Pesquisar
Close this search box.
Adeus à gestão familiar
Com data marcada para a segunda geração sair do comando, Weg busca novas aquisições

, Adeus à gestão familiar, Capital AbertoA fabricante de motores elétricos Weg guarda em seu nome a memória de seus fundadores. São as iniciais de Werner Voigt, Eggon João da Silva e Geraldo Werninghaus, que iniciaram a empresa na cidade de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, em 1961. No que depender deles — e de seus descendentes — haverá poucas lembranças além dessa no dia-a-dia da empresa. Hoje, a Weg é gerida pela segunda geração das famílias fundadoras, mas isso tem hora para acabar.

Décio da Silva, filho de Eggon e principal executivo, já anunciou que vai deixar o cargo no fim do ano. “A Weg vai iniciar 2008 com um novo executivo na presidência, alguém que não pertence às famílias dos fundadores”, diz Alidor Lueders, diretor de Relações com Investidores. “A participação da família deverá privilegiar o conselho de administração.”

Cada uma das famílias deverá ter um representante no conselho, que vai fiscalizar de perto os números da companhia, mas deverá ter uma participação limitada nas decisões operacionais. Essa mudança vai ao encontro do que os profissionais de mercado recomendam para as empresas abertas de origem familiar que querem manter-se em atividade ao longo de várias gerações. Como a perspicácia do fundador não necessariamente é transmitida geneticamente aos herdeiros, o melhor é profissionalizar a gestão do negócio e garantir sua permanência.

Essa foi a principal justificativa para as recentes modificações societárias na Weg, que ficou em segundo lugar entre as Melhores Companhias para o Acionista na categoria de valor de mercado entre R$ 5 bilhões e R$ 15 bilhões. A empresa abriu seu capital em 1971, no bojo da euforia do mercado acionário brasileiro em tempos de milagre. Seus papéis eram considerados pelos analistas uma das típicas “ações de viúva”, aquelas empresas de crescimento lento mas sem sobressaltos, que traziam poucos sustos no balanço e eram boas pagadoras de dividendos. Recentemente, porém, a Weg mudou parcialmente seu perfil na bolsa. Continua cautelosa em suas aquisições e capricha na hora de dividir os lucros com os acionistas, mas tornou-se mais presente no mercado.

Boa parte dessa preparação foi garantindo transparência para os dados da empresa, que obteve nota 8,0 na pontuação geral no quesito governança corporativa. Isso facilitou o aumento da liquidez dos papéis, hoje distribuídos entre 8 mil acionistas. O número de sócios internacionais também cresceu. Em 2004, apenas cinco fundos de investimento estrangeiros tinham ações da empresa. Hoje, são cerca de 150.

A Weg fez uma grande oferta de ações em 2004 e, em junho de 2007, migrou para o Novo Mercado — segmento de negociação que exige transparência e governança corporativa elevadas. Tudo para garantir a perpetuidade da empresa. “Os sócios concluíram que ter ações líquidas e bem valorizadas era uma excelente maneira de conciliar os interesses dos acionistas familiares”, diz Lueders. “Estamos preparando a empresa para a terceira geração, em que os herdeiros poderão optar por serem apenas sócios capitalistas, sem participação da gestão.”

Não é uma questão trivial. O pior que pode acontecer com uma companhia familiar tradicional é ter herdeiros insatisfeitos financeiramente querendo melhorar suas contas bancárias por meio de empregos na companhia. Com o passar do tempo e a sucessão de gerações, cresce o espaço para as divergências, e não é preciso muito para as fotos migrarem da coluna social para as páginas policiais. Daí a importância de garantir boas alternativas a todos, inclusive a possibilidade de transformar sua participação em dinheiro. Foi o que fez a Weg. “A venda em bloco em 2004 incluiu tanto ações em tesouraria quanto algumas participações de acionistas minoritários”, conta Lueders.

Para conseguir bons preços para seus papéis, a Weg não apenas aposta na transparência, como paga atraentes dividendos. Por isso mesmo a nota mais alta da companhia foi no item Total Shareholder Return, que mede a remuneração do acionista incluindo a valorização das ações e os dividendos distribuídos. A Weg registrou uma valorização de 93,5% neste quesito, o que garantiu nota 9,38 no ranking da categoria.

A fatia do lucro distribuída aos acionistas tem superado o mínimo regulamentar de 25% nos últimos oito anos, diz Lueders. A empresa pagou, segundo o diretor, 35% do lucro como proventos em 1999, percentual que evoluiu gradativamente para 45% em 2006. “Podemos fazer isso porque temos uma sólida base de capital e bastante dinheiro em caixa”, afirma.

A Weg tinha cerca de R$ 350 milhões em caixa no fim do ano passado, mais do que o suficiente para custear as operações e fazer uma ou outra pequena aquisição. Nada grande. “Preferimos comprar empresas pequenas, cuja tecnologia ou o nicho de atuação sejam interessantes, e incorporar esses conhecimentos ao nosso negócio.”


Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.


Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.


Você está lendo {{count_online}} de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês

Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.

Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais


Ja é assinante? Clique aqui

mais
conteúdos

APROVEITE!

Adquira a Assinatura Superior por apenas R$ 0,90 no primeiro mês e tenha acesso ilimitado aos conteúdos no portal e no App.

Use o cupom 90centavos no carrinho.

A partir do 2º mês a parcela será de R$ 48,00.
Você pode cancelar a sua assinatura a qualquer momento.