No fim de março, o Blackstone Group, um dos maiores gestores de ativos alternativos do mundo e provedor de serviços diversos de consultoria financeira, registrou um pedido de oferta inicial de ações (IPO) que sacudiu o mercado norte-americano. Será a mais importante abertura de capital de uma gestora de private equity (PE) feita até agora, o que permitirá não apenas conhecer melhor as finanças das empresas que atuam nesse ramo, como abrir ao público de varejo — usualmente não elegível para aplicar em PE — um acesso a essa modalidade de investimento. O IPO traz também a perspectiva de que outras grandes do segmento venham a seguir esse caminho — como, por exemplo, a Kohlberg Kravis Roberts (KKR), que, até o momento, listou em bolsa apenas os seus veículos de investimento. No Brasil, a GP Investimentos foi o primeiro e único caso de IPO de um gestor de ativos alternativos.

As expectativas do mercado atribuem um valor de US$ 40 bilhões para o grupo Blackstone — o que o elevaria ao mesmo patamar de alguns dos mais importantes bancos de investimento norte-americanos. A expectativa dos sócios é levantar US$ 4 bilhões com a oferta, que deve colocar no mercado no máximo 15% do capital. A operação irá incluir uma parcela secundária, garantindo aos dois co-fundadores embolsar cerca de US$ 400 milhões.

A oferta chamou a atenção do mercado pelas medidas adotadas para garantir que os principais sócios continuem a exercer o controle. Uma delas foi a opção por se listar como uma “partnership”, o que a exime da obrigatoriedade de ter um conselho composto em sua maioria por membros independentes ou de envolvê-los nas decisões sobre a remuneração dos executivos. Ainda assim, o IPO deve revolucionar a indústria de PE ao divulgar dados financeiros e de resultado que até então eram tratados como segredo de Estado. Outra mudança importante será em relação à capacidade de investimento do grupo. Alguns analistas acreditam que os novos recursos serão destinados à aquisição de algum banco de investimento independente.