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De bem com os europeus
Encontro de companhias listadas no Latibex bate recorde de público e revela otimismo dos investidores com a América Latina

ed16_p028-031_pag_3_img_001Madri – A sexta edição do Foro Latibex, evento realizado pela Bolsa de Madri entre os dias 17 e 19 de novembro, mostrou que o interesse das companhias latino-americanas por investidores europeus continua em alta. E vice-versa. Com recorde de público, o fórum reuniu 60 companhias da América Latina – sendo 17 brasileiras – e um total de 800 representantes de empresas de investimento de toda a Europa, analistas, executivos das empresas listadas, assessores e veículos de comunicação. Além das conferências, foram realizadas, em paralelo, mais de 600 reuniões “one-on-one” entre investidores e analistas, um terço delas por emissoras brasileiras.

O bem-sucedido encontro entre companhias e investidores atuantes no Latibex – mercado de balcão organizado da Bolsa de Madri para negociação de ações de empresas latino-americanas – refletiu as boas perspectivas de crescimento para a América Latina apresentadas durante a conferência. Segundo Emilio Botín, presidente do Grupo Santander, a região vivencia uma “recuperação silenciosa, sem sobressaltos, possivelmente a mais sólida das últimas décadas.” Para o Brasil, Botín prevê um crescimento de 4,5% do PIB em 2004. E completa: “O presidente Lula conta com o apoio político necessário para que sejam aprovadas reformas importantes nos próximos meses. Como resultado de uma boa gestão econômica e da acertada combinação de ortodoxia macroeconômica com políticas sociais responsáveis, o Brasil encontra- se diante de um dos cenários mais favoráveis das últimas décadas”, disse em tom animador.

O diretor presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, e o vice-presidente e diretor de relações com investidores do Bradesco, José Luis Acar, também perceberam o otimismo em suas reuniões com analistas e investidores estrangeiros ao longo do evento. Segundo Acar, o Brasil continua sendo atrativo e os analistas e investidores estão interessados em saber sobre o ambiente macroeconômico e a taxa de juros, além de possibilidades de crescimento do crédito. Grued16_p028-031_pag_3_img_002bisich afirma ter percebido entre todos os seus interlocutores “uma apreciação muito positiva sobre a recuperação das economias da América Latina e do Brasil em particular.”

Recém-chegada ao Latibex, a Sadia é forte candidata a se beneficiar desse bom humor. Suas ações começaram a ser negociadas em 15 de novembro e apresentaram boa demanda desde o primeiro dia. O diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Luiz Gonzaga Murat Junior, avalia que os europeus e, particularmente, os ibéricos, vêem no Brasil um grande potencial. Ele acredita que, depois das empresas ibéricas, que fizeram grandes apostas no País nos últimos dez anos, agora é a vez de os investidores financeiros darem continuidade a este movimento.

ESTABILIDADE NÃO É SUFICIENTE – O clima bom do VI Foro Latibex, contudo, não suprimiu os alertas de que há mudanças importantes a serem feitas na região. O presidente do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA), Francisco González, estima alta de 5% para o PIB da América Latina este ano e de cerca de 3% em 2005. Avalia que a maior estabilidade da região, fruto da consolidação da democracia e de políticas macroeconômicas sensatas, está diminuindo o risco percebido pelos investidores. Mas pondera que as cifras de investimento direto estrangeiro (IED) permanecem em patamares reduzidos e que a mensagem dos investidores para a América Latina é clara: a estabilidade política e macroeconômica é uma condição necessária, mas não suficiente.” González afirma que ainda faltam reformas para melhorar os marcos regulatórios do investimento estrangeiro, bem como medidas de ordem microeconômica que fomentem a concorrência e a transparência dos mercados.

O superintendente de relações com investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla, afirma ter percebido um pouco desta inquietação nas reuniões “one-on-one”. Segundo o executivo, os investidores mostravam-se bastante interessados no novo modelo de regulamentação do setor elétrico implementado pelo governo brasileiro. “É claro que há investidores que já conhecem melhor a empresa e buscam algumas informações sobre o balanço e as perspectivas da Cemig. Mas a maioria deles concentra suas perguntas em torno do novo modelo”, afirma.

Para as companhias brasileiras que estiveram presentes no último Foro Latibex, o evento foi uma oportunidade de se fazer conhecidas no mercado financeiro europeu. Até mesmo companhias que ainda não fazem parte do Latibex decidiram participar do fórum e, sobretudo, dos encontros “one-on-one”. Banco do Brasil, Santander Banespa, Usiminas e Votorantim são exemplos de empresas que aproveitaram a oportunidade. O gerente de relações com investidores do Banco do Brasil, Marco Geovanne, conta que, durante as reuniões “one-on-one”, respondeu a muitas perguntas relacionadas à economia brasileira em geral. “Eles (os europeus) não têm muitas informações sobre o Brasil. Geralmente, ficam sabendo do que é negativo.”

Para Isac Zagury, diretor financeiro e de relações com investidores da Aracruz, eventos como o Foro Latibex fazem parte de um processo educativo. Quanto mais o investidor entende o país, a empresa, o setor, mais ele tem condições de fazer uma avaliação precisa e segura do potencial da empresa, avalia. “Este trabalho de relacionamento é fundamental para uma companhia que pretende ter investidores no exterior.”

LATIBEX VERSUS NY – Diante do otimismo em relação à recuperação econômica da América Latina, e dado que muitas das empresas com ações cotadas no Latibex movimentam volumes financeiros significativos em seus mercados de origem e, em alguns casos, também na Bolsa de Nova York, é de se perguntar por que o investidor europeu deve ignorar estas duas primeiras opções e se concentrar no mercado espanhol. O diretor de coordenação do Latibex, Jesús González Nieto, observa a vantagem de o euro ser a moeda corrente para negociação neste mercado e de os custos serem significativamente menores. Argumenta também que as operações são mais simples de serem realizadas e que existem formadores de mercado atuando para dar liquidez aos papéis.

Alguns investidores europeus parecem concordar com esta avaliação. O presidente da gestora de recursos Renta 4, Jesús Sánchez Quiñones, vê vantagens em negociar papéis listados no Latibex ao invés de ADRs na Bolsa de Nova York. Além dos custos de transação, liquidação e custódia, que são menores e iguais aos de compra e venda de ações espanholas, o acompanhamento dos títulos é mais simples, uma vez que as cotações estão em euros.

Oito brasileiras estão no principal índice do Latibex

Latibex negocia atualmente ações de 34 companhias, de sete países diferentes, o que totaliza um valor de mercado de 150 milhões de euros. Trata-se do terceiro mercado para a América Latina em termos de capitalização, ficando atrás somente da Bovespa e da Bolsa Mexicana de Valores. O índice FTSE Latibex Top, resultado de uma seleção das 15 ações com maior liquidez e valor de mercado, conta com a participação de oito empresas brasileiras atualmente: Aracruz, Bradesco, Braskem, Cemig, Vale do Rio Doce, Eletrobrás, Gerdau e Petrobras. Em reflexo ao cenário mais favorável à região, o FTSE Latibex Top acumula uma valorização de cerca de 30% nos últimos 12 meses.

O indicador comporta ainda as ações das companhias mexicanas Telmex, América Móvil, Grupo Modelo e Alfa – esta última presente em setores tão distintos quanto petroquímica, alimentos, autopeças e telecomunicações. Estão presentes também as elétricas chilenas Enersis, Endesa e a varejista D&S. Gestores de recursos espanhóis como o Barclays e o Renta 4 criaram fundos referenciados no FTSE Latibex Top.

Dentre as novidades anunciadas durante o evento está a criação do Latibex Plus. Segundo o diretor de coordenação deste mercado, Jesús González Nieto, esta ferramenta, à disposição através do site www.latibex.com, permite comparar em tempo real os preços de compra e venda disponíveis no Latibex e nas bolsas de origem de cada uma das ações do FTSE Latibex Top. A ferramenta funciona no período em que ambos os mercados que se pretende comparar estejam abertos e considera em seus cálculos os custos de operação.

Antonio Zoido, presidente da BME – Bolsas e Mercados Espanhóis, grupo que integra todos os mercados de valores e sistemas financeiros na Espanha, comemorou também o lançamento, neste ano, dos primeiros produtos derivados de um índice regional latino-americano. O Société Genérale começou a emitir “warrants” sobre o FTSE Latibex Top no mercado espanhol em abril e, na bolsa alemã, foi permitida a cotação de produtos mais complexos como os “turbo warrants” e os “discount certificates”, ambos lastreados no mesmo índice.


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