De bem com o investidor
Em meio a uma concorrência acirrada, Localiza aposta no mercado de capitais para crescer

, De bem com o investidor, Capital AbertoA atividade de alugar veículos para terceiros enfrenta solavancos comparáveis aos que qualquer motorista brasileiro sofre ao cruzar, diariamente, as pistas de obstáculos que as prefeituras chamam de ruas. É preciso manter uma frota de grandes proporções e arcar com a depreciação diária desses automóveis, além de competir com as 1.948 concorrentes em atividade no Brasil.

Você leu certo. Há 1.948 empresas de locação de veículos no país. E isso não é tão ruim quanto há cinco anos, quando eram 2.511. Muitas desapareceram, perdendo espaço para as grandes do setor e mostrando quão darwinista está sendo o processo de concentração deste mercado. Uma das empresas que vem crescendo é a Localiza, que obteve o segundo lugar entre as Melhores Companhias para os Acionistas na categoria com valor de mercado até R$ 5 bilhões.

A premiação não é inédita para a locadora. Na primeira edição deste prêmio, em 2006, ela havia ficado em primeiro lugar. Sua posição caiu para a vice-liderança neste ano pela reduzida geração de valor. O incremento nos lucros gerados conforme a metodologia de Economic Value Added (EVA), calculados pela consultoria Stern Stewart, foi de apenas 0,9% — um percentual baixo, mas suficiente para lhe assegurar a colocação, uma vez que metade da categoria (15 empresas) apresentou EVA negativo no período analisado.

Mas a Localiza foi muito bem no quesito Total Shareholder Return (TSR), que considera a valorização das ações e os proventos. Apresentou 54% de retorno total para o acionista, contra a mediana de 46,9% da categoria. Embora a política de dividendos não seja das mais agressivas, pois a Localiza paga os 25% regulamentares do lucro, o retorno foi notável porque a ação brilhou nas bolsas. A valorização dos papéis em 2006 foi de 128%, muito superior aos 32,9% do Índice Bovespa.

Outro ponto de destaque foi a governança corporativa, em que a Localiza obteve 8,2 na pontuação geral. “Nosso esforço para garantir a governança e nos comunicar bem com os acionistas vem desde a abertura de capital”, diz Sílvio Guerra, diretor de Relações com Investidores. Tanto esforço devese ao fato de o acesso ao mercado de capitais ser vital para a sustentação do modelo de negócios da companhia. Como toda locadora de veículos, ela é faminta por capital de giro. Tem de comprar muitos carros (47 mil, no caso da Localiza), alugá-los pelo maior tempo possível, mantê-los em bom estado e vendê-los antes de começarem a consumir muitos recursos em manutenção devido ao desgaste (em média, seis meses após a compra para carros de aluguel e um ano para carros destinados às frotas terceirizadas de empresas).

Por ter sido a primeira locadora a listar ações, teve de enfrentar o desconhecimento dos analistas sobre o setor

Além dos buracos e trombadas (literais ou não) do dia-a-dia, é preciso arcar com uma depreciação pesada. Nesse aspecto, a Localiza possui uma vantagem em relação à maior parte das concorrentes: o fato de ter uma rede própria de revendedoras de veículos semi-novos. Assim, ela consegue recuperar uma fatia maior do capital que investiu em veículos, vendendo os carros que deixa de alugar. “Somos uma das poucas empresas que consegue fazer isso, participando do ciclo completo de compra e venda de veículos”, diz Guerra. “Isso permite economizarmos na depreciação da frota e facilita o giro do capital.”

Nesse setor, ganha não só quem oferece o melhor serviço, mas, principalmente, quem tem o maior acesso a capital barato. Portanto, um canal aberto com os investidores é fundamental para baratear o custo do dinheiro. Esse é um dos pontos fortes da Localiza, diz Guerra. “Nosso custo de captação é baixo”, revelando que a Localiza paga, em média, as taxas dos Certificados de Depósito Interbancário (CDI) mais 0,44%. O resultado aparece na rentabilidade. A diferença entre o retorno do capital investido e o custo médio ponderado de capital (weighted average cost of capital, ou Wacc) varia entre 7 e 8 pontos percentuais desde 2004, segundo o executivo. Daí a relevância do mercado de capitais para a empresa.

Sua entrada nesse universo não foi fácil, contudo. Por ser a primeira do setor a listar suas ações, teve de enfrentar o desconhecimento dos analistas em relação a seu modelo de negócios, além do tradicional preconceito contra empresas familiares. Os quatro sócios controladores são duas duplas de irmãos, que possuem 50,1% do capital votante. Os demais 49,9% estão em circulação no mercado. Cerca de 85% deste “free float está nas mãos de investidores estrangeiros, e os restantes 15% dividem-se entre aproximadamente 1.000 acionistas individuais, entre eles 400 dos 2.000 funcionários da Localiza. “No início, nós montamos um sistema de opções de ações restrito a 40 executivos”, diz Guerra. “Mais tarde, ampliamos a participação, pois vimos que era uma excelente ferramenta de gestão para premiar os bons funcionários.”


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