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Excesso de dívidas: onde está o erro?

O Brasil, a despeito da crise europeia e de uma inflação alta que ameaça o crescimento sustentável, tem atraído investimentos, mantido um mercado de trabalho aquecido e visto crescer a renda e o consumo de suas famílias. Ainda assim, algumas companhias nacionais têm enfrentado dificuldades financeiras e problemas para renegociar suas dívidas. O que estaria por trás desse desempenho negativo? As explicações podem ser variadas, porém, na nossa visão, a elaboração de um planejamento financeiro claro e robusto poderia melhorar o posicionamento das empresas ante as oscilações do mercado.

Em geral, a estratégia financeira deve estar alinhada — por meio de flexibilidade adequada — com o plano de negócios da companhia. A dinâmica para sua elaboração passa pelo levantamento das necessidades de caixa para os próximos anos e a definição do nível apropriado de endividamento. Se, por um lado, a necessidade de caixa será associada à escolha dos negócios em que a empresa irá atuar, à alocação dos recursos e às aquisições, por outro, o nível conveniente de endividamento será função do fluxo de caixa projetado da empresa e de sua estratégia corporativa.

Entretanto, poucas companhias levam em conta a variabilidade do fluxo de caixa projetado na definição da estratégia financeira. A abordagem tradicional, baseada em modelos de negócio estáticos, não considera o risco associado à realização do fluxo de caixa projetado e, portanto, ignora as possíveis oscilações do mercado. Consequentemente, estratégias financeiras definidas de acordo com essa abordagem tornam–se altamente vulneráveis à ocorrência de eventos não planejados.

A questão que surge é: como as incertezas das premissas podem ser incorporadas nas projeções de fluxo de caixa da empresa?

Um dos métodos utilizados para responder a essa pergunta é a análise de cenários construídos segundo uma combinação de fatores. Normalmente, são considerados três tipos de cenários: mais provável, otimista, e pessimista. No mais provável, consideram–se as premissas do plano de negócio estático; no otimista, espera–se que tudo ocorra de forma perfeita; e, no pessimista, estima–se o fluxo de caixa supondo que tudo ocorra da pior maneira possível para a empresa. Apesar de ser limitado em termos do número de simulações, esse método fornece uma estimativa razoável do intervalo provável de ocorrência do fluxo de caixa.

Um outro procedimento de análise, mais abrangente, conhecido como análise dinâmica, consiste em simular centenas ou milhares de cenários, permitindo que se tenha uma avaliação mais consistente do fluxo de caixa projetado. O resultado obtido não é um número, e sim uma distribuição de ocorrências, sendo o risco medido pela variabilidade do fluxo de caixa. Desse modo, é possível obter informações cruciais para o desenho da estratégia financeira e a análise de suas consequências. Por exemplo, pode ser analisada a probabilidade de a companhia atingir um nível preestabelecido de cobertura da dívida ou estimado o nível mínimo de caixa operacional que reduz o risco de a empresa não cumprir o cronograma de dividendos planejado.

A aplicação de modelos dinâmicos na elaboração do planejamento financeiro é uma prática que não somente fundamenta a tomada de decisão, mas também permite compreender, de forma mais abrangente, o impacto da política financeira no resultado futuro da companhia. O entendimento da volatilidade das diferentes variáveis que impactam o negócio permite à empresa definir qual a melhor flexibilidade financeira para enfrentar eventos inesperados.


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