As ações preferenciais sempre reinaram absolutas quando o assunto é liquidez. Mas, aos poucos, as ordinárias avançam na conquista desse território. Estudo elaborado pela Bovespa, a pedido da Capital Aberto, revela que a participação das ONs na movimentação financeirade um grupo formado pelas 30 empresas mais negociadas da bolsa passou de 15,4% em 2003 para 26,9% em 2007 (até o fim de abril), o que representa um incremento de quase 75%. Já a participação das PNs caiu de 84,6% para 73,1% no mesmo período. O maior salto foi observado de 2004 para 2005, quando o volume financeiro anual das ordinárias passou de R$ 44,5 bilhões para mais de R$ 102 bilhões.

O movimento deve-se, em grande parte, ao Novo Mercado. Das 30 empresas selecionadas neste ano, nove têm apenas ações com direito a voto em circulação. Em 2003, somente duas das companhias selecionadas contavam com esse perfil. “Outro fator importante é o amadurecimento do investidor que, ainda de maneira incipiente, tende a dar preferência para as ordinárias”, observa Álvaro Bandeira, presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec).

O incremento das ordinárias, no entanto, nem sempre significa a perda da liquidez das preferenciais. As ONs da Petrobras movimentaram R$ 4,9 bilhões em 2003, por exemplo, e, em 2007, no acumulado até o fim de abril, foram R$ 6 bilhões. A movimentação das PNs, no mesmo intervalo, avançou de R$ 16,1 bilhões para R$ 34,5 bilhões. Na Vale do Rio Doce, o movimento seguiu a mesma tendência: ordinárias saíram de R$ 2,6 bilhões em 2003 para R$ 6,7 bilhões em 2007 e preferenciais, de R$ 6,7 bilhões para R$ 28 bilhões. “Algumas empresas têm a maior parte do free float em papéis preferenciais, e a liquidez acompanha essa característica”, esclarece Bandeira.