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Ferramenta poderosa
É preciso que os comitês de auditoria atuem de forma eficaz e agreguem valor ao ambiente corporativo

 

Há sete anos, a PricewaterhouseCoopers alertou pela primeira vez que todas as empresas listadas em bolsa de valores deveriam ter um comitê de auditoria ou uma entidade equivalente para supervisionar, em nome do conselho de administração, os controles implementados pela gerência e a integridade das informações financeiras divulgadas ao mercado.

Muitas empresas listadas em bolsa agora os têm. Alguns países tornaram obrigatória a implementação dos comitês de auditoria e, em outros, a iniciativa tem partido das próprias empresas, com o intuito de qualificar sua governança e, com isso, melhorar os indicadores de mercado, valorizando seus títulos.

Portanto, se existem, agora, estruturas de comitês de auditoria em quase todas as grandes corporações globais, estarão essas empresas e seus investidores obtendo o máximo delas? Se existem com o único propósito de cumprir as exigências reguladoras ou obrigatórias, provavelmente não estão agregando valor suficiente aos “stakeholders”.

Analisemos o aspecto das demonstrações contábeis. A maioria dos comitês de auditoria concentra suas primeiras experiências nas discussões detalhadas das demonstrações, tanto com a gerência quanto com os auditores externos. Será que os aspectos levantados e as conclusões que resultaram dessas discussões chegaram ou deveriam chegar aos investidores?

As normas internacionais de contabilidade (International Financial Reporting Standards – IFRS), por exemplo, exigem explicações sobre os critérios de julgamento exercidos pela gerência, a saber: os exercidos no processo de aplicação das políticas contábeis que tiverem efeito significativo sobre as demonstrações financeiras, as premissas básicas sobre o futuro e outras estimativas e incertezas. A gerência divulga informações suficientes nas demonstrações contábeis sobre esses julgamentos? E qual o papel do comitê de auditoria nesse processo?

Talvez seja o momento de provocar uma discussão e análise sobre o papel dos comitês de auditoria nos relatórios anuais, de forma que, como guardiões dos interesses dos investidores, possam explicar as questões chaves da política contábil discutidas com a gerência e com os auditores e as formas de assegurar que as informações divulgadas nas demonstrações contábeis estão adequadas.

Este é um exemplo de como os comitês de auditoria poderiam melhorar sua efetividade e capacidade de agregar valor ao processo de relatórios corporativos. E existem outros.

Os profissionais da PwC vêm discutindo com freqüência as formas de melhorar a efetividade desses comitês. Nas discussões, identificamos seis aspectos que podem agilizar esse processo, baseados em exemplos de boas práticas identificadas nas maiores empresas ao redor do mundo. Esses pontos estão resumidos a seguir:

1. Elaborar planos de trabalho orientados para riscos corporativos — os comitês de auditoria ao redor do mundo diferem em seu escopo de responsabilidades e algumas empresas podem ter comitês de riscos separados. Mas, independentemente das responsabilidades específicas, a atuação do comitê será mais eficaz se ele focar nas áreas de maior risco. Quais são os riscos financeiros? Que área da corporação tem funções de controle menos efetivas? Qual é o ponto mais fraco de acordo com os conhecimentos do comitê?
2. Entender o negócio — parece óbvio, mas os membros dos comitês não podem efetuar um trabalho eficiente se não estiverem suficientemente informados sobre as operações da empresa, particularmente, em um grupo diversificado ou geograficamente espalhado. Por exemplo, se o comitê sempre realiza seus encontros na sede da empresa, está perdendo uma oportunidade. Por que não fazê-lo nas subsidiárias e encontrar-se com a gerência local?
3. Fornecer uma visão objetiva sobre os julgamentos dos relatórios — os CEOs e os CFOs fazem avaliações e julgamentos inerentemente subjetivos cada vez que uma empresa divulga informações financeiras. Como sugerido anteriormente, os comitês de auditoria têm uma função crítica a desempenhar na supervisão desse processo e no questionamento quando necessário. Assim como a consideração sobre as demonstrações contábeis anuais, o comitê deve questionar o processo implantado para preparação das informações trimestrais, bem como de outras informações divulgadas ao mercado.
4. Medir a “saúde” da cultura corporativa — muitos comitês de auditoria podem não entender como sua função está envolvida nos códigos de conduta e nas orientações éticas das organizações. No mínimo, o comitê de auditoria deveria estar interessado nas posições éticas da empresa e suas regras para a condução dos negócios, que estabelecem a conduta de todos, especialmente daqueles com o poder de tomar decisões críticas na área contábil.
5. Manter-se atualizado — o volume de leis, padrões, códigos e outros requisitos a que as empresas devem atender continua a crescer. Para as empresas que estão inscritas em múltiplos mercados em diferentes jurisdições, a tarefa de se manterem atualizadas é ainda mais onerosa. Os comitês devem considerar coletivamente quais informações são necessárias e como obtê-las. Por exemplo, muitas empresas grandes de contabilidade, de advocacia e institutos (como o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa — IBGC) proporcionam informações orientadas a conselheiros e programas regulares de informações sobre questões relevantes.
6. Avaliar o desempenho — alguns países têm códigos de governança que exigem comitês para examinar regularmente a efetividade da gestão e do próprio conselho de administração e de seus demais comitês. Mesmo que essa prática não seja requerida, é de todo recomendável. As avaliações podem ser conduzidas de várias formas: numa base formal ou menos formal, por auto-avaliação, revisão dos pares ou pelo uso de um facilitador externo. Eventuais deficiências, como, por exemplo, lacunas de conhecimento, dificuldades de acesso à gerência ou problemas na condução das reuniões, devem ser discutidas e abordadas.

Uma parte crítica da eficiência do comitê de auditoria é a comunicação. O comitê precisa relacionar- se com a diretoria corporativa, mas, igualmente, relacionar-se com o mercado. As atividades do comitê em todas essas seis áreas mencionadas podem e devem ser relatadas aos acionistas. Os investidores terão mais confiança nos resultados apresentados pela empresa se perceberem que estes são o produto de um processo efetivo de administração.

Cada uma dessas recomendações tem uma funçãochave a ser desempenhada para melhorar a eficácia dos comitês de auditoria e, assim, reduzir a probabilidade de resultados financeiros não previstos ou mal-estabelecidos. Entretanto, embora algumas empresas já estejam se orientando para as boas práticas em algumas dessas áreas, poucas o fazem de forma convincente, e menos ainda comunicam o pleno escopo das atividades dos comitês de auditoria aos mercados.

Ao mesmo tempo, é muito importante o relacionamento dos comitês com os auditores externos. Os trabalhos de auditoria tornam-se cada vez mais complexos, uma vez que a avaliação dos controles internos em seu sentido mais amplo passa a ter ainda mais relevância, permitindo que os auditores conheçam profundamente qual é o negócio do cliente e onde estão os seus principais riscos. Os comitês podem e devem utilizar os auditores, não só como fonte de conhecimento, mas também para cumprir seu papel de apoio aos acionistas.

Os comitês de auditoria são uma poderosa ferramenta. Vamos trabalhar juntos para garantir que os investidores obtenham o máximo dela.


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