Um dos recursos mais abundantes da China é sua elevada taxa de poupança, tanto a doméstica quanto a estrangeira. A primeira cresceu de US$ 76 bilhões, em 1978, para US$ 894 bilhões em 2001. A segunda, enriquecida pelo expressivo volume de investimento estrangeiro direto – IED, em fábricas e equipamentos, já constitui mais de 70% dos fluxos de capitais que circulam pelo gigante asiático. Foram US$ 250 bilhões em toda a década de 90, com forte participação da diáspora chinesa oriunda do Japão, Taiwan e Hong Kong.
Como já dizia Roberto Campos, a China aprendeu a tratar melhor os estrangeiros que o Brasil. Ingressou no FMI em 1980 e aderiu à OMC – Organização Mundial do Comércio em 2001. Não por acaso, virou a coqueluche dos mercados nos últimos tempos, eleita pelo Goldman Sachs (ao lado do Brasil, a propósito, e da Índia) como um dos três mercados emergentes que serão destaque na próxima década.
Com olhos nesta espécie intrigante de capitalismo suave, Jonathan Story, professor de economia internacional do INSEAD – Instituto Europeu de Administração de Empresas – publicou “China: the race to market”, que acaba de ganhar sua versão em português, em tradução carente de revisão técnica, lançada pela Editora Futura com título fiel ao original. Depois de descrever a trajetória do sistema comunista para um capitalismo atuante na sociedade global, Story faz um rico relato sobre a formação dos impressionantes mercados financeiro e de capitais da China.
Em 1978, foram conferidas ao Banco Popular da China as funções de um banco central. Somente 15 anos depois, em 1993, foi criada a Comissão de Valores Mobiliários e Regulamentação (China Securities and Regulatory Commission – CSRC) que, após quatro anos, foi elevada à condição de ministério.
Com forte presença das empresas estatais (EEs), o mercado de capitais da China é altamente político, influenciado pelas participações acionárias cruzadas entre o Estado e a iniciativa privada. Hoje, tais companhias se esforçam para se tornarem ocidentais e captam poupança pública lançando ações nos mercados de Shenzen e Xangai. As EEs constituem 90% das 1.200 companhias com ações cotadas nessas duas praças.
A CSRC segue o modelo de Hong Kong. Opera com status paraestatal e ampla flexibilidade no que diz respeito a salários e pessoal. Dois tipos de ações são negociadas no mercado chinês: papéis tipo A, emitidos por EEs, e de tipo B, lançados pelas companhias estrangeiras com operações na China.
CHINA – A CORRIDA PARA O MERCADO Jonathan Story Editora Futura China – The race to market Pearson Education |
Denominadas “red chips”, as ações A são negociadas com desconto em relação aos papéis do tipo B.
O SÉCULO 21 – No último capítulo do livro, Story faz um exercício de futurologia. Considera que o ano é 2060 e que os fatos são os seguintes: o Partido Comunista Chinês foi se apagando com o tempo; a China é um pilar importante da sociedade global e nas relações com os Estados Unidos e União Européia; o mandarim é estudado em todo o mundo e a moda, os filmes, o design e as artes chinesas florescem aos quatro cantos. Story conclui assim que os chineses aprenderam com os fatos, seguindo a lógica dos Tories confirmada pelo provérbio chinês de que não importa se os gatos são pretos ou brancos, desde que eles comam os ratos. A despeito da tradução regular e do estilo pouco didático de Story, a leitura é recomendada aos que sonham em decifrar os mistérios desse gigante inigualável e suas profundas transformações econômicas.
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