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O otimismo vem de fora
Por que os estrangeiros estão dispostos a pagar mais pelos papéis nacionais do que os próprios brasileiros?

 

Ao longo de 2005, foram ofertados R$ 16,2 bilhões em ações ao mercado brasileiro, entre colocações primárias e secundárias. Deste total, 60% foi absorvido por investidores estrangeiros ávidos por novas oportunidades de investimento. Inicialmente, em muitas dessas ofertas, os investidores brasileiros achavam positiva a entrada de novas opções de investimento, mas acreditavam que os preços estavam elevados quando comparados à média de mercado, e acabavam por desistir da compra. Uma das primeiras experiências neste sentido foi o lançamento de ações da Natura. O mercado nacional achou o preço superestimado, mas a colocação internacional foi um sucesso: desde a estréia, as ações se valorizaram 237%.

A onda de IPOs também não foi exclusividade do Brasil. Outros países emergentes experimentaram o mesmo fenômeno e atraíram investidores estrangeiros para suas companhias. Um exemplo recente é o da empresa Telecom Egypt, que começou a ser negociada em 14 de dezembro com uma emissão de US$ 890 milhões e obteve uma demanda que chegou a atingir cerca de 50 vezes a oferta.

Em 2005, além de a demanda por papéis, em alguns casos, atingir mais de oito vezes a oferta no mercado brasileiro, os papéis continuaram a se valorizar após a colocação. Apenas duas ações — Ultrapar (já listada) e Renas Maçãs (IPO) — tiveram performance negativa. Mas o que, afinal, teria ocorPor que os estrangeiros estão dispostos a pagar mais pelos papéis nacionais do que os próprios brasileiros?rido para que os estrangeiros acreditassem mais nos nossos papéis do que os próprios brasileiros?

Vários fatores agiram conjuntamente. O primeiro deles é o fato de a grande liquidez internacional ter aberto oportunidade para investimentos em mercados emergentes. Apesar da alta das bolsas brasileiras em 2005, os múltiplos Preço/Lucro do Brasil encontram-se entre os mais baixos (9,6 vezes no final de 2005) quando comparados aos de outros países emergentes, como Argentina (18,4), Índia (18,9), Turquia (16,3) e México (10,8). Os aspectos positivos macroeconômicos também reduziram drasticamente o risco país. E, por fim, um fator de grande relevância foi o peso dado à governança corporativa: ficou comprovado que o investidor está disposto a pagar mais por menor risco de governança. Um exemplo é a performance do IGC, índice de governança corporativa criado pela Bovespa que mostrou um desempenho positivo de 43,7% em 2005, contra 27,7% do Ibovespa.

Dos lançamentos efetuados em 2005, 53% das empresas entraram diretamente no Novo Mercado. Este percentual é ainda maior se considerarmos que outras empresas, apesar de não serem do Novo Mercado, ofereceram benefícios como 100% de tag along (recebimento do mesmo preço pago aos controladores na eventual venda de controle). O enquadramento no Novo Mercado, embora seja uma opção da empresa, torna-se quase compulsório quando se quer uma colocação com preço atrativo.

Como investidores de longo prazo, tentamos não nos contaminar pela grande onda de emissões e fazer uma análise criteriosa fundamentalista. Levamos em conta aspectos de crescimento, estratégicos, de mercado e de governança como pontos cruciais nesta escolha. Uma de nossas atuais dificuldades tem sido conseguir um lote dentro do requerido aos bancos colocadores. Somos investidores de longo prazo e temos posições relevantes das companhias em carteira. No entanto, em muitas dessas ofertas, ficamos frustrados por termos adquirido lotes muito inferiores ao solicitado. Nestes casos, fomos obrigados a nos desfazer das posições ou pagar prêmios no mercado para adquirir lotes adicionais.

Acreditamos que 2006 promete ser bastante ativo. Em janeiro já temos mais de dez empresas no pipeline para lançamento de novas ações. Outro aspecto a destacar é que novas opções de investimento estão surgindo em setores diferentes dos tradicionais. Entre as novas opções encontram-se segmentos como os de construção civil, mídia e agrícola, até então pouco conhecidos pelo mercado.


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