O sucesso está além do IPO

Neste período em que o volume de quase 70 Neste período em que o volume de quase 70 mil negócios diários na Bolsa de Valores de São Paulo já ultrapassa quase dez vezes o de nove anos atrás e tudo parece conduzir à inexorável expansão do mercado de capitais brasileiro, empresas enfileiram-se em sucessivas ofertas públicas iniciais (IPOs). 

Diante de sinais tão eloqüentes, dissemina-se entre empresas de diversos portes, setores e configurações a percepção de que aproveitar esta janela de oportunidades significa a própria sobrevivência do negócio. Nem todas, porém, têm atentado para evidências menos exuberantes, embora igualmente cruciais para seus negócios, que o próprio mercado de capitais está emitindo a respeito da necessidade de se prepararem adequadamente para a abertura de capital. Tais sinais expressam-se de várias maneiras, mas, sobretudo, nas curvas de preços das ações. Enquanto alguns papéis valorizam-se em ritmo acelerado, outros estacionam. 

Mercado valoriza empresas que se organizam para informar melhor os investidores, têm práticas de governança, treinam seus executivos e revigoram os processos de controle e contabilidade

As diferenças estão claramente associadas à trajetória seguida pelas empresas no processo de abertura de capital. O mercado valoriza as companhias que se organizam adequadamente para atender às demandas de informação dos investidores, adotam práticas de governança corporativa, treinam seus executivos para a nova realidade e revigoram os processos de controle e contabilidade. Essas iniciativas demandam tempo e especialização. Não basta simplesmente fazer uma boa figura para o IPO. É preciso ser consistente, esta é a mensagem inequívoca do mercado, para manter uma trajetória de sucesso. 

Para quem tem dúvidas sobre como separar o joio do trigo, uma boa dica é observar os benchmarks que têm sido mapeados em diversos países. São as empresas top rated pelo IR Magazine Awards, o prestigioso prêmio criado pela publicação inglesa. A partir de consulta a analistas e investidores, ela identifica as empresas e os profissionais líderes em relações com investidores nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia. No Brasil tem como parceiros a Revista RI e o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri). Na última edição brasileira, levaram as três premiações mais abrangentes a Vale do Rio Doce, na categoria large caps, a Marcopolo, na small&mid cap, e a Klabin Segall, pelo melhor desempenho em operação de IPO. 

Casos de sucesso como esses têm indicado que o mercado de capitais incorporou- se para sempre ao coração dos negócios das companhias abertas. Ao converter-se no principal instrumento para financiar a expansão, dar liquidez às ações dos controladores e fortalecer a empresa diante de seus competidores, não pode mais se dissociar do posicionamento estratégico das companhias. 

Em momentos de maior euforia como este, as companhias de capital aberto estão todas capturando os benefícios do mercado de capitais. Mas é bom lembrar que turbulências ocorrem e que, nos períodos difíceis, os investidores tornam-se mais avessos a riscos e, conseqüentemente, mais seletos na alocação de seus recursos. Os frutos então são colhidos pelas empresas mais bem preparadas e mais consistentes em sua gestão e comunicação com os investidores. 


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