A narrativa coloquial, em primeira pessoa, empresta um tom de romance às “aventuras” de Larry Livingstone no início do século 20. Nosso anti-herói (pois nenhum especulador que se preza poderia fazer o papel de herói) consiste na personificação de um lendário especulador chamado Jesse Livermore, cujas entrevistas ao autor (Edwin Lefèvre) suportam a história. No entanto, o doce aroma da ficção não impediu que esta obra se transformasse em um clássico da psicologia da especulação. Isto porque, como diz o ditado, a arte imita a vida, e a narração conquista o leitor pela riqueza das situações reais em que o protagonista se vale da leitura do mercado para operar no lado comprador ou vendedor.
Os mercados financeiros, e aqueles que fazem suas fortunas operando nele, sempre fascinaram o grande público. Não é à toa que esta obra causou furor ao ser publicada, pois tratava-se da primeira vez em que um famoso especulador contava seus ”segredos”. A despeito dos mais de 80 anos de seu lançamento, a obra é extremamente atual por tratar da psicologia humana sob um foco específico: o da compra e venda de ativos financeiros. O tema estará sempre em voga, pois todos queremos descobrir como domar nossas fraquezas para ser melhor sucedidos como investidores.
Neste sentido, os ensinamentos de Livings tone/Li – vermore parecem até pueris: aprender com erros (o preço das “lições” é cobrado à vista pelo mercado), auto-confiança e disciplina e, acima de tudo, paciência. Segundo o protagonista, não foi sua engenhosidade em identificar oportunidades de mercado que lhe trouxeram sucesso. Seu diferencial estava exatamente em ser capaz de “sentar em cima” da posição comprada ou vendida e esperar: “É fácil achar alguém que lê o mercado no início de um movimento de alta ou de baixa; o difícil é achar pessoas que ‘surfam a onda’ até o fim”. A maioria é dominada pelos sentimentos de medo ou ganância, cortando seus ganhos antes da hora e suas perdas depois da hora.
Reminiscences of a Stock Operator Edwin Lefevre Wiley, John & Sons 272 páginas Originalmente publicado em 1923 |
Outro comentário interessante sobre os diversos “players” no mercado nos leva a reflexões sobre a realidade atual: “Especuladores compram tendência; investidores compram o longo prazo”. Esta é uma das razões por que as pessoas perdem dinheiro operando no mercado. Embora se auto-intitulem “investidores”, suas fraquezas psicológicas as transformam em especuladores sem que se dêem conta. Por exemplo, elas compram ações e começam a torcer para o preço subir. A esperança é um entorpecente do qual os verdadeiros especuladores e investidores se mantêm distantes.
O ensinamento final da obra diz respeito à educação formal do especulador. Jesse Livermore teve apenas uma escola: o mercado. Ele aprendia através de seus erros e acertos, medidos em dólares, e questionava se o custo de sua “educação” como especulador não poderia ser mais moderado. No entanto, ao conquistar sua “pós graduação” em especulação, ele mesmo reconheceu: “O destino ensina através da experiência, mas não deixa de fixar o valor das lições. Ele manda a conta e pronto”. Se você pretende aprender a arte da especulação através do mercado, prepare o bolso!
Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.
Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.
User Login!
Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.
Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais
Ja é assinante? Clique aqui