Quando fala de governança, o vice-presidente financeiro e de Relações com Investidores (RI) da CPFL Energia, José Antônio de Almeida Filippo, está seguro de que as melhores práticas fazem parte da cultura dos funcionários da companhia. Mas que ninguém pense que essa “cultura” e a melhor nota do ranking 2008 no quesito governança (8,5, a mesma obtida por Localiza) tenham surgido como num passe de mágica. Uma espiada no desempenho da companhia nas duas edições anteriores do prêmio revela que a governança é um aspecto em constante evolução na CPFL. “Muita gente diz que tem governança, mesmo quando vários pontos não estão sendo bem cobertos”, alfineta Fillipo.

A CPFL tem se esforçado para seguir à risca a cartilha. No levantamento de 2006, embora estivesse no Novo Mercado da Bovespa, a ex-estatal não havia se destacado nesse assunto. A companhia perdeu pontos, por exemplo, pelo fato de o cargo de presidente executivo e o do conselho de administração serem ocupados por uma só pessoa. No ano seguinte, com Luiz Anibal de Lima Fernandes como chairman e Wilson Ferreira Junior no papel de CEO, a CPFL conseguiu pontuar nesse item do questionário.

Em 2008, mais avanços. Houve melhora na transparência das informações sobre a remuneração de executivos. Na ata da assembléia geral de 9 de abril, foram divulgados, separadamente, os honorários referentes aos conselheiros e aos diretores. Outro fator positivo foi a criação do manual para participação em assembléias, que estimulou a presença dos investidores de varejo nesses encontros ao dispensar o envio prévio dos comprovantes da condição de acionista. A companhia só sofreu descontos por não ter um comitê de auditoria — a CPFL acredita que seu conselho fiscal cumpra essa função — e nem uma política formal e detalhada sobre transações com partes relacionadas. Na visão da companhia, a atuação do comitê de partes relacionadas preenche essa lacuna.