Em meados de julho, os olhos dos executivos de private equity (PE) estavam voltados para o Reino Unido, onde se concretizava a primeira iniciativa de auto-regulação da indústria, o Walker Code. A proposta foi elaborada por presidentes de vários fundos sob a coordenação de Sir David Walker — ex-presidente do conselho do Morgan Stanley International e do antigo órgão regulador do mercado de capitais britânico, o Securities and Investments Board. A perspectiva é de que o código funcione como uma referência para a adesão voluntária dos gestores de PE. Sua publicação em versão definitiva é esperada para novembro, quando terão sido contempladas as sugestões recebidas até o encerramento do período de audiência pública.

O documento afirma que a indústria de PE alimentou as más percepções do mercado com a sua falta de transparência. Por essa razão, sugere que os administradores passem a publicar relatórios anuais que incluam informações sobre seus principais sócios e investidores, a performance de cada um dos fundos e as taxas praticadas.

O código também sugere a nomeação de conselheiros independentes — medida que enfrenta forte resistência entre os sócios das grandes firmas de PE, que querem evitar a todo custo os conflitos de agência (entre interesses de administradores e acionistas) vividos pelas companhias listadas em bolsa. Sir David Walker ressalta que esses profissionais externos devem atuar diferentemente daqueles que participam dos conselhos de administração de empresas de capital aberto. “O foco desses profissionais deve ser o de contribuir com idéias lucrativas e experiência na condução de operações, e não o de se preocupar com balanços e sistemas de controle”, diz o mentor do projeto. Em sua opinião, a auto-regulação é a melhor medida para afastar a ameaça de leis que possam colocar em risco a eficiência do modelo de negócios do segmento.