Como diria Charles Darwin, quem não se adapta às mudanças do ambiente está fadado à extinção. Segundo Jeffrey Kleintop, autor de “Market evolution – how to profit in today´s changing financial markets”, os investidores precisam entender os efeitos da “era glacial” que se aproxima para sobreviverem (e prosperarem). A estrutura da obra é simples: estabelece o argumento (“cuidado, os mercados estão mudando!”), apresenta a metodologia básica de gestão de carteira (“aqui estão suas ferramentas”) e tece considerações sobre a melhor forma de administrar um portfolio face à nova realidade do mercado (“mãos à obra”).
Na primeira parte, o autor apresenta seus argumentos de que os impulsionadores do mercado estão mudando. Uma combinação de fatores deve levar a retornos mais tímidos (9% ao ano, para o S&P500) do que os vistos nos últimos vinte anos (15%). Basicamente, o nível do mercado acionário reflete três variáveis: o patamar de valuation (isto é, o múltiplo de mercado, registrado pelo índice preço/lucro), o crescimento dos lucros e o pagamento de dividendos. Segundo o autor, como o nível de valuation não deve mudar significativamente (o índice P/L do S&P500 deve flutuar em uma faixa entre 14 e 22) e o crescimento dos lucros dave cair de 12% (últimos 25 anos) para a média histórica de 7% ao ano, boa parte dos retornos acionários virá do aumento no pagamento de dividendos. Pode-se questionar o exercício de futurologia do autor, mas a argumentação é ricamente suportada por fatos, apresentados em uma série de gráficos com dados históricos bastante interessantes. Finalmente, o autor traça um paralelo em relação aos anos 60, levantando várias semelhanças entre o ambiente atual e aquele momento para justificar suas previsões.
A segunda parte da obra trata da teoria básica de gestão de carteiras. Sem entrar na tecnicidade da relação risco-retorno e da redução de variância dos retornos, o autor apresenta uma receita simples e poderosa de gestão de carteiras. Em primeiro lugar, é necessário estabelecer um objetivo de retorno e o perfil de risco adequado ao investidor (conservador, moderado ou inclinado ao risco). A partir daí, ele apresenta as classes de ativos (ações e renda fixa) e sugere a diversificação através de várias dimensões.
Market Evolution: How to Profit in Today’s Changing Financial Markets
Jeffrey Kleintop Wiley (editora) 214 páginas Lançado em 5/2006
Isto é, ao diversificar em ações, o investidor pode balancear estilos de ações (value stocks ou growth stocks), geografias (EUA, Europa ou mercados emergentes), tamanho da empresa (capitalização acima de US$ 10 bilhões, ou abaixo de US$ 1 bilhão), ou outras. Desta forma, os retornos de longo prazo serão preservados, ao mesmo tempo em que parte do risco é eliminado por diversificação.
Finalmente, a terceira parte apresenta os recentes desenvolvimentos do mercado e como incorporá-los à estratégia de maximização do retorno ajustado ao risco. Trata-se dos chamados ativos alternativos, a classe de investimentos que engloba private equity, fundos hedge e outras novidades mais sofisticadas. Devido à natureza contracíclica de algumas destas classes de investimentos, o autor sugere uma pequena exposição para diversificar risco e elevar retornos.
Em resumo, a obra recicla vários conceitos importantes da gestão de carteiras, sob a bandeira duvidosa de que “é chegada uma nova era”. Uma vez filtrado este argumento “vendedor”, trata-se de um trabalho útil a profissionais de mercado e investidores individuais que lidam com a desafiadora arte da gestão de carteiras.
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