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Encontro de expectativas
Volta das ofertas de ações revela convergência de interesses entre companhias e investidores. E a aposta é que a mudança vem para ficar

 

Quando o objetivo é tratar os fatos que marcaram o mercado de capitais nos últimos dois anos há pelo menos um tema consensual: a retomada das ofertas públicas de ações. Viu-se neste período o sucesso tanto de operações primárias, com emissões de novos papéis e captação de recursos para a companhia, como das secundárias, em que sócios controladores ou fundos de private equity escolhem a bolsa de valores para se desfazer do todo ou parte de suas ações.

Os R$ 3 bilhões movimentados pelas ofertas de ações em 2005, até final de agosto, eram três vezes superiores ao volume registrado entre 1995 e 2003

Foram 13 ofertas de 2004 até agora, mais do que as 12 operações realizadas entre 1996 e 2003. Em volume financeiro, a comparação também surpreende. Os R$ 3 bilhões movimentados somente em 2005, até final de agosto, eram três vezes superiores ao registrado entre 1995 e 2003. E há mais ofertas a caminho. Nossa Caixa, Brasil Realty, Celg, Coelba e Cosan são algumas das que já anunciaram a pretensão de aterrissar no pregão.

O aprimoramento das práticas de governança corporativa e transparência por parte dos emissores e o amadurecimento dos investidores constituíram bases importantes para esta nova fase. As empresas tiveram que mostrar um nível de compromisso muito maior e, voluntariamente, dar direito de voto aos acionistas e à venda conjunta de ações em caso de transferência do controle (tag along), além de manter um percentual mínimo de ações em mercado para garantir liquidez. Ao mesmo tempo em que os investidores se animaram com a possibilidade de ganhar com empresas mais engajadas nas suas práticas de governança, os controladores viram oportunidades de dar liquidez aos seus investimentos por um preço justo. “Havia uma distância entre a expectativa dos controladores e dos investidores em relação à precificação. A melhora do cenário macro e as perspectivas positivas de resultados futuros possibilitaram que essa questão se ajustasse”, comenta Denise Pavarina, diretora de mercado de capitais do Bradesco.

A liquidez dos mercados internacionais, que manteve o interesse dos investidores estrangeiros no País, também contribuiu com o bom humor no mercado. Foram eles que sustentaram as últimas operações, abocanhando grandes fatias das ofertas. O desenvolvimento da indústria de private equity também foi oportuno e abriu oportunidades para a venda de ações via bolsa. As aberturas de capital da rede de laboratórios Diagnósticos da América (Dasa), Gol, Localiza e Submarino foram alguns exemplos de ofertas públicas que possibilitaram a saída de investidores de private equity.

Entre emissores, intermediadores e investidores, a expectativa é de que o ambiente propício às ofertas de ações se consolide. “O mercado continuará aquecido em 2006”, prevê Enrico Carbone, responsável pela área de renda variável do Santander. A perspectiva é que o investidor continue interessado em empresas com um bom histórico e essas companhias possam vislumbrar no mercado de capitais uma forma barata de captar recursos.

A crise política que se instalou no País há pouco mais de dois meses também não parece ser um obstáculo. Espera-se que as intempéries políticas não perdurem por mais muito tempo e que os fundamentos econômicos continuem se provando resistentes a elas.

No curto e médio prazo, espera-se uma participação maior das companhias de médio porte nas ofertas e consolidação da participação do investidor pessoa física. Esse é o plano da Bovespa com o lançamento do Mais, um segmento especial preparado para acolher empresas com faturamento inferior ao tradicional na bolsa, mas interessadas em ter suas ações listadas no pregão.

Para Roberto Nishikawa, diretor-presidente da Itaú Corretora, a presença de empresas com faturamentos menos polpudos será um passo fundamental para o desenvolvimento do mercado de capitais. “Daqui a uns dois anos teremos negócios de R$ 100 milhões colocados 100% no Brasil”, prevê o executivo. O aumento da demanda local por ativos de maior risco é visto como tendência na medida em que a Selic cair. Um raciocínio que vale tanto para os investidores institucionais como para as pessoas físicas. A julgar pelo otimismo que prevalece, a janela de mercado que viabilizou a retomada das emissões a partir de 2004 promete continuar aberta. E, talvez, ela não seja nem uma janela, mas um caminho que começa a ser pavimentado com a ajuda de um cenário econômico mais sólido e de um mercado mais preparado para combinar as expectativas de emissores e investidores.


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