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Prontas para crescer
Empresas que abriram o capital nos últimos meses traçam seus planos para usar os recursos em 2007

Adquirir um concorrente, participar de novas concessões ou até mesmo liquidar algumas dívidas. Seja qual for o projeto, as sete companhias que captaram mais de R$ 4 bilhões nos últimos dois meses na Bovespa — Abyara, Medial Saúde, Klabin Segall, Santos Brasil, Profarma, Terna Participações e Brascan Residential Properties — vão, no mínimo, romper o ano com o caixa abastecido para concretizá-lo. “Isso reflete um ambiente corporativo mais sofisticado no Brasil, e a tendência é que esse movimento se fortaleça nos próximos anos”, diz Alexandre Bettamio, diretor do banco de investimentos do UBS AG. Para saber como e quando essas companhias vão empregar os recursos levantados na bolsa, a Capital Aberto realizou entrevistas com os diretores financeiros e de RI de algumas delas. E concluiu que, se depender do mercado de capitais, está dado um primeiro passo para turbinar o tão esperado crescimento econômico nos próximos anos.

A incorporadora Klabin Segall captou R$ 344 milhões na oferta inicial de ações realizada em outubro e já gastou quase 10% desse total: R$ 11,4 milhões para quitar dívidas com bancos e R$ 20 milhões na compra de terrenos para a construção de edifícios residenciais. Para competir em um mercado extremamente concorrido — no qual dez incorporadoras grandes atuam só no eixo Rio-São Paulo — José Eurico Magno Carvalho, diretor administrativo-financeiro, sabe que ter dinheiro em caixa é essencial. Já comprou sete terrenos para construir em 2007 e 2008, em São Paulo e no Rio, e estuda a entrada em praças como Belo Horizonte, Goiânia, Distrito Federal e Porto Alegre.

De propriedade das famílias Klabin e Segall, a incorporadora tem hoje 38% do seu capital em circulação no mercado. Depois de faturar R$ 100 milhões em 2005, a projeção é alcançar uma receita de R$ 150 milhões neste ano e de R$ 260 milhões em 2007, conta Carvalho. Seu Valor Geral de Vendas (VGV), potencial de vendas no mercado imobiliário com lançamentos, somou R$ 176 milhões no ano passado e já atinge R$ 550 milhões em 2006.

ÀS COMPRAS — Uma das maiores captações desta última leva de IPOs — R$ 750 milhões — foi a da Medial Saúde, empresa de planos de saúde e dona de hospitais na Grande São Paulo e no Distrito Federal. A Medial faturou R$ 1 bilhão em 2005 e tem um plano de expansão agressivo, que envolve a construção de hospitais, como a unidade recentemente inaugurada no Distrito Federal. Entre os planos para aplicação dos recursos obtidos na oferta estão a compra de carteiras de clientes de outras operadoras de saúde e a aquisição do laboratório Indomed, na Grande São Paulo. A Medial já havia feito a proposta pelo Indomed antes do IPO e, até o fechamento desta edição, ainda aguardava resposta.

Aquisições também são o objetivo da Terna Participações S.A, transmissora de energia que levantou R$ 370 milhões no dia 27 de outubro com a oferta de novas ações. Neste caso, o plano não é comprar empresas menores no segmento, mas sim adquirir concessões nos leilões de linhas de transmissão realizados neste final de ano, conta Camille Faria, diretora administrativa financeira da companhia, que agora tem 34% do seu capital em circulação na bolsa de valores. São 13 linhas, das quais seis serão leiloadas em dezembro.

A empresa atua nos estados do Maranhão e Bahia, além do Distrito Federal. Suas três subsidiárias, a Transmissora Sudeste Nordeste S.A, a Novatrans Energia S.A e a Munirá — esta última comprada em março deste ano —, operam 2.447 quilômetros de linhas de transmissão de 500 kV. A Terna S.A é a subsidiária brasileira da italiana Rete Elettrica Nazionale SpA, que tem o capital aberto na Bolsa de Valores de Milão. Entre os acionistas da controladora estão grandes grupos italianos, como a Assicurazioni Generali SpA, maior seguradora da Itália.

“Nosso acionista majoritário viu o forte potencial de crescimento do mercado brasileiro de transmissão de energia e a possibilidade de participar desta expansão através da abertura de capital na Bovespa”, diz Camille. Segundo ela, a Terna tem interesse em comprar concorrentes, mas não revela quais estão na mira. “Vamos perseguir operações que dêem bom retorno aos acionistas. Se não aparecerem oportunidades, manteremos os recursos aplicados”, diz.

Segundo ela, o endividamento da companhia é baixo e quase todo de longo prazo — 90% dele contratado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Por isso, os novos recursos não serão utilizados para abater dívidas. A empresa também não descarta uma nova emissão de ações nos próximos anos, “dependendo da velocidade de crescimento do mercado de transmissão de energia no Brasil”. Mesmo sem nada concreto por enquanto, a Terna observa com interesse os mercados de transmissão de energia de outros países latino-americanos. Se houver boa perspectiva de expansão, o acionista italiano já decidiu que a subsidiária brasileira deverá ser o veículo para novas aquisições. No ano passado, a companhia obteve faturamento bruto de R$ 495 milhões, contra R$ 430 milhões em 2004. Para o período de julho de 2006 a junho de 2007, o faturamento esperado soma R$ 531 milhões.

NOVOS MERCADOS — E mesmo quem entrou na bolsa apenas por meio de uma oferta secundária — ou seja, sem captar recursos novos — também mostra uma agenda movimentada para os próximos anos. Um exemplo é a M. Dias Branco, indústria alimentícia do segmento de panificação que faturou R$ 1,5 bilhão em 2005 e é líder nacional, em tonelagem, na produção de biscoitos e massas. Seu principal acionista, Ivens Dias Branco, obteve R$ 361,6 milhões com a venda de suas ações em uma oferta secundária, na qual se desfez de 17% do capital. Com sede em Eusébio, próximo a Fortaleza (CE), a empresa possui um dos três maiores moinhos de trigo do País. Desde 2003, quando comprou a fabricante paulista de massas e biscoitos Adria, segue em expansão para as praças do Sul e Sudeste.

Aquisições estão nos planos da Terna Participações e da Medial Saúde, que fez a maior captação da última leva de IPOs

Segundo Geraldo Luciano Mattos Júnior, vice-presidente de investimentos e controladoria, a M. Dias Branco planeja, em 2008, adquirir ou construir um moinho próprio nas regiões Sul e Sudeste. Atualmente, possui três moinhos de farinha de trigo, todos no Nordeste. Embora venda biscoitos e massas no Sul e Sudeste, ainda não fornece farinha de trigo nestes mercados. O Sudeste concentra 42% das 52 mil panificadoras do Brasil e é o maior comprador de farinha de trigo. “As coisas caminham bem. Começamos a vender produtos da marca Richester no estado do Rio de Janeiro e os resultados têm sido positivos. Vamos levar nossas marcas fortes a todas as regiões do País”, planeja Mattos Júnior. A Richester é uma das suas marca de biscoitos mais sofisticadas.

Fundada na década de 1940 por Manuel Dias Branco, a companhia possui, além dos três moinhos no Nordeste, uma fábrica e um centro de distribuição no Rio Grande do Sul e três unidades em São Paulo. O IPO, porém, ocorreu num momento em que a rentabilidade da companhia estava em queda. De 9,5% no 3º trimestre de 2005, a margem líquida recuou para 7,5% no mesmo período deste ano. O plano é recuperar a rentabilidade no 4º trimestre com os aumentos de preços da farinha de trigo que começaram no final de setembro por conta da quebra das safras brasileiras de trigo e do aumento dos preços internacionais do grão. Segundo Mattos Júnior, a redução de margens é também resultado dos elevados investimentos realizados nos últimos anos em aumento de capacidade produtiva. “Mas, em 2007, voltaremos ao patamar histórico”, projeta. Assim como os demais diretores entrevistados, ele sabe que, de agora em diante, vai enfrentar um time de peso olhando com lupa as linhas do seu balanço.


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