A primeira imagem que vem à mente ao pensarmos nos fundos hedge é a de vorazes especuladores que movem mercados ao redor do mundo provocando, muitas vezes, sérios estragos sobre economias e sociedades. No entanto, um olhar mais atento e ideologicamente isento a respeito dessa classe de ativos mostra apenas mais uma faceta do capitalismo global. Apesar de associarmos o início dos fundos hedge a nomes como George Soros (Quantum Fund) ou Julian Robertson (Tiger Fund), famosos já na década de 90, poderíamos classificar o veículo de investimentos do próprio John Maynard Keynes como um hedge fund (ao redor de 1930). No entanto, essa atividade só floresceu, de fato, após o estouro da bolha de 2000, quando se tornou uma das poucas classes de ativos a apresentar retornos positivos. O chamado dinheiro institucional chegou com força a esse seleto grupo de administradores, e a indústria se multiplicou rapidamente.
Apesar de estarmos familiarizados com o termo hedge fund, que tal o desafio de tentar definir essa classe de ativos? A obra Inside the House of Money, de Steven Drobny, traz algumas características que a singularizam, mas a mais genérica parece também a mais adequada: hedge funds são veículos de investimento que buscam retornos absolutos elevados em qualquer lugar do planeta, em qualquer classe de ativos e em qualquer instrumento. Em outras palavras, a referência de retorno não é relativa (bater o S&P / Ibovespa ou conseguir taxa maior que o CDI), mas, sim, obter retornos médios anuais de 20% ou mais. Para tal, esses fundos acompanham milhares de ativos no mundo, buscando oportunidades para montar uma operação, cuja duração pode ser de minutos a anos.
Em vez de apresentar a visão do autor sobre a gestão desses fundos, a obra de Drobny coleciona entrevistas com 13 expoentes da indústria, selecionados de acordo com sua área de expertise. Ele ouviu desde o gestor de um family office até um trader da bolsa de commodities de Chicago, passando por especialistas em moedas, mercados emergentes, renda fixa e ações. As entrevistas não têm um formato padronizado, embora alguns temas sejam recorrentes: “como você estrutura sua estratégia e a põe em prática?”; “onde acha suas idéias para as operações?”; “como funciona sua gestão de risco?”; “qual a sua operação favorita?”; “como foi sua maior perda? ”; entre outras. Esse formato favorece discussões sobre a psicologia dos mercados, formando um interessante conjunto de “mandamentos” ligados ao comportamento dos traders de sucesso.
Embora os diferentes estilos dos entrevistados demonstrem que há mais de um caminho para a “terra prometida” dos altos retornos, alguns traços comuns também são notórios. Devido à estrutura de remuneração agressiva, esses fundos atraem os melhores talentos do mundo, e todos os entrevistados têm paixão pelo que fazem, são muito dedicados e disciplinados, além de extremamente inteligentes. Mas, a despeito de suas fortes opiniões, são também abertos a outros pontos de vista quando desafiados pelos movimentos de mercado. Todos contam experiências nas quais o mercado lhes ensinou a serem humildes. Afinal, arrogância leva a erros de julgamento e é para os que precisam se provar. Quem já chegou lá não precisa provar nada a ninguém.
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