Uma reversão nas expectativas para o cenário econômico internacional fez a temporada de IPOs no Brasil acabar mais cedo. O segundo semestre começou em ritmo acelerado. Foram 16 ofertas iniciais em julho, a maior concentração de operações em um único mês desde a retomada do mercado. Agosto, no entanto, foi o divisor de águas de 2007 com o estouro da crise das hipotecas de alto risco nos Estados Unidos.

Os reflexos estão sendo vistos agora. Em outubro, foram registrados 12 IPOs. O número é robusto, mas os banqueiros de investimento já tiveram de suar a camisa para conseguir o feito. Com a redução de liquidez, foi duro atrair os compradores estrangeiros. Em novembro, a cautela ficou ainda mais evidente e apenas duas ofertas iniciais — PanAmericano e BM&F — foram realizadas. Outras duas — Locaweb e Banestes — ingressaram com pedido de análise na CVM, juntando-se a um grupo de 26 companhias que aguardavam o aval da autarquia no fim de novembro.

“Algumas ofertas que seriam feitas este ano foram postergadas para 2008”, comenta Alfredo Kiraly, diretor do BES Investimento. A crise de confiança deixada pelo episódio com o subprime nos EUA reduziu as fontes de crédito e de liquidez para a economia mundial. Por isso, muitos emissores aguardarão pela melhora do mercado para evitar a depreciação no valor inicial de suas ações. Ainda assim, acontecimentos positivos aguardam o Brasil no próximo ano. “Falta vir o dinheiro daqueles que só poderão investir quando o investment grade for oficial”, diz Raffi Dokuzian, superintendente da corretora Banif.