O diabo mora nos detalhes. Esse dito popular serve como uma luva na hora de explicar quais são as causas de um dos problemas mais discutidos recentemente no mercado de capitais brasileiro: o vazamento de informações. Foi com base nessa metáfora que a CPFL realizou, no mês passado, um workshop voltado a diretores e gerentes, numa missão de mostrar que atitudes aparentemente corriqueiras são, na verdade, grandes ameaças à manutenção do sigilo de ações estratégicas. Realizado pela Global Consulting Group, o treinamento mostrou, a partir de fotos, ilustrações e relatos de casos reais, cenas do dia-a-dia dos funcionários, não só na empresa, mas no seu cotidiano em geral, em que havia riscos de um dado importante ir parar em mãos erradas.

Entre os exemplos de armadilhas, estavam as conversas pelo celular em locais públicos, como saguão de aeroporto, restaurantes, filas e até no interior de táxis. Quem nunca espiou o que estava na tela do laptop do passageiro ao lado, dentro do avião? Quantas vezes você já não encontrou um documento importante de alguém que o enviou para a impressora errada ou esqueceu a papelada lá por mais tempo do que devia? Há ainda as festas da firma, em que doses a mais daquela bebidinha inofensiva podem revelar informações de grande interesse para alguém que pretenda utilizá-la de má-fé.

A prova de que esses descuidos são reais vinha da platéia, que ria a cada situação demonstrada. “Além de conscientizar o público sobre o tema, nossa intenção foi mostrar o quanto gerenciar informações de maneira correta gera valor à companhia”, afirma José Antonio de Almeida Felippo, diretor de Relações com Investidores da CPFL. Segundo ele, a idéia é manter o workshop atualizado, promovendo mais debates sempre que houver novidades relacionadas a essa prática.