Em 28 de janeiro de 1817, foi inaugurada a Praça do Comércio de Salvador, na Bahia. Era a primeira Bolsa em território brasileiro. O Rio de Janeiro, então capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, só viria a estabelecer instituição semelhante dois anos depois.
Para a época, até que não estávamos tão defasados em relação ao hemisfério norte. A New York Stock Exchange fora criada em 1792, e a construção da monumental Bolsa de Paris iniciou–se em 1807, por encomenda de Napoleão Bonaparte.
Praça do Comércio era o eufemismo português para designar uma bolsa. A sinonímia dos termos está no artigo 97 do Código Comercial Português de 1833. Vale a pena transcrever o original na grafia estranhamente curiosa daquele tempo:
97. Praça do commercio ou bolça é não só o local, mas a reunião dos commerciantes, capitaens e mestres de navios, corretores e mais pessoas empregadas no commercio. Este local e reunião é sugeito á polícia e a autoridade designada na lei.
No ano de 1811, a Coroa doou os terrenos à beira–mar para a construção dos prédios de Salvador e do Rio. Mas tanto a captação dos recursos necessários quanto a edificação do imóvel de Salvador foram entregues à iniciativa privada, representada por uma comissão de comerciantes. O numerário para o edifício da instituição carioca teve como fonte o Banco do Brasil; já a construção ficou a cargo de uma repartição pública, a Real Junta de Comércio e Navegação. Essas diferenças de estirpe dos responsáveis pelas obras explicam por que a Bolsa baiana pôde ser inaugurada antes da congênere carioca.
O projeto e a construção do edifício de três andares e linha clássica da Bolsa de Salvador levaram a assinatura do arquiteto e engenheiro militar Cosme Damião da Cunha Fidié. O pórtico central segue o estilo quinhentista conhecido como palladiano, originado nos trabalhos do arquiteto italiano Andrea Palladio. Mas as janelas e as portas, com caixilhos losangulares, são de uso tipicamente baiano. O imóvel sobrevive conservado em Salvador e é conhecido como Palácio da Associação Comercial da Bahia.
A primeira sede da Bolsa do Rio também foi preservada em frente à Igreja da Candelária, no centro da cidade. A amplidão de seu piso térreo remonta às funções primordiais. É, claramente, o “floor” de uma bolsa. Abriga, hoje, uma instituição cultural, a Casa França–Brasil. Trata–se de uma construção neoclássica cujos projeto e execução foram obra do arquiteto francês Grandjean de Montigny, membro da célebre Missão Artística Francesa, chegada ao Brasil em 1817, ainda durante o reinado de D. João VI.
Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.
Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.
User Login!
Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.
Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais
Ja é assinante? Clique aqui