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Democracia, transparência e protestos
Recorde de público, a 42ª assembléia de acionistas da Berkshire reflete tudo o que se pode esperar do novo capitalismo

, Democracia, transparência e protestos, Capital AbertoQuando o assunto é assembléia de acionistas, o megainvestidor Warren Buffett, segundo homem mais rico do planeta, insiste em roubar a cena. Sua holding de investimentos, a Berkshire Hathaway, realiza não apenas a maior assembléia do mundo, mas também um espetacular show de marketing e carisma que merece ser conhecido por todo administrador de companhia aberta. Para trazer um pouco dessa história a seus leitores, a Capital Aberto cobriu com exclusividade na imprensa brasileira a 42a assembléia de Buffett, realizada nos dias 4,5 e 6 de maio. Recorde de público, com inacreditáveis 27 mil pessoas, o evento é um dos mais famosos e incríveis símbolos de democracia societária.

O evento acontece ao longo de todo um fim de semana na cidade de Omaha, estado do Nebraska, para onde não existem vôos diretos desde os principais centros financeiros dos Estados Unidos, à exceção de Chicago. Mesmo para quem devorou inúmeras das reportagens já publicadas sobre o encontro na imprensa internacional, é impossível deixar de se surpreender diante da visão de homens e mulheres afluentes que trocam o conforto de seus hotéis, no meio da madrugada, por uma fila debaixo de chuva na porta de um ginásio de esportes, apenas para garantir um bom lugar. Também não deixa de ser divertido observá-los correr em disparada assim que os portões se abrem, enquanto os alto-falantes ecoam a canção Money, de Pink Floyd.
Não fosse pelas roupas bem cortadas e pelo teor das questões apresentadas durante a sessão de perguntas e respostas, seria impossível dizer que aquela platéia era formada majoritariamente por casais ricos de meia-idade, gestores de recursos de algumas das instituições mais respeitadas do mercado financeiro internacional, e, em menor escala, por jovens empreendedores de mercados emergentes, como Hong Kong e Índia. Para participar do evento, naturalmente, é preciso ser acionista ou convidado de um — com exceções apenas para imprensa, gestores das subsidiárias da holding e suas famílias. Detalhe: o papel da Berkshire não é propriamente um investimento baratinho. No dia da assembléia, cada ação do tipo A valia em bolsa US$ 109,5 mil (é a ação mais cara da Bolsa de Nova York). A do tipo B, criada em 1995, custava US$ 3,65 mil.
Os espectadores-acionistas endinheirados e enfileirados debaixo de chuva não eram os únicos a chamar a atenção por seu comportamento. Com Warren Buffett e seu sócio, Charles Munger, acontecia o mesmo disparate. Não é nada trivial administradores de grandes companhias abertas falarem tão sincera e diretamente a respeito de assuntos que vão de políticas de remuneração ao aquecimento global, passando pela qualidade do ensino nas escolas de negócios. Ao fim e ao cabo, tinham razão os entrevistados por esta reportagem: “Qualquer pessoa interessada no mundo dos investimentos deve participar de uma assembléia da Berkshire pelo menos uma vez”, pregavam.
Em sintonia com os avanços do tema sustentabilidade no universo corporativo, os assuntos de ordem social invadiram a pauta da reunião. Ainda mais efervescentes depois que, em 2006, Buffett doou 85% de sua fortuna para instituições filantrópicas, as questões sociais surgiram em vários momentos ao longo do evento. Além de uma proposta formal de desinvestimento em companhia chinesa ligada ao genocídio no Sudão, houve protestos de índios e pescadores contra a atuação de uma das subsidiárias e também pedidos de justificativa acerca de doações para uma entidade de planejamento familiar que defende o direito ao aborto. Temas delicados que há alguns anos preocupam os investidores da Berkshire, como a sucessão, por exemplo, ganharam projeção e foram amplamente discutidos. Se existe mesmo um novo capitalismo como dizem por aí, ele certamente imprimiu sua marca neste espetáculo que você conhecerá em detalhes nas quatro reportagens publicadas a seguir.

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