João Pinheiro Nogueira Batista, presidente do conselho de administração da Isolux Infrastructure (concesssionária de rodovias e de linhas de transmissão de energia) e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), sempre planejou dedicar-se a um projeto social quando a aposentadoria chegasse. Mas, no ano passado, decidiu que não iria mais esperar até lá. Foi apresentado ao Instituto Reciclar pelo seu fundador, o executivo Cassio Casseb, e se apaixonou pelo projeto. Desde então, está na presidência de uma organização sem fins lucrativos que prepara adolescentes da comunidade do Jaguaré, zona oeste de São Paulo, para o mercado de trabalho.

“O Reciclar é uma minifábrica. Numa dimensão menor, tem todos os problemas de uma empresa privada”, diz Batista. Atualmente, o Reciclar conta com uma gerência profissional, uma diretoria que se reúne mensalmente, e um conselho de administração que promove reuniões trimestrais. Nogueira levou sua experiência com companhias abertas e governança corporativa para o projeto, que passou a ser auditado pela KPMG, e, recentemente, implementou um orçamento de longo prazo com política de remuneração variável.

O Instituto Reciclar forma, em média, 15 jovens anualmente com base em meritocracia. Eles são selecionados por escolas públicas com base em seus boletins e comportamento. Os melhores ganham a chance de trabalhar na oficina de reciclagem com carteira assinada.

Em 16 anos, mais de 500 adolescentes passaram pelo projeto — nem todos chegam à fase final —, dos quais 75% mantêm-se ativos no mercado de trabalho nas mais variadas profissões. Nogueira orgulha-se ao contar que alguns dos jovens iniciados no Reciclar ocupam posições em grandes empresas atualmente. “Estamos educando adolescentes e promovendo a inclusão social por meio do esforço e do mérito”, afirma.