A confiança e a credibilidade sempre estiveram na base do trabalho de apuração e divulgação de informações financeiras das organizações. Com o decorrer do tempo, a tecnologia veio contribuir para a qualidade e a agilidade desse trabalho, sendo incorporada de forma gradual. Porém, com a intensificação do ritmo das evoluções tecnológicas, o trabalho do auditor e dos demais profissionais envolvidos na preparação das demonstrações financeiras passa por um momento de verdadeira disruptura, tornando-se uma atividade cada vez mais direcionada por dados.
Há uma expectativa de que os auditores incorporem inteligência de negócios e tecnologias a suas obrigações regulamentadas — para irem além das análises retroativas de demonstrações financeiras —, bem como um consenso em torno da ideia de que os profissionais da área precisam avançar no mapeamento criterioso das mudanças dos cenários econômico e corporativo. A essa nova demanda atribuiu-se qualidades que o mercado convencionou chamar de “5 Is”: inteligente, intuitivo, informado, integrado e insightful (esclarecedor, em livre tradução). O tópico “inteligente” (ferramentas e tecnologia levam a experiência da auditoria a um patamar mais elevado) está puramente conectado ao fato de a tecnologia ser cada vez mais presente na rotina dos auditores.
A capacidade de se lidar com temas exteriores ao escopo da auditoria tradicional ganhará importância conforme o auditor reconfigurar sua atuação. E, nesse percurso, a inovação está ligada à transformação gerada pela tecnologia, incluindo a incorporação de algumas práticas, como a identificação de tendências de mercado, a avaliação de riscos, a segurança na área de tecnologia da informação, a análise avançada de dados (analytics), as novas ferramentas dinâmicas de apresentação (dashboards) e até mesmo o emprego de inteligência artificial. A aplicação do conceito de analytics ao trabalho dos auditores, por exemplo, permite uma amostragem mais qualificada das informações (financeiras ou não) a serem analisadas. Será possível usar o extenso banco de dados da empresa para fazer previsões, apontar tendências e criar expectativas que possam ser comparadas com os números apresentados nas demonstrações financeiras. Tudo isso em tempo real.
Esses são recursos que já transformaram numerosas práticas e mercados. A perspectiva é de que sejam também empregados a favor da auditoria e da preparação de demonstrações financeiras. Assim, a transformação digital e tecnológica tem se mostrado uma aliada de relevância para que a prática de auditoria evolua, incorporando a inovação para transcender seu papel tradicional e atender às expectativas de um mercado cada vez mais dinâmico e integrado via redes globais.
Quanto mais complexa for a estrutura de produtos e serviços oferecidos pelas empresas, mais complexa será a estrutura de tecnologia para atender a esse novo requerimento. Soluções para cálculo automatizado das perdas esperadas serão necessárias para as grandes organizações, adaptadas ao porte e à complexidade de cada uma.
Nenhuma evolução irá ocorrer, portanto, sem se considerar as inovações tecnológicas. Elas têm papel fundamental na construção desse novo perfil do auditor.
*Por Emerson Ferreira, sócio da área de Auditoria da Deloitte responsável pelo Audit Innovation no Brasil
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