberta e com uma área de RI bem estruturada, a TAM enfrentou não apenas o pesadelo das centenas de vítimas e a comoção nacional, como também a resposta rápida dos investidores estampada no preço de suas ações.

Monitorar as impressões do mercado em momentos como esse significa uma sintonia fina de difícil execução que todo RI prefere nunca experimentar. A tensão e a insegurança sobre cada passo são enormes, assim como o medo de ser malsucedido. A experiência mostra que, por mais dura que possa ser, a transparência é essencial. Junto com ela vem a mensagem de boa vontade e de coragem para enfrentar o problema, o que certamente conta pontos a favor.