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Aprenda a fazer marketing
Quer algumas dicas para montar a sua área de RI? Encontre bons benchmarks, capriche nas viagens de relacionamento e, claro, estude muito bem o seu produto

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O mercado de capitais, robusto e sedutor depois das sucessivas e bilionárias ofertas de ações, pode ter dado um alerta sutil ou, até mesmo, um sopro de cobiça para as empresas que querem crescer ao sinalizar uma perspectiva de dinheiro fácil. Parece tentador ter a oportunidade de encher o caixa da noite para o dia com a venda de um punhado de ações. Mas, num cenário ideal, abrir o capital significa dedicar-se a um trabalho paciente, detalhista e, muitas vezes, exaustivo. Afinal, não é nada simples incutir a cultura de uma companhia aberta em uma empresa que sempre viveu da porta para dentro.

, Aprenda a fazer marketing, Capital AbertoA premissa básica de uma companhia que deseja ser listada em bolsa é a criação de uma área de RI consistente, formada por profissionais que entendam profundamente do assunto e tenham habilidade para trocar conhecimentos com a equipe, além de uma visão total do negócio. “Tem de seguir a mesma vertente do marketing, porque uma empresa é ela mais os seus produtos, assim como um shopping é ele e suas lojas.”

Para muitos, isso pode não passar de um sonho, principalmente em tempos de escassez de profissionais especializados em RI. Mas quem sentencia com rigor a teoria acima é José Marcos Treiger, que tem no currículo a passagem pela área de RI de importantes companhias, a exemplo de Aracruz, Braskem e CSN. Agora, ele está incumbido de montar uma área de RI totalmente do zero, em uma empresa ainda fechada e com planos de abrir o capital — a geradora de energia Multiner. E não é a primeira vez que ele constrói uma área de RI. Na Braskem, recém-criada à época, a proposta era semelhante (veja matéria na página 14).

Antes do “debut” na seara das S.As, Treiger observa que é preciso lançar mão da velha e boa máxima de arrumar a casa. “Não dá para entender de números e não saber direito o que a empresa faz, como e onde produz, quais os custos e o setor em que está inserida.” A sala de visitas bem decorada e aconchegante, nesse caso, vira sinônimo de um bem elaborado website. Ele será a porta de entrada da empresa e deverá estar recheado de informações sobre a companhia e o setor no qual está inserida. Algo consistente e capaz de saciar a sede de informações do visitante.

Para o executivo, criar uma área de RI demanda requisitos básicos, e um deles é o apoio incondicional do presidente da empresa. “O CEO, em conjunto com a diretoria, tem um papel fundamental”, diz. A presença do presidente em peregrinações missionárias mundo afora — em busca de investidor ou não, a exemplo dos non-deal road shows — dá um verniz nas apresentações e reforça o propósito de relacionamento da empresa com os acionistas e com o mercado. Quando esteve na Braskem, em 2002, Treiger bateu o pé para que as equipes não fossem divididas nos roads shows, o que garantiria a presença do presidente, José Carlos Grubisich, em todas as reuniões. “Eram muitos países em poucos dias e ter apenas uma equipe tornava a viagem mais cansativa para todos, mas foi uma decisão certeira”, recorda. “Não dá para justificar ao investidor por que o presidente foi para as viagens da Europa e não para as dos Estados Unidos.”

E como montar uma logística eficiente para cumprir a agenda com compromissos tão apertados? Foi aí que Treiger teve outra idéia: alugar dois jatinhos, um para Europa e outro para os Estados Unidos. Em ambos os casos, além dos aviões, a operação em terra firme estava devidamente amparada por dois motoristas que os esperam em cada desembarque para o deslocamento nas cidades. “Teve um dia em que amanhecemos em Paris, fomos para Genebra, passamos por Milão e dormimos em Lisboa”, recorda. “Não podíamos correr o risco de perder a conexão de um vôo, para não comprometer a apresentação seguinte.” Nesse périplo, cinco executivos da Braskem — incluindo o presidente — ficaram três semanas fora do País. Em situações assim, que exigem dedicação “full time” e viagens sem fim, Treiger percebeu outra peça importante na construção de uma equipe: as pessoas precisam estar em sintonia afinada. Nessa jornada cansativa, pode-se, muitas vezes, descobrir outras vocações dos seus executivos. O próprio Treiger se revelou exímio contador de piadas. É o que ele conta, rindo de si mesmo.

VIDA DE EMBAIXADOR — Selecionar quem são os benchmarkings nacionais e estrangeiros também tem valor precioso, na opinião de Treiger. “Visitamos diversas empresas para entender como elas operavam.” Uma delas foi a Cemex, espécie de Votorantim mexicana. Trata-se da terceira maior fabricante de cimentos do mundo. Foi fundada em 1906, opera em mais de 50 países e exibe vendas globais que superam US$ 20 bilhões por ano. Mas o que mais o impressionou, até hoje, foi uma visita à Fidelity, uma das maiores gestoras de fundos do mundo. “A sala de espera é mais lotada do que consultório médico, com a diferença de que ali estão em pé, junto com você, os presidentes das empresas mais importantes do mundo”, diz. Detalhe: todos esperando para falar com um jovem com pouco mais de 30 anos, como é comum no mercado financeiro.  “Você tem de ser um embaixador algumas vezes”, receita.

Na Aracruz, Treiger também ajudou a executar um trabalho pioneiro. Montou a primeira área internacional de RI de uma empresa brasileira, logo após o lancamento de ADRs na bolsa de Nova York, em 1992. Naquele ano, a fabricante de papel e celulose precisava de caixa para cumprir obrigações de curto prazo e fez uma captação de US$ 300 milhões em Wall Street. “Foi um caso emblemático”, reforça esse engenheiro de formação, marqueteiro por convicção e um apaixonado por química. Treiger passou anos tentando colocar efetivamente de pé o projeto de energia nuclear brasileiro, cujas usinas ficaram conhecidas pelo nome que aglutina um dos mais belos balneários do Brasil com algarismos romanos – Angra I, Angra II e Angra III. Da década que esteve por lá, brigou pela energia alternativa até se desmotivar. Buscou abrigo seguro e, para sua surpresa, caiu na chique cadeia de joalheiras H.Stern. Sua verdadeira vocação, contudo, só surgiu anos depois, justamente na área de RI.
Recém-saído da CSN, a siderúrgica de Benjamin Steinbruch, em que esteve por duas vezes, Treiger está na Multiner desde março. A companhia de energia já entrou com pedido de registro de companhia aberta na CVM. Assim como se verte um rio na construção de uma usina hidrelétrica, Treiger prefere direcionar o assunto para outro lado, quando perguntado sobre a Multiner. Cuidadoso, ele não quer se expor a qualquer possibilidade de sanção da CVM devido à oferta de ações que está por vir. Sua preferência é por falar de algo que ele conhece bem: montar, reestruturar, ou simplesmente tocar uma área de RI.


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