Após um primeiro trimestre positivo, as construtoras reportaram novamente bons resultados no período de março a junho. Enquanto Cyrela cresceu forte e Eztec melhorou os números, as companhias que atuam no segmento de moradias populares e relacionadas ao Minha Casa Minha Vida como MRV, Tenda e Direcional apresentaram bons resultados de vendas, mas algumas sofrem com pressões no lucro.
A Cyrela, destaque na alta renda, teve resultados acima das expectativas no segundo trimestre, com uma receita líquida de R$ 449 milhões e um lucro líquido de R$ 412 milhões. Ajustado pela venda das ações da Cury, o lucro recorrente foi de R$ 352 milhões. “A receita ficou 7% acima das nossas expectativas e, combinada com despesas menores do que o previsto e uma forte recuperação patrimonial, levou o lucro líquido 14% acima da nossa estimativa”, comentam os analistas da equipe imobiliária do Itaú BBA.
Já a Eztec reportou um conjunto de resultados melhorados, com lucro líquido ligeiramente acima do consenso, de 10%, que totalizou R$ 89 milhões, resultando em um crescimento de 18% em relação ao ano anterior e 56% em relação ao trimestre anterior. “Este desempenho foi impulsionado por fortes receitas, refletindo sólidas vendas de unidades prontas em estoque no trimestre”, apontam os analistas do BBA.
Já na baixa renda, embora tenham apresentado bons resultados, as margens continuam no radar. A MRV&Co, que lidera o segmento, teve uma receita acima das estimativas compensada pela contínua pressão sobre o lucro líquido, segundo analistas da XP. A companhia teve prejuízo consolidado de R$ 71,3 milhões no período, devido a efeitos de operações financeiras e outros efeitos não recorrentes, que em termos ajustados, resulta em lucro líquido de R$ 29,3 milhões.
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“Observamos fortes vendas líquidas e produção sólida impulsionando o crescimento da receita acima do esperado (+14% na base anual e +7% contra a expectativa dos analistas da XP); margem bruta melhorando para 26,4% (+4,3 p.p. na base anual e +50bps contra a expectativa da casa), dado que a margem bruta da MRV aumentou 3,9 p.p. ano a ano. A Luggo (subsidiária da MRV) representando 7% do lucro bruto com 32% de margem bruta ano a ano, e; lucro líquido ajustado de R$ 29 milhões (acima de nossas estimativas de R$ 18 milhões)”, comentam Ygor Altero e Ruan Argenton em relatório.
Para os analistas, a construtora apresentou resultados levemente positivos em função de um sólido desempenho operacional, crescimento positivo da receita e uma margem bruta que continua em recuperação, mas continuam vendo um lucro líquido fraco tanto da MRV Inc, afetada por altas despesas financeiras, quanto da Resia, subsidiaria que atua nos Estados Unidos, impactada por um cenário ainda incerto para as vendas do portfólio nos EUA.
De forma geral, para Enrico Cozzolino, sócio e head de análise da Levante Investimentos, as construtoras vieram bem, tanto baixa quanto alta renda tiveram uma temporada de resultados interessantes até aqui, com recuperação de margens, margens brutas, e em todas elas encontramos um múltiplo baixo. “Se olharmos para valor de mercado, para aquilo que tem balanço, em terreno, Land Bank, eu destaco a Cyrela, algo que, no relativo, quando vemos a valorização da ação, é muito forte, num cenário que mudou um pouco do início do ano. Tinha expectativa de cortes de juros de uma forma mais intensa, que beneficiaria o setor, algo que não veio, seis meses depois, uma mudança do discurso”, diz Cozzolino. “Mas acho que os resultados fortes e setoriais mostram que nenhum impacto do juro elevado ainda, em perspectiva, comparado ao início do ano, tende a impactar negativamente os resultados, porque temos, obviamente, potencial de valorização, melhora na gestão e margens no total.”
Enquanto isso, a Direcional registrou resultados robustos no 2º trimestre, em linha com as estimativas dos analistas da XP, devido a vendas líquidas robustas (que tiveram crescimento de 72% na base de comparação anual) impulsionando o forte crescimento da receita (alta de 39% na comparação anual) e expansão da margem bruta para 35,8% (elevação de 2,0 p.p. em relação ao mesmo período de 2023) favorecida pela robusta margem REF nos últimos trimestres.
“Na baixa renda a gente vê, no caso da Direcional, o Minha Casa Minha Vida forte, e a companhia conseguindo entregar estoque, obra. De pressão negativa, que vale a atenção das construtoras, é o insumo, o custo da matéria-prima, com pressão cambial, com aumento de custos, que é um fator sensível para resultados futuros, um ponto de atenção que não é inerente do negócio, mas é algo que ela sofre indiretamente, sem ter muito controle, comenta o analista da Levante. “A própria alta de juros, o cenário de inflação controlada, ainda que com essa volatilidade do curto prazo também.”
A Tenda, por sua vez, relatou um bom 2º trimestre, acima das expectativas do Bank of America (BofA) e do Itaú BBA, com uma recuperação da margem bruta auxiliada por provisões parcialmente compensadas por despesas mais altas. O lucro líquido foi de R$ 4,5 milhões, com Margem Líquida de 0,6% no período. Excluindo o efeito do equity swap, o resultado é de R$ 22 milhões. O resultado foi apoiado por margens melhores, após a companhia ter quebrado no 1º trimestre de 2024 uma sequência de 9 resultados trimestrais no vermelho. “A margem bruta melhorou para 27,3%, aumento de 270 bps em relação ao trimestre anterior e 187 bps acima do esperado, indicando que a recuperação está progredindo conforme planejado”, dizem os analistas do BBA, em relatório. Também houve uma melhora na margem de resultados a apropriar, que atingiu 35,9% alta de 4,5 p.p. na comparação anual.
Segundo Cozzolino, da Levante, por mais que ainda tenha um juro alto, o endividamento das famílias melhorou, o emprego melhora, e consequentemente a inadimplência também, favorecendo as construtoras como MRV, Tenda e Direcional. “Do lado micro, as companhias entregam bom resultado, melhora de margem, atenção de custos e ainda em preços de tela, olhando para o potencial, seja na média renda, alta renda ou baixa renda, tem valorização para acontecer no geral, os resultados vieram positivos”, finaliza o analista.
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