Já faz algum tempo, dois termos que guardavam pouca relação entre si passaram a ser ouvidos lado a lado com frequência no ambiente de negócios: ativismo e mercado de capitais. A crise internacional, que desde 2008 provoca turbulências e frequentes quedas nos mercados acionários, estimula os investidores a adotar uma nova postura.
Mais assertivos e atuantes, eles agora não se contentam em acompanhar os números, o desempenho e as estratégias já definidas das empresas nas quais aplicam recursos financeiros. Esse novo perfil de investidor quer, além de dados e informações para monitoramento e fiscalização da operação, participação efetiva e capacidade de influência sobre os rumos do negócio.
O maior engajamento é visto como um movimento natural e positivo, acompanhado de uma tendência internacional de aperfeiçoamento das práticas de governança corporativa. Pelo lado das empresas, contudo, é necessário muito preparo para a adaptação a essa nova realidade. As áreas de relações com investidores (RIs) e os conselhos de administração – interlocutores naturais de acionistas sedentos por maior protagonismo – são as estruturas mais expostas nesse contexto, e devem estar bem ajustadas para fazer frente às novidades.
Na avaliação de Bruce Mescher, sócio da área de Auditoria da Deloitte, os profissionais de RI e dos conselhos de administração devem puxar a fila na hora de desenvolver ações, formas e instrumentos adequados de atendimento a um público cada vez mais exigente e sofisticado em suas demandas.
“Esse ainda é um fenômeno relativamente novo no Brasil”, afirma Mescher. “Para lidar bem com o ativismo, é preciso construir estratégias que levem em conta os diferentes níveis de engajamento, os objetivos e a atuação dos investidores, assim como é importante saber se eles têm horizonte de longo ou curto prazo. Esse trabalho requer uma permanente interação entre o RI e os componentes do conselho de administração”, acrescenta.
Ativistas não vêm com manual de instruções. Há, no entanto, aspectos da governança corporativa que podem ser aprimorados para que o diálogo e a relação com esses investidores sejam saudáveis e construtivos. Nesse sentido, há a necessidade de se entender profundamente a base acionária da empresa. Conhecendo os investidores que compõem essa estrutura (quem são, seu histórico de atuação nas organizações e o que pretendem), as empresas podem montar estratégias e respostas preventivas para possíveis investidas ativistas.
O ativismo, considerado aqui como a busca por maior participação na vida da empresa (algo que pode ser praticado quando, por exemplo, se indica componentes para os conselhos fiscal e de administração), ainda é visto com uma dose de estranhamento por muitas organizações.
O recomendável, no entanto, é que se altere essa percepção. Com numerosos investidores detentores de suas ações, as companhias de capital aberto podem, se souberem interpretar adequadamente o que pretendem seus acionistas, aprender muito, avançando em governança e, com isso, no tratamento a ativistas.
Confira o estudo completo neste link.
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