Caçaula bem-sucedida
Tractebel amplia em mais de 60% a capacidade instalada, gera bom resultado econômico e distribui dividendos generosos

, Caçaula bem-sucedida, Capital AbertoQuando deixou a diretoria financeira da hidrelétrica Serra da Mesa, em 1997, o engenheiro Maurício Stolle Bähr preocupou alguns bons amigos. Afinal, aos 39 anos, ele estava abrindo mão de um cargo executivo numa das empresas controladas pela VBC – a poderosa trinca de letras que reúne Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa – para montar, no Brasil, a primeira base de uma multinacional franco-belga do setor elétrico. O que naquele momento parecia ser uma opção duvidosa, embora com boas chances de dar certo, materializou-se na Tractebel. Maior geradora de energia do País, dona de 16 usinas hidrelétricas e térmicas, a companhia já aportou cerca de US$ 4 bilhões em terras brasileiras.

Há uma década instalada num país que sofreu o duro revés de um apagão e um traumático racionamento de energia — fator que afastou investidores estrangeiros —, a jovem Tractebel tornou-se uma espécie de caçula bem-sucedida do controlador, a GDF-Suez. Resultado da recém-concluída fusão entre a estatal francesa GDF e a Suez, o grupo é o maior operador de serviços públicos do mundo, maior comprador de gás da Europa e um importante produtor de energia nuclear.

A Tractebel Energia foi a campeã no ranking Melhores Companhias para os Acionistas, da CAPITAL ABERTO, na categoria de empresas com valor de mercado superior a R$ 15 bilhões.

Na disputa em que concorreu com outras 16 empresas listadas em bolsa e situadas na mesma faixa de valor de mercado, a geradora de energia destacou-se — e muito — no quesito Economic Value Added (EVA), que mede o lucro real para o acionista, considerando o risco do negócio e a eficiência na utilização do capital empregado. Recebeu nota 7,78 na escala de zero a dez, enquanto a média da categoria ficou em 0,65. “Isso só comprova que conseguimos colocar em prática a nossa visão orientada para os resultados”, diz Bähr, hoje presidente do conselho de administração da Tractebel, repetindo a velha e boa máxima do capitalismo. “Desde 1998, quando compramos a Gerasul, no leilão de privatização, expandimos em mais de 60% a nossa capacidade instalada de geração de energia. Há empresas no setor que não acrescentaram um único megawatt de potência após a privatização”, compara.

Apesar de estar vivendo um momento particular de prosperidade num setor de humor instável, a Tractebel nem sempre esteve em lua-de-mel com o mercado de ações. Até 2005, afastada dos acionistas minoritários, a empresa parecia estar mais próxima de fechar o capital do que de diluir um bocadinho o seu controle. A estrutura acionária estava fortemente concentrada nas mãos do controlador, com 78%, e outros três acionistas de longo prazo, com mais 18%. “O free float, na prática, era inferior a 5%, o que inviabilizava uma avaliação mais justa do valor de mercado da empresa”, afirma Bähr.

Diante do bom momento do mercado de ações naquela época, a opção, contudo, foi outra. A companhia realizou uma oferta secundária em dezembro daquele ano, a partir da venda de parte das ações da Suez e do BNDES. O free float esticou para 17%.

Antes de ir a mercado, a Tractebel decidiu estreitar os laços com os investidores. Para isso, seus executivos assumiram as vezes de caixeiros viajantes, rodando o mundo e o Brasil em reuniões promovidas com o apoio da Apimec e nos “non deal road shows”. Mesmo não tendo um comitê de auditoria, a empresa espera garantir mais conforto ao acionista minoritário com um conselho de administração formado por nove membros, sendo dois independentes e um representante dos funcionários.

Ao mesmo tempo, adota uma política de dividendos generosa. Distribui 95% de seu lucro aos acionistas desde 2004. O que sobra ainda garante, segundo Bähr, um reforço nos investimentos feitos no seu parque gerador no Brasil: entre 30% e 40% dos recursos são bancados com capital próprio, e o restante com linhas de financiamento do BNDES. “O endividamento soma R$ 1,8 bilhão, sendo 84% em moeda local e 26% em estrangeira, o equivalente a 0,9 vez o Ebitda. Há espaço para crescer para duas vezes o Ebitda.”

O endividamento da companhia equivale a 0,9 vez o Ebitda, mas há espaço para dobrar essa relação

Nos últimos seis meses, a empresa foi às compras, arrebanhando a hidrelétrica Ponte de Pedra, por R$ 592 milhões, da italiana Impregilo e da sueca Skanska. A Tractebel acaba de levar também duas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), com 60MW, por R$ 204 milhões, acrescidos de uma dívida de R$ 101 milhões.

Além do apetite por aquisições, o comprometimento com a sustentabilidade é outra marca registrada da companhia. Portanto, não se surpreenda se, ao encontrar um executivo da Tractebel, ele for logo sacando da carteira um cartão de apresentação feito em papel reciclado. O que parece ser marketing batido de quem adotou a causa verde meramente por modismo se traduz, no Brasil, na participação da empresa no Índice de Sustentabilidade (ISE) da Bovespa. A empresa, cuja sede está baseada em Santa Catarina, tem, desde 2007, um Comitê de Sustentabilidade que estabelece metas e monitora os resultados – bons ou ruins – da empresa nesse quesito.


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