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A crise passou?
Especialistas se dividem quanto aos efeitos do colapso do crédito subprime, mas IPOs prosseguem

 

Os recordes da Bovespa na última semana de setembro teriam sido um mero registro de que o mercado de capitais brasileiro vai “bem, obrigado”, não fosse pelo fato de surgirem enquanto o mundo ainda se recupera da catástrofe causada pelos créditos imobiliários de alto risco dos Estados Unidos — os chamados subprimes. Para alguns, a reação não passou de pura euforia, com data certa para acabar, motivada por uma verdadeira queima de estoque dos pregões no mês de agosto, quando os preços de blue chips como Petrobras e Vale despencaram. Já outros votam pela tese de que a recuperação dos ativos é duradoura, sobretudo porque a economia brasileira está sólida e cada vez mais próxima de receber o selo de investment grade. Neste instante, a pergunta que vale alguns milhões de dólares é: a crise, realmente, passou?

Para o sócio da butique de fusões e aquisições Brasilpar, Marco Serra, a resposta é não. O que preocupa, segundo o executivo, é a dificuldade de precisar o real impacto dos atrasos e da inadimplência por parte dos tomadores de crédito norte-americanos no pagamento de suas residências. E em que medida o Brasil seria afetado por isso? “A crise impacta os fundos de investimento globais, que aportam recursos nas empresas de países emergentes, financiam aquisições, geram empregos, aumentam a renda da população e aquecem a economia. Qualquer mudança em um desses fatores é capaz de desestruturar toda a equação”, afirma. Outro receio é quanto aos efeitos que a crise pode ter sobre as empresas que chegaram mais recentemente ao pregão. Ainda invictas no teste de crises econômicas, elas foram, na maioria dos casos, favorecidas em seus IPOs pelo otimismo e o excesso de liquidez que vigoraram até o alerta acionado pelo subprime.

Na opinião de Gustavo Barbeito, analista da Prosper Gestão de Recursos, as perspectivas não são ruins. Sua previsão é de que o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, evitará a recessão da economia, mantendo em nível satisfatório o fluxo de recursos estrangeiros para os países emergentes. O crescimento dos demais players ajuda a compor este cenário. “Pela primeira vez, a China deve contribuir mais para o aumento da economia mundial do que os Estados Unidos.” Hoje, há vários países com saldos positivos em conta corrente e reservas em dólar para lá de confortáveis — algo que não havia nas crises anteriores.

Bolsa à vista

A crise também não desanimou as companhias que pretendiam abrir o capital. Até o fim de setembro, havia na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 25 pedidos de ofertas de ações em análise — 22 deles registrados justamente nos fatídicos dois últimos meses.

Márcio Veríssimo, diretor de operações da MZ Consult, consultoria em Relações com Investidores com o maior número de clientes em processo de IPO, afirma que não sentiu o efeito da crise provocada pelo subprime. Ele admite que até chegou a ver uma ou outra testa se franzindo durante as reuniões que aconteciam nos dias de turbulência. “Mas nada que fizesse alguém mudar seus planos”, diz. É verdade que o fato de a crise ter acontecido em agosto — mês em que, tradicionalmente, pouco se faz emissões públicas por conta das férias nos Estados Unidos — ajudou a esconder o medo dos empresários de fazer uma emissão nesse período. Porém, bastou a folhinha do calendário ameaçar virar o mês para Satipel e SulAmérica anunciarem seus IPOs.

Roberto Vieira, sócio da Conterv, faz uma provocação a quem se impressiona com os intrépidos empresários que se lançam no mercado pós-crise, assim, tão rapidamente. Para ele, a melhor estratégia para essas ocasiões é correr antes que o tempo vire de vez. “Se alguém me pergunta se deve adiar seu plano de oferta pública, respondo que deve se apressar. Não porque o risco já passou, mas porque a situação nos Estados Unidos pode piorar ainda mais.”

Já Paulo Esteves, sócio da Capital Partners, não acha que uma empresa deva se pautar pelo sobe-e-desce do mercado quando decide abrir o capital. Em sua opinião, esperar meses para tentar acertar o melhor momento do mercado não é uma boa tática para a imagem do negócio. “As companhias devem estrear na Bovespa quando estiverem preparadas”, afirma. “Se o preço pago pelas ações naquela semana não for o almejado, passada a turbulência, o mercado vai ajustar suas projeções e a valorização virá.” (Adriana Souza Silva)


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