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Abrir o capital vale a pena?
Quando se está convencido das vantagens e ciente das implicações, os benefícios são mensuráveis

 

Nos meus longos anos de experiência no mercado de capitais, cuja data de referência é agosto de 1958, uma pergunta clássica que recebia de muitos empresários era se abrir o capital valia a pena.

Parece uma pergunta de fácil resposta, mas na realidade não é. As considerações têm de ser feitas caso a caso e não existe uma resposta padrão.

Lembro-me bem que, nas fases áureas do mercado de ações, abrir o capital era modismo. A abordagem clássica dos empresários era ligada a questões eminentemente financeiras. A abertura do capital era considerada “dinheiro barato”.

Sempre tive uma atitude negativa em relação a esse tipo de argumentação. Muito embora não possa desconsiderar a motivação de ordem financeira para abrir o capital e ter ações negociadas em bolsa, as implicações de se ter uma pluralidade de acionistas vão muito além do custo do capital. Insistia sempre no ponto de vista de que ter acionistas junto ao público muda as características de gestão da empresa e também altera políticas que são praticadas quando se tem o capital fechado. Efetivamente, o gestor não apenas tem de dar satisfação a uma gama de acionistas, como também orientar- se para remunerar regularmente seus sócios.

Certas práticas aceitáveis em empresas fechadas não são possíveis em companhias abertas, e é preciso ter muito cuidado com a divulgação de informações. Comentários que ouvimos com freqüência de empresários sobre “como vão os negócios” precisam passar a ter respostas condizentes com o novo status da sociedade, a fim de que não surja a cobrança por divulgação de informações às quais outras pessoas ou acionistas não tiveram acesso.

Para não ficar somente nos assuntos que possam trazer implicações à gestão, vale lembrar de outros aspectos. Um deles é a motivação adicional para funcionários e diretores aumentarem a eficiência e a produtividade da empresa. A partir do momento da abertura, eles se transformam em uma verdadeira torcida organizada. Caberá a eles um empenho adicional para maximizar resultados e, consequentemente, valorizar o patrimônio. Hoje, as companhias abertas são geridas com a finalidade de maximizar valor — o que, no jargão do mercado, chama-se buscar “shareholder value”.

As boas práticas de governança corporativa atualmente exigidas pelo mercado têm efeitos positivos sob a forma como a companhia é gerida. Códigos de ética, que habitualmente fazem parte das exigências da abertura, tornam a empresa financeira e socialmente mais responsável.

Estudos recentes têm comprovado que empresas com práticas de maior transparência dentro das boas normas de governança corporativa têm recebido uma melhor apreciação de suas ações por parte dos investidores e estão mais protegidas pela adoção dessas boas práticas. Lemos matérias de companhias que abriram seu capital nos últimos dois anos e, internamente, passaram por um processo benéfico ao aperfeiçoamento da gestão.

Insisto que a abertura do capital não é uma panacéia capaz de resolver todos os problemas. No entanto, quando se está convencido das vantagens e se é capaz de entender as implicações plenas dessa nova fase, os benefícios são mensuráveis e, inclusive, podem dar liquidez parcial ao patrimônio. Se você tiver dúvidas, basta olhar, entre empresas de diferentes setores que sejam líderes de mercado, quais delas teriam atingido esse patamar se tivessem se mantido como empresas familiares fechadas.

Portanto, é sempre importante levar em consideração os objetivos estratégicos. A abertura de capital não pode ser vista como uma simples operação financeira para maximizar valores. É preciso olhar o compromisso de longo prazo com o mercado.


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