Pesquisar
Close this search box.
Capitalismo novo
Como os "cidadãos-investidores" vêm democratizando a propriedade e alinhando as práticas corporativas aos interesses coletivos

ed43_p070-070_pag_1_img_001Em uma sociedade civil, diz-se que o poder emana do povo, que elege seus representantes para tomarem decisões e elevarem o padrão de vida da sociedade. Segundo Davis, Lukomnik e Pitt-Watson, autores de “The new capitalists”, uma silenciosa revolução na estrutura de controle das empresas vem abrindo caminho para representatividade semelhante em sua governança.

Cada vez mais, as grandes corporações mundiais têm como principais acionistas os investidores institucionais (fundos de investimento e de pensão), que, por sua vez, representam milhões de investidores. Em outras palavras, os próprios cidadãos são os donos indiretos das empresas. E esta “democratização” da propriedade corporativa tem proporcionado oportunidades antes inimagináveis para a sociedade alinhar o comportamento indomável das empresas com os objetivos econômicos, sociais e ambientais da coletividade.

A obra é estruturada em três partes e uma conclusão, ou melhor, uma “chamada à mobilização”:

• Na primeira parte, os autores apresentam os “novos capitalistas” (os próprios cidadãos) e como chegamos até a democratização da propriedade;

• Na segunda, aborda-se o relacionamento crucial entre empresa e executivos, conselho de administração e investidores institucionais;

• Na terceira, discute-se o ambiente institucional (“ecossistema capitalista”) para que este modelo de governança se desenvolva plenamente. Trata-se da informação ao mercado (padronização e processo de disseminação da informação), atuação de representantes da sociedade (organizações não governamentais e imprensa) e ambiente regulatório (segurança jurídica e institucional).

The New Capitalists: How Citizen Investors Are Reshaping the Corporate Agenda
Stephen Davis, Jon Lukomnik e David Pitt-Watson Harvard Business School Press 288 páginas Lançado em 10/2006

Os argumentos são simples: na ausência de limites (leis e regulação), as iniciativas das empresas em busca da maximização de valor podem ter sérios efeitos colaterais (econômicos, sociais e ambientais) para a sociedade. Ao mesmo tempo, o valor criado não é necessariamente canalizado para as mãos dos donos, devido a problemas de governança entre executivos e o conselho de administração. O que mudou para permitir a identificação de uma tendência? Ano após ano, as fileiras de investidores são engordadas por hordas de pequenos poupadores, sob a forma de fundos de investimento ou de pensão. Ao atingir uma certa massa crítica, este grupo de cidadãos passou a cobrar de seus gestores mais ativismo, em contraposição ao comportamento passivo que caracterizava os fundos até os anos 90.

“Na história do mundo, ninguém nunca lavou um carro alugado”, disse certa vez Lawrence Summers, ex-presidente da Universidade de Harvard. E os fundos agiam como “locatários” de ações em troca de rendimentos (“shareholders”), em vez de exercer o papel de donos (“shareowners”). Em poucas palavras, neste novo ambiente de governança que se desenha, os investidores institucionais prestam contas a seus cotistas (cidadãos-poupadores), pressionando as empresas por resultados sustentáveis através da gestão responsável, nas dimensões econômica, social e ambiental.

A despeito dos inúmeros avanços ainda necessários no mercado brasileiro, podemos identificar vários traços desta tendência. Iniciativas como a adoção voluntária de níveis diferenciados de governança na Bovespa e o ativismo de alguns fundos em ofertas públicas ou de aquisições demonstram uma mudança de atitude e compromisso por parte de importantes participantes do mercado, sejam eles acionistas, executivos ou gestores de fundos. “Uma jornada de 10.000 quilômetros começa com o primeiro passo” disse Confúcio. Se ainda não atingimos o Nirvana, certamente estamos muito menos longe dele.


Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.


Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.


Você está lendo {{count_online}} de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês

Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.

Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais


Ja é assinante? Clique aqui

mais
conteúdos

APROVEITE!

Adquira a Assinatura Superior por apenas R$ 0,90 no primeiro mês e tenha acesso ilimitado aos conteúdos no portal e no App.

Use o cupom 90centavos no carrinho.

A partir do 2º mês a parcela será de R$ 48,00.
Você pode cancelar a sua assinatura a qualquer momento.