O investidor estrangeiro não esgotou seu apetite por ações de companhias brasileiras nas últimas ofertas públicas de ações. Ao contrário, mesmo depois de abocanhar porções expressivas dos lançamentos do ano passado, eles continuam ampliando sua participação no capital em circulação (free float) das empresas.
Logo após a oferta da Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), por exemplo, realizada em abril de 2004, os investidores estrangeiros representavam dois terços do free float da companhia, que, naquela ocasião, era de 15,5%. Atualmente, o capital em circulação é de 28,9%, dos quais 85% estão em poder de estrangeiros. Na Grendene, eles já representam 71% e, na Suzano, 61,7%, segundo dados fornecidos pelas companhias à Capital Aberto (ver tabela ao lado).
Para Arthur Piotto Júnior, gerente de relações com investidores da CCR, o crescimento progressivo dos estrangeiros pode ser atribuído à visão de curto prazo dos investidores nacionais. Com o elevado custo de oportunidade dado pelas taxas de juros, eles almejam retornos rápidos e, ao atingirem suas metas, abrem uma oportunidade para os estrangeiros, que investem com horizontes de prazos mais longos. “Aqui os investidores acabam se desfazendo mais rapidamente dos papéis”, afirma Piotto. O imediatismo se acentua quando os investidores são pessoas físicas, ansiosas por um rendimento capaz de bater os fundos de renda fixa. “Os individuais são os primeiros a sair”, diz.
A queda do risco Brasil também reduz os preços dos ativos no País e motiva os investidores estrangeiros a ampliar seus investimentos. Aliada a essa oportunidade vem a perspectiva de melhoria do quadro econômico, o bom desempenho da bolsa e o incremento de liquidez das ações. “Quando essas três variáveis se juntam, a tendência é de que os investidores estrangeiros ampliem sua participação”, afirma João Pinheiro Nogueira Batista, vice-presidente executivo da Suzano Holding.
Há também a influência de uma estratégia de relações com investidores (RI) voltada ao mercado externo, que certamente contribui para atrair novos investidores internacionais, comenta Doris Wilhelm, gerente de RI da Grendene. É justamente o caso da fabricante de calçados, que direciona grande parte de suas atividades de RI para este nicho de mercado.
Preparativos para entrar na bolsa A Primav Ecorodovias, controladora das concessionárias Ecovias Caminho do Mar (PR), Ecosul Rodovias do Sul (RS) e Ecovias dos Imigrantes (SP), deu mais um passo rumo a sua abertura de capital. Em reunião do conselho de administração realizada no final do ano passado, foram aprovadas as negociações para entrada de um novo sócio na companhia. Segundo Stefano Pauciera, diretor de relações com investidores da Primav, a busca de um investidor é parte dos planos para chegar à bolsa. A estratégia é capitalizar a companhia e adquirir novos ativos antes de vir a mercado, para que a oferta de ações aconteça quando a companhia tiver um faturamento maior e puder atender aos quesitos de liquidez esperados pelos investidores. O plano é realizar uma oferta pública inicial de ações até o final deste ano. Como parte do projeto de crescimento, a Primav pretende adquirir novos trechos de rodovias a serem licitados no final do primeiro semestre. A Primav Ecorodovias já é uma empresa de capital aberto desde setembro de 2003, mas sem negociação em bolsa de valores. |
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