A crise do mercado imobiliário ocorrida nos Estados Unidos em agosto revela como o mundo evoluiu para enfrentar os momentos críticos de instabilidade. O movimento, deflagrado pela avaliação das hipotecas utilizadas pelas famílias norte-americanas, mostra que a economia daquele país possui uma estrutura muscular rígida e capaz de assombrar — ou empolgar —, ao menor sinal de contração, os mercados de capitais de todos os continentes.
Pesquisa revela que o IFRS torna os aspectos tributários mais fáceis de serem compreendidos por organizações e investidores de diferentes países |
Houve fuga de investidores e perdas, principalmente com a desvalorização dos papéis de empresas emergentes atingidas pela debandada dos acionistas, que foram buscar segurança comprando moedas fortes. Em casos como esses, o prejuízo financeiro é sempre imediato, mas muitas lições podem ser aprendidas, sobretudo se analisarmos a forma como o mundo caminhou de maneira sistêmica na criação de padrões que levem a uma melhor avaliação das demonstrações contábeis e nas práticas de transparência.
Para se ter uma idéia melhor, basta comparar a experiência dos últimos dias com a crise dramática ocorrida na Ásia em 1997 e 1998. Há uma década praticamente, o colapso nas bolsas asiáticas foi, em grande parte, acarretado por problemas de interpretação das demonstrações contábeis dos países da região, que divergiam de práticas internacionais, tornando a sua avaliação mais difícil aos investidores.
Hoje, mesmo com a insegurança e a fuga de capital de diversas bolsas em busca de alternativas com riscos menores, é fato que a qualidade de informações fornecidas por meio das demonstrações financeiras avançou muito e, conseqüentemente, ajudou a evitar que uma contração da economia norte-americana levasse a um estágio de colapso as principais bolsas do mundo.
Um padrão contábil que forneça uma leitura única e independente para os investidores aponta para uma prática mais confortável e segura. Da mesma forma, como mostra um estudo recém-finalizado pela Deloitte, o International Financial Report Standards (IFRS) representa uma oportunidade para tornar os aspectos tributários mais fáceis de serem compreendidos por organizações ou investidores de diferentes países. A pesquisa, que tratou da importância da correta administração de informações financeiras, incluindo as contábeis e as tributárias, ouviu 20 diretores e gerentes da área tributária de empresas que compõem o FTSE 250, que engloba as principais companhias listadas na Bolsa de Londres.
Outro ponto detectado pelo estudo é a preocupação em torno dos pequenos ou cotidianos erros relacionados à gestão das informações financeiras. Os menores equívocos no campo tributário, conforme os participantes, podem culminar em impropriedades materiais e refletir diretamente nos resultados das organizações. Dessa forma, a pesquisa conclui que “um sistema contábil de caráter global pode tornar mais assertivo o cálculo dos números das empresas”, aponta Alan Macpherson, sócio da área de Consultoria Tributária da Deloitte em Londres e responsável pelo trabalho.
Seja a partir de uma avaliação sobre os momentos de instabilidade que cercaram o mercado global de ações nas últimas semanas ou da análise da opinião de executivos britânicos responsáveis por uma estrutura relevante no cotidiano das organizações, é possível concluir que o IFRS pode ser um mecanismo importante para a mitigação de instabilidades, por propiciar uma análise mais segura para os diversos públicos diretamente envolvidos no fluxo global dos mercados de capitais.
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